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quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as consequências da vida adulta. Mas o blog é o meu xodó e bateu uma vontade de aparecer, e aqui estou eu. Hoje é meu aniversário e sabe aquela sensação de que você não se encaixa em nenhum grupo social? Pois é exatamente o que estou sentido. Sou jovem pra ser velha e velha pra ser jovem, já falei sobre isso aqui, só que agora com alguns aninhos a mais.

"Tenho medos bobos e coragens absurdas." (Arquivo pessoal)

A sociedade impõe expectativas e padrões que valorizam a juventude. O etarismo tenta massacrar a nossa existência, como se não tivéssemos o direito a continuar viva, ser feliz e realizada. Sinceramente, eu gosto da mulher que me tornei, tenho orgulho de mim. Sei que estou “amadurecendo”, mas o contrário disso seria?... Importante é ter saúde física e mental. Os efeitos do tempo são reais, mas as experiências acumuladas e a vontade de viver o desconhecido e ser surpreendida por ele seguem intactas.

Grupo social é um conjunto de pessoas que se relacionam de forma estável, com objetivos e interesses em comum. O meu sentimento é que, quando estou num grupo de pessoas mais jovens, os assuntos não batem, eles são mais eufóricos e imediatistas; já quando as pessoas têm mais idade que eu, tenho receio de não atingir a profundidade necessária em qualquer assunto abordado. São apenas sensações! Bom mesmo é quando a gente se sente pertencente, falando a mesma língua que os demais.

Faço terapia há alguns anos e isso me fez olhar com mais carinho para mim, melhorar a autoestima e trabalhar as inseguranças. Quando olho para a Márcia do passado e lembro-me das inquietudes que tinha, sinto vontade de abraçá-la e garantir que vai fica tudo bem e de fato, está tudo bem. Uma lição que ainda estou aprendendo é lidar com a culpa. Trata-se de um sentimento intruso que quando menos espero se faz presente e tenta a todo custo me tirar a paz, porém não é saudável permitir.

Tenho amor próprio, saúde, paz, uma família abençoada, boas amizades e o mais importante, Deus no controle de tudo. O que mais posso querer? Ahh! Bastante coisa! Que com , coragem e força de vontade ainda irei conquistar. Na vida a gente precisa aprender a superar as fases complicadas, vencer as angústias cotidianas, tratar a ansiedade e ressignificar decepções e frustrações. Não é fácil transformar isso tudo em aprendizado, mas praticar o autocuidado é absolutamente necessário.

A vida está em constante renovação, ela é cíclica e tudo sempre faz sentido, se não agora, um dia irá fazer. Nada é mais importante do que ter a liberdade de ser quem sou, sei das minhas qualidades e dos meus defeitos, e sigo buscando evoluir sem perder a minha essência. O tempo é o nosso bem mais precioso, ele é o senhor da razão e Deus é o Senhor do destino, enquanto há vida, temos tempo para recalcular a rota e sem medo escrever uma nova história nas páginas que ainda estão em branco.

Que o meu novo ciclo seja leve e intenso ao mesmo tempo! Encontro você nas páginas da vida.

@marciamacedostos

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Mamografia

Desde a minha adolescência tenho medo da mamografia, só de imaginar aquela máquina apertando, ou melhor, amassando o meu peito, dava pavor. Certa vez, acompanhei a minha mãe nesse exame, foi por acaso e eu não entedia direito do que se tratava, só lembro-me dela saindo meio chorosa da sala restrita. Na verdade, eu nunca soube se essa impressão que tive, foi real ou fruto da minha imaginação. A minha única certeza é que tenho muita sensibilidade nos seios e não gostava de sequer me imaginar fazendo a mamografia.

Mamografia é como um Raio X das mamas, que pode ser feita de forma convencional ou digital. (Reprodução internet)

Era bom idealizar que meu momento de fazer a mamografia seria uma realidade distante. Mas, não é que minha hora chegou?! Sempre ouvi falarem horrores desse exame, mulheres dizem que dói, algumas falam que a dor é terrível e o desconforto é descomunal. Tanto comentários negativos me fizeram detestar a ideia. Nunca tive boa relação com a dor, morria de medo do parto natural também, desde adolescente planejava fazer cesariana, para não passar pela dor de parir e assim aconteceu, meu filho nasceu de parto cesária. Já contei essa história aqui no blog.

Sei que pode parecer bobagem, mas para mim não é, por isso decidi falar sobre o assunto. Para desfazer a ideia que pode passar pela cabeça de muitas mulheres que como eu, sente medo de fazer mamografia. Como disse, a minha vez chegou, pesquisei muito, assisti vídeos de especialistas, ávida por dicas para passar pelo exame sem sentir dor, mas de nada adiantava, pois conforme ia chegando o dia, o nervosismo só aumentava. Pensei em tomar analgésico, anti-inflamatório e até calmante. Acreditam? Na hora H, eu me tremia toda. Sensação horrível!

Fui com medo mesmo e fiz a mamografia, até porque desistir não era uma opção, até porque tenho muito mais medo da doença. Sou meio paranoica! Graças a Deus, o medo não me paralisa, mas sei que isso acontece com muitas pessoas, comprovei isso nas minhas pesquisas. Conclusão: “É desconfortável, porém suportável”. Muitas mulheres não fazem esse importante exame por receio, só que é necessário fazer, porque se ele é realizado no tempo indicado pode prevenir o câncer de mama, e se a doença for descoberta precocemente, aumenta muito a chance de cura.

A mamografia, também chamada de mastografia, é um exame de rastreio por imagem, cuja finalidade é estudar o tecido mamário. Esse tipo de exame pode detectar um nódulo, mesmo que ele ainda não seja palpável. O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente entre as mulheres e de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer é o principal problema de saúde pública no mundo, estando entre as quatro principais causas de morte prematura na maioria dos países. Portanto, fazer os exames periódicos é vital para que as estatísticas diminuam.

Trata-se de um exame radiológico de alta resolução realizado nas mamas, que apresenta imagens detalhadas capazes de identificar precocemente o câncer de mama, antes mesmo que a mulher sinta os sintomas. Cerca de 01 a cada 10 mulheres desenvolvem o câncer de mama em algum momento da vida e a periodicidade da mamografia permite que 95% dos casos sejam diagnosticados com maiores chances de cura. É recomendável que a partir dos 40 anos de idade, todas as mulheres façam mamografia regularmente e para aquelas que possuem histórico familiar de câncer de mama, o ideal é fazer anualmente a partir dos 35 anos, ou antes. Fica dica!

Cuidar da saúde é essencial!

@marciamacedostos

terça-feira, 1 de março de 2022

Perdi minha vó

Receber essa notícia era o que mais temia toda a família, sabíamos que poderia acontecer a qualquer momento, pelo estado de saúde melindroso e debilitado que dona Teinha se encontrava. Confesso que não estávamos preparados para perdê-la, não é fácil, mas decidiu Deus recolher a minha vó materna em 22 de fevereiro de 2022 logo pela manhã, bem cedinho. Quando todos pensavam que ela partiria em meio a uma crise, correria para o socorro e muito sofrimento, ela passou a noite relativamente bem, acordou falante e com sede, se alimentou, pediu que uma das filhas ficasse com ela e quando duas filhas faziam seus cuidados matinais, ela citou alguns nomes de familiares, abençoou todo mundo, deu seu último suspiro e serena partiu, em paz.

Ficam as lembranças para contar como foi a sua vida. (Arquivo pessoal)

Dona Teinha era uma mulher forte, corajosa, bondosa e resignada, cuidava de todos, filhos, netos e agregados, com muita dedicação. Lembro-me das inúmeras férias que passei com ela, a casa sempre cheia e mesmo com poucos recursos, ela conseguia dar conta de tudo com maestria, uma verdadeira representante da mulher nordestina, que nunca desiste. Quando jovem, minha avó era uma mulher ativa, enérgica e dinâmica, mas com o passar do tempo ela foi enfrentando vários problemas sérios de saúde e por vezes me perguntei como ela suportava tanta dor e já no fim da vida, a gente sofria ao contemplar tanto sofrimento naquela mulher que definhava cada dia mais. Mas, não lhe faltaram zelo, cuidados e tratamentos, na tentativa de amenizar aquele padecimento.

Vó faleceu aos 81 anos de idade, casada com o senhor Francisco há 62 anos, dessa união nasceram 14 filhos (01 in memoriam), 38 netos (01 in memoriam), 26 bisnetos (01 in memoriam) e vem chegando mais por aí. A prole de dona Teinha e sr. Chico é grande! Como ela era uma esposa dedicada! Sempre preocupada com meu avô, o amava incondicionalmente. Mulher sábia e virtuosa! Durante a despedida, todos concordaram que, parecia que vó estava se despedindo de cada um e comigo não foi diferente. No dia 07 de fevereiro fui visitar meus avós e a encontrei falante e sorridente, eu disse para ela que sentia saudade de sua comida, do macarrão frito e do ovo com tempero que ela fazia como ninguém e que despertam em mim, muitas memórias afetivas.

A prole de dona Teinha e sr. Chico... Falta Wilton Francisco - in memoriam. (Arquivo pessoal)

Naquele dia, enquanto eu conversava com uma das tias, ela interrompeu e me fez um pedido inusitado: “Márcia, você não vai tirar foto?” Eu: “A sra. quer foto, vó? Vamos tirar sim.” Ela: “Quero uma foto sua, que está bonita.” Eu: “Não, vamos tirar foto juntas.”... E tiramos a foto. Hoje sei que essa foi a nossa despedida e que bom que pude ter esse momento com ela, vou lembrar e guardar para sempre em minha memória e no meu coração. Graças a Deus, eu tive a oportunidade de vê-la e tomar a bênção, uma semana antes da sua partida, 12 de fevereiro foi o último dia que a vi com vida. Tenho uma vida inteira de boas recordações da minha vó, são preciosas lembranças que ficarão em mim eternizadas. 

Eis a foto... Meu coração sofre com o vazio da sua ausência. (Arquivo pessoal)

Amo demais essa veinha, digo que amo no tempo presente, porque ela continua viva dentro de mim. Vó Teinha era uma referência para todos nós, honesta e digna, merecia nosso respeito, consideração e reverência, era muito querida e amava cantar, e cantou até o fim da vida. Enquanto escrevo esse texto, choro e lembro-me dela cantando, louvando a Deus, eu gostava de acompanhar, ela pedia para gente cantar com ela e para ela. Uma mulher de que amava Jesus Cristo. A saudade aperta tanto que chega doer, mas nós entendemos que ela está descansando nos braços do Pai e está livre de todo sofrimento terreno. Nós não sabemos lidar com a perda das pessoas que amamos, vamos ter que aprender, vivendo e sentindo a enorme falta que ela já nos faz.

É difícil encontrar palavras de conforto na hora do adeus. Eliene - minha mãe, a filha mais velha. (Arquivo pessoal)

A nossa matriarca deixa um legado de muita resiliência, um exemplo de mulher. Tomara que tenhamos aprendido pelo menos um pouquinho com a ilustre mulher que ela foi. A despedida dela foi linda, muita gente foi dar um último adeus e tenho certeza que isso aconteceu porque ela era muito querida por todos. Dizem que vó é mãe duas vezes e dona Teinha com certeza, foi uma segunda mãe para mim e até pro meu filho que a chamava carinhosamente de “Bisa”, ela gostava de ser chamada assim. Peço a Deus que console e conforte os corações enlutados da minha mãe, do vô Chico, das tias e dos tios, netos(as) e bisnetos(as), genros e noras. Que o Senhor nos ajude a suportar a saudade que só cresce dentro de nós.

Deixo aqui registrado a minha singela homenagem à nossa eterna DONA TEINHA. Que o tempo seja capaz de transformar a dor da perda em saudade serena e que acalme os corações, em vez de fazer sofrer. “Combateu o bom combate, completou a carreira, guardou a fé e agora descansa nos braços do Pai.”

É nas mãos fortes e calejadas da velhice que encontramos o verdadeiro sentido da vida. (Arquivo pessoal)

AURISTELA PETRONILA DE JESUS

(26/10/1940 – 22/02/2022)

Cipó - Bahia

@marciamacedostos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Bebê arco-íris

Bebês arco-íris são crianças que nascem de mães que já sofreram aborto espontâneo ou que tiveram filhos mortos de forma prematura. Para muitas mães que passaram pela perda prematura de um filho, a chegada de um bebê é a luz que surge após uma tragédia, como o arco-íris que nasce depois da tempestade. O arco-íris é uma promessa de sol depois da chuva, a serenidade depois da tempestade, a alegria após a tristeza e a paz após a dor, mas principalmente, é a esperança e o amor após uma perda. Para a mãe a chegada de um bebê é um período de fortes emoções e a perda provoca uma dor inconcebível.

Depois da tempestade, vem a calmaria. (Reprodução internet)

Mesmo que uma criança não chegue para uma família que já tenha uma história de perda e tristeza por trás, a chegada de um bebê sempre simboliza luz, é a esperança de um futuro melhor para todos em sua volta. Assim como um fenômeno da natureza, o bebê arco-íris chega para avivar a vida dos pais, após uma tormenta. O bebê arco-íris não transforma o passado nem substitui a experiência ruim, seria muita responsabilidade, ele só traz um novo sentido para vida e transforma o futuro. O significado de bebê arco-íris nada mais é do que lembrar a mamãe e toda a família de que depois da tempestade, sempre vem a bonança.

Para compreender a representatividade dessa criança, é necessário entender mais sobre o bebê estrela. Esse é o bebê que perdeu a vida sendo por aborto espontâneo, por outra razão qualquer ou depois do nascimento e como costumamos dizer, virou uma estrelinha, um anjinho que continuará sempre sendo um filho. Não é porque a mãe perdeu um bebê, que ela deixou de ser mãe, existiu um filho, portanto existe uma mãe, é necessário compreender isso e viver o luto da perda, entendendo e aceitando o processo doloroso, sem fechar a porta da esperança. O bebê arco-íris não substitui o bebê estrela, só devolve a capacidade de sonhar para a família.

Durante a gravidez, a mulher se transforma e seus sentimentos ficam intensos, se é uma gestação de bebê arco-íris, tudo ganha uma dimensão muito maior. Para viver tudo novamente, a mulher se sente pressionada, frustrada e com a autoestima baixa, podendo até desenvolver ansiedade e uma angústia profunda. Durante esse processo o apoio da família é fundamental e talvez seja necessária uma ajuda profissional para lidar melhor com o misto de sentimentos, bons e ruins, assim ela consegue aproveitar melhor a gravidez, com muita alegria e gratidão. O sentimento de culpa também se faz presente nesse período delicado, por parecer que a superação foi muito rápida.

Ser mãe é uma experiência intensa e única, cada mãe descobre no seu tempo e do seu jeito uma maneira própria de cuidar do filho, mas quando se trata de um bebê arco-íris, os traumas anteriores podem estimular, mesmo sem querer, uma superproteção do neném. Apesar de todo o excesso de cuidados terem motivações de fácil entendimento, é provável que seja prejudicial para desenvolvimento da criança. A superproteção pode afetar de forma negativa o crescimento do filho, dificultando o aprendizado e prejudicando a independência e a capacidade de enfrentar os desafios e a frustrações habituais da vida.

É importante ficar atento para não sobrecarregar o filho de cuidados e expectativas. Quando superprotegemos nossos filhos, acabamos impedindo que eles se tornem independentes e como não estaremos presentes em todos os momentos da existência deles, é melhor que eles saibam socializar e lidar com as decepções da vida. A desilusão de uma criança superprotegida será bem maior cada vez que estiver diante de um novo desafio. Infelizmente, não teremos a capacidade de prevenir todas as dores no decorrer da vida de um filho, é preciso permitir que ele cometa seus próprios erros, corrija e supere seus fracassos, erga a cabeça e siga adiante. Criamos filhos para o mundo!

@marciamacedostos

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Violência obstétrica

Recentemente ganhou repercussão na mídia, a violência obstétrica que sofreu a empresária e influenciadora digital Shantal Verdelho, de 32 anos. Vídeos vazados na internet mostram as humilhações e os xingamentos que Shantal recebeu do médico, durante o parto da filha caçula. A violência obstétrica pode acontecer durante a gravidez, no parto ou no pós-parto. Todo e qualquer procedimento desnecessário ou não autorizado pela gestante é considerado como violência obstétrica. A paciente não pode ser desrespeitada e nunca deixar de ser informada sobre quaisquer procedimentos.

Uma em cada quatro brasileiras sofre violência no parto. (Reprodução internet)

Violência obstétrica é o termo usado para caracterizar os abusos sofridos pelas mulheres quando procuram serviços de saúde durante a gestação, na hora do parto, durante o nascimento do bebê e no pós-parto. Esses maus tratos incluem violência física, psicológica, verbal ou por negligência e podem traumatizar a mãe e o bebê. Esse tipo de violência não está relacionado somente ao trabalho dos profissionais de saúde, mas se refere também a falhas estruturais de clínicas, hospitais e de todo o sistema de saúde. Intimidação, agressão verbal ou negligenciamento de tratamento são consideradas formas prejudiciais à mulher durante a gestação ou no puerpério.

Esse assunto é capaz de deixar qualquer mulher fragilizada, tanto as que são ou pretendem ser mães, como aquelas que não desejam a maternidade, mas que possuem empatia e sororidade. Em mim, particularmente, o tema provoca um incômodo muito grande, pois tenho pavor e não suporto sentir dor, Sabe aquela famosa “fraca pra dor”? Sou eu. Só de imaginar alguém que deveria cuidar e ajudar num momento tão sublime que é o parto, insultando e maltratando, provoca em mim muita aflição. Meu filho nasceu de parto cesárea por opção minha, desde que me entendo por gente, nunca pensei em experimentar o parto natural.

Julguem-me, se quiserem! Um conselho: Não perca seu tempo inferiorizando ou superiorizando uma mãe pela via de parto. Não sou menos mãe porque meu filho nasceu de uma cesariana. Eu tive uma pequena amostra, um indício do que era uma violência obstétrica, mas na época, esse assunto não era tratado como uma violência. Quando a minha bolsa estourou um dia antes da data marcada para a cesárea e meu médico estava indisponível para fazer o parto, fui para outro hospital, depois de esperar horas, fizeram os exames de praxe com estupidez e agressividade, comigo e com outras mães que estavam presente.

Expliquei sobre a cesariana marcada para o outro dia, perguntei como estava o bebê e só ouvi respostas grossas e indiferentes. Depois de um bom tempo, disseram que iam me induzir a parir, porque eu não era melhor do que ninguém e que se eu soube fazer o filho e gostei, teria que parir calada, porque ninguém estava afim de aturar gritos de mulher fresca. Se eu já tinha horror de parir, aquele tratamento estúpido só piorou a situação. Medi a distância da maca onde estava deitada até a mesa onde estavam meus documentos e da mesa até a saída, calculei direitinho e num impulso fiz esse trajeto, sem olhar para traz e sem dar satisfação para ninguém.

Se fiz o certo, eu não sei, mas meu instinto me fez fugir, literalmente, daquele lugar. Depois consegui alinhar tudo com meu médico, fui para outro hospital, a cesariana aconteceu, deu tudo certo, meu filho nasceu saudável e hoje está com 15 anos. Denuncie, se você considerar que sofreu uma violência obstétrica. A denúncia pode ser feita no hospital ou serviço de saúde em que foi atendida, na secretaria de saúde responsável (municipal, estadual ou distrital) e nos conselhos de classe: Conselho Regional de Medicina (CRM) para médicos ou Conselho Regional de Enfermagem (COREN) para enfermeiros ou técnicos de enfermagem. A vítima também pode ligar para: 180 - Central de Atendimento à Mulher ou 136 - Disque Saúde. Não se cale!

@marciamacedostos

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Consciência Negra

Em 09 de janeiro de 2003 foi criado no Brasil o Dia Nacional da Consciência Negra, pelo projeto de Lei nº 10.639. A data é celebrada em 20 de novembro, mas durante todo o mês acontecem diversos eventos relacionados ao tema. Consciência Negra consiste em legitimar e enaltecer a luta dos povos negros, homenagear a cultura negra e valorizar todas as contribuições que eles deram para a composição da sociedade brasileira. A importância dessa data reforça a necessidade que toda sociedade tem de refletir, rever e agir no combate ao racismo estrutural implantado no nosso país.

A ignorância é a base do racismo. (Reprodução internet)

A ideia é originada dos anos 1970, quando surgiram grupos que lutavam contra o racismo, a exemplo do Grupo Palmares de Porto Alegre - Rio Grande do Sul, que era associado a um quilombo e ao Movimento Negro Unificado, um grupo de ativismo político, cultural e social, fundado em 1978. Essa equipe estudava e reverenciava a cultura e a literatura negra, além de investigar e debater assuntos relacionados com outros ativistas, cuja inspiração seria a luta contra o Apartheid, um regime de segregação racial implantado na África do Sul em 1948, adotado até 1994.

O objetivo principal era oportunizar ações para refletir a consciência negra e combater o racismo. O 20 de novembro foi instituído em âmbito nacional mediante a Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011 e mesmo não sendo considerado feriado, vários municípios adotaram como sendo. A data de conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento da população negra foi escolhida por se tratar do dia da morte de Zumbi dos Palmares (1655 - 1695), último líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo do Período Colonial, localizado na região Nordeste.

Zumbi foi um símbolo na luta e resistência contra a escravidão e a opressão, com apoio de Dandara dos Palmares que segundo fontes historiográficas era sua esposa e Tereza de Benguela conhecida como “Rainha Tereza”. Ao mesmo tempo em que existem motivos para festejar o dia da Consciência Negra, há também várias razões para debater o racismo e fortalecer a ideia de integração igualitária da população negra na sociedade, combatendo a exclusão e a desigualdade social. Portanto, as atividades desenvolvidas no 20 de novembro são focadas na conscientização e na reflexão.

De acordo com análise de dados sobre renda e desigualdade, é possível constatar que, infelizmente, o Brasil ainda permanece sob forte influência hereditária da escravidão quando o assunto é igualdade e inclusão social. As gerações afro-brasileiras que sucederam o período da escravidão seguem sofrendo variados níveis de preconceito, intolerância, assédio e violência. É importante salientar que o negro não é negro só em novembro, assim como a mulher não é mulher só em março, logo devemos repensar e corrigir nossas atitudes, cotidianamente. Respeito não tem cor, tem consciência.

Racismo consiste no preconceito e na discriminação com base em percepções sociais pautadas em diferenças biológicas entre os povos. Trata-se de um antagonismo praticado contra um ou mais indivíduos, pelo fato de pertencer a um determinado grupo racial ou étnico. No ano de 1986, foi sancionada a Lei nº 7.716, que classifica como crime qualquer manifestação motivada por questões raciais. Além de ser desumano, o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, e no Brasil quem comete atos racistas fica sujeito a pegar de um a três anos de prisão. A injúria racial é outro crime especificado no Código Penal, suscetível a punição, o condenado pode ficar de um a seis meses na detenção, podendo realizar o pagamento de multa.

@marciamacedostos

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Marília Mendonça - uma potência

A tragédia do dia 05 de novembro de 2021 (sexta-feira) tirou a vida da cantora Marília Mendonça - 26 anos e de mais outras quatro pessoas: Abicieli Silveira Dias, tio e assessor da cantora; Henrique Ribeiro, produtor geral da artista; Geraldo Martins, piloto e Tarciso Pessoa, copiloto. O avião de pequeno porte decolou de Goiânia - Goiás e caiu em uma cachoeira na serra de Caratinga, no Vale do Rio Doce, interior de Minas Gerais. O acidente que calou a “rainha da sofrência”, uma das vozes mais potentes dos últimos tempos, deixou o Brasil triste e impactado, sem acreditar na realidade dos fatos.

"É bem melhor falar a verdade, do que depois se arrepender." (Reprodução internet)

A sensação que eu tive foi de descrença naquilo que estava assistindo, no primeiro momento, achei que o avião não tinha caído e sim feito um pouso de emergência, pelo cenário apresentado, a aeronave parecia “preservada”. Segundo especialistas responsáveis pelo resgate, provavelmente, as cinco vítimas morreram na hora do impacto. Era quase impossível estarem com vida em consequência da desaceleração que provoca ruptura de grandes vasos e causa hemorragia, além de politraumatismo e graves lesões. O motivo das mortes ainda está sendo investigado e será divulgado posteriormente.

A morte de Marília Mendonça acentua a dor de um país inteiro que já está muito machucado por causa das perdas provocadas pela Pandemia e por todas as mazelas que estamos vivendo. O que mais me doeu nessa fatalidade foi pensar no filhinho da Marília, o Léo de 01 ano e 10 meses, isso dilacerou meu coração. O maior medo de uma mãe é perder o filho ou perder a vida e deixar o filho, tenho certeza que se de alguma forma ela percebeu a tragédia se aproximando, foi no Léo que ela pensou, foi em nome dele que ela chamou por Deus. Acredito que na hora do desespero todos eles pensaram nos filhos pequenos.

É angustiante pensar nas mães das vítimas desse desastre e de tantos outros, mãe nenhuma está preparada para perder um filho, isso vai contra a lei natural da vida. É impossível mensurar o tamanho da dor que é perder um filho, dói só de imaginar. Só peço a Deus que console e traga conforto aos corações de todos. Como diz sabiamente o Padre Fábio de Melo: “Não é só uma voz que se cala; é uma filha que se foi, é uma mãe que não volta. Quantos morrem naquele que morre? Com você Marília, morreu uma multidão.”, é isso, são muitos que morrem em um só.

Marília Mendonça ajudou a criar e era a principal voz do “feminejo”, uma vertente do sertanejo protagonizado pelas mulheres. Com talento, voz intensa e grave, ela sempre foi uma mulher a frente do seu tempo, que cantava as alegrias, os amores e as dores do mulheril, como traições e sofrimentos amorosos, mas não numa perspectiva frágil e submissa, sua postura era totalmente empoderada e dona da razão. A artista simplesmente quebrou paradigmas com o objetivo claro de encorajar pessoas. Abriu caminho para a total visibilidade das mulheres em um universo dominado pelos homens.

Com intensidade e carisma, a cantora e compositora mostrou que as mulheres podem e devem assumir o controle do próprio destino, ajudando a empoderar inúmeras de nós e a provar do que somos capazes. Ela ensinou através da música que a mulher deve se amar, se entender, superar, cuidar da autoestima, deixar a insegurança de lado e prezar pela liberdade, autonomia de ser quem é, encarando sem medo o preconceito e a misoginia. Trata-se de uma verdadeira revolução, com um olhar feminino e a força do feminismo.

Todo esse acontecimento triste e difícil de aceitar e compreender, me fez refletir bastante sobre a finitude da vida, sobre aquela frase tão clichê e real: “a vida é um sopro”. Realmente, a vida é breve e pensar que o momento seguinte é uma incógnita, que ele pode simplesmente não existir, tem que servir para a gente ressignificar muita coisa dentro de nós e valorizar todos os dias o que realmente importa. “Dá um sorriso aí pra mim, não fica assim, quero te ver feliz. Sei que o mundo anda pesado demais, que seja leve o que vier, fique em paz.” - By Marília Mendonça (in memorian).

@marciamacedostos

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Gaslighting

Já ouviu falar em Gaslighting? A palavra específica, não me lembro de ter escutado, mas o significado... Bom, eu sigo destrinchando o quadro “Isso tem Nome” do Fantástico, justamente porque ele está dando nome a situações frequentes do dia a dia, que às vezes não sabemos identificar e muito menos, reconhecer como abuso. O Fantástico foi muito assertivo com a exibição desse quadro, é uma necessidade da sociedade, pois a nomeação gera o reconhecimento do sofrimento. Gaslighting é uma palavra inglesa que em português seria algo como abuso emocional, um tipo de violência psicológica.

Gaslighting ou gas-lighting é uma forma de abuso psicológico e ocorre quando as informações são distorcidas e omitidas de maneira seletiva para beneficiar o abusador. Nesse contexto, as informações são inventadas com o intuito de fazer com que a vítima duvide da sua própria memória, percepção e sanidade mental, ela se sente muito culpada, sem entender o motivo. A pessoa pode ter certeza absoluta de que algo está acontecendo, mas alguém tenta constantemente convencê-la de que é loucura da cabeça dela. Isso é uma manipulação psicológica.

Gaslighting - Você pode ser vítima dessa prática e nem se deu conta. (Reprodução internet)

A pessoa que sofre esse tipo de abuso começa a acreditar que está enlouquecendo, pois o abusador insiste em dizer: “você está louca”, “você está imaginando coisas”, “é coisa da sua cabeça”, “você está delirando”, “você está equivocada”... Toda essa pressão psicológica pode provocar sucessivas crises de ansiedade, prejudicando a saúde mental e mesmo assim, a vítima não consegue perceber que esse tipo de comportamento é abusivo. Alguns especialistas afirmam ser impossível que mulheres heterossexuais brasileiras nunca tenham sofrido gaslighting num relacionamento amoroso.

O termo inglês - gaslighting surgiu de uma peça teatral que se tornou um filme, intitulado “Gaslight” que significa “Luz a Gás”. O longa-metragem mostra um marido manipulando a mulher afim de que ela acredite estar louca, com objetivo de roubar suas joias. É importante prestar atenção no que está sendo dito, para identificar uma relação abusiva. Frases do tipo “você é louca” é um gatilho crucial, aliás, a palavra “louca” sempre está presente no relacionamento abusivo. Isso mexe com a autoestima da mulher e provoca muita angústia.

As circunstâncias desse abuso são vinculadas com a histeria. A Palavra histeria vem do termo hystera que significa útero em grego, sendo utilizada para qualificar a mulher como histérica, indicando que se trata de uma coisa interna, que vem do organismo feminino. Claro que, não é sempre que os abusadores são homens e as vítimas são mulheres. Esse tipo de manipulação psicológica pode ocorrer em diversos tipos de relacionamentos, como: amizade, familiar e até profissional. Entre os casais, pode acontecer o contrário, mulheres praticarem o abuso contra seus companheiros.

O gaslighting também é cometido por homens e mulheres que se relacionam com pessoas do mesmo gênero. Mas, geralmente essa é uma realidade bem presente nas relações heterossexuais, sendo praticado pelos homens. A mulher acaba vencida pelo cansaço e passa a acreditar que está de alguma forma exagerando, dando razão ao homem e admitindo ser a pessoa abusiva da relação. Assim, o homem vai jogando com a insegurança da mulher até ela explodir, daí todos a consideram como a louca e a agressiva, que precisa se tratar.

Existem muitas maneiras de praticar o gaslighting, algumas delas são: acusações descabidas, ameaças, aumento gradual de manipulações, chantagens variadas, constrangimentos, exaustão mental, humilhações, incoerências, mentiras, negação da realidade e palavras disfarçadas de amáveis. Gaslighting é um tipo de violência psicológica, que é crime previsto no Código Penal e a pena para quem pratica varia entre seis meses e dois anos.

Vale ressaltar que a violência psicológica pode se transformar em violência física. Na violência doméstica, antes da primeira agressão física, existem muitos atos de agressividade, como: controle, insultos, acusações, ofensas e xingamentos. É necessário reconhecer quando está vivendo uma espécie de relacionamento tóxico e cortar o mal pela raiz, dar um basta antes que o mal cresça.

@marciamacedostos

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Etarismo

Você sabe o que é etarismo? Já ouviu essa palavra antes? Eu confesso que não tinha muita familiaridade com esse termo, até assistir o primeiro episódio do quadro “Isso Tem Nome” do Fantástico e me interessar em pesquisar mais sobre o assunto. Não é preciso muito para identificar o quanto essa palavra é comum e está presente no nosso dia a dia, mesmo sem ter o hábito de utilizar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas no mundo já demonstrou ações discriminatórias que prejudicam a saúde mental e física dos idosos.

O etarismo é um preconceito velado. (Reprodução internet)

O etarismo nada mais é do que o preconceito de idade. A discriminação também é chamada de “idadismo” ou “ageísmo”, é muito comum e surge quando a idade é utilizada para classificar e segmentar os indivíduos. Essa separação pode provocar danos, desvantagens e até injustiças. O etarismo e suas vertentes podem se apresentar de diversas formas, como em comportamentos preconceituosos, em ações discriminatórias e através de políticas e práticas institucionais que sustentam convicções estereotipadas.

Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a discriminação por idade é um desafio global e leva a uma saúde pública mais precária, ao isolamento social e pode até causar mortes prematuras. Trata-se de uma capciosa calamidade na sociedade. A discriminação por idade influencia na saúde através de três processos: comportamental, fisiológico e psicológico, ou seja, impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas. Manifestações de preconceito com base na faixa etária são mencionadas em diferentes situações do nosso cotidiano.

No Brasil, etarismo é um tema novo, pouco conhecido e que ainda precisa ser muito debatido. Esse tipo de conduta da sociedade, que contesta a competência de uma pessoa por causa de sua idade, provoca a não aceitação, falta de respeito e ética, desprezo, agressões, humilhações, contribui para a baixa autoestima, sentimentos de desamparo e menos valia. É um estereótipo que atinge principalmente as mulheres e geralmente de forma cruel, exemplo: nas histórias infantis o homem velho é sempre um sábio senhor e a mulher velha é sempre a bruxa.

O termo etarismo foi usado pela primeira vez em 1969, pelo gerontologista, psiquiatra e autor americano Robert Neil Butler (1927 - 2010), para caracterizar a intolerância relacionada com a idade, contendo semelhanças com “racismo” e “sexismo”, direcionada aos mais velhos. Entretanto, em 1999, o gerontologista e professor americano Erdman Ballagh Palmore ampliou o conceito, que passou a ser executado com frequência, para nomear qualquer espécie de discriminação baseada na idade, abrangendo preconceito contra crianças, adolescentes, adultos ou idosos.

A Gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social. A discriminação por causa da idade é mais intensa em sistemas onde a população convive fortemente com a desigualdade social. Uma maneira de combater o etarismo é evitar dizer frases preconceituosas e estereotipadas:

  •     Desculpa perguntar, mas quantos anos você tem?
  •    É uma “coroa” enxuta para a idade.
  •    Ela poderia ser mãe dele.
  •    Está querendo parecer mocinha / garotão.
  •    Está velha demais para isso ou aquilo.
  •    Não parece que você tem essa idade.
  •    Qual o segredo para estar tão conservada?
  •    Que bonita! Não entrega a idade.
  •    Sério que você tem essa idade?
  •    Solteira nessa idade? Vai ficar para titia.
  •    Você deve ter sido muito bonita quando jovem.
  •    Você não tem mais idade para fazer ou usar isso.
  •    Você parece mais jovem.

 Podemos provocar muito sofrimento por falta de conhecimento ou pela falta de interesse em aprender e se informar. São as pequenas atitudes e mudanças que fazem uma grande diferença.

@marciamacedostos

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Dia dos pais

No Brasil, todo segundo domingo do mês de agosto é celebrado o dia dos pais e a importância desse papel na vida e no desenvolvimento dos filhos, no âmbito familiar e social. É importante salientar que a figura de pai não se restringe ao pai biológico ou especificamente ao personagem masculino. Trata-se da função paterna, aquela que pode perfeitamente ser desempenhada pelo avô, tio, padrasto, pai adotivo, irmão mais velho e até a própria mãe, por qualquer pessoa próxima do menor, independente do gênero. Pelas últimas transformações culturais, a função paterna passou por uma significativa evolução.

Ser pai é ser amigo, companheiro e estar presente na vida do filho. (Reprodução internet)

Assim como o dia das mães, a comemoração ao dia dos pais foi pensada com objetivo de fortalecer os laços familiares, a ideia de celebrar esse dia surgiu em 1909, nos Estados Unidos. A filha de um ex-combatente da Guerra Civil Americana, Sonora Louise Smart Dodd (1882 - 1978), decidiu homenagear o seu pai. O primeiro dia dos pais foi comemorado em 19 de junho de 1910, dia do aniversário do pai de Sonora e a celebração se tornou feriado nacional estadunidense em 1972. Existe ainda uma tradição afirmando que a data comemorativa é originada há mais de quatro mil anos, na Babilônia.

De acordo com relatos históricos, o filho do rei Nabucodonosor, teria moldado o primeiro cartão do dia dos pais, em argila. O jovem preparou esse objeto para o seu pai, desejando saúde, sorte e vida longa. A partir daí, a data se tornou uma festa nacional. Em outros países do mundo, as comemorações são realizadas em diferentes datas, conforme a história de cada país. Aqui no Brasil, a primeira comemoração foi em 14 de agosto de 1953, por causa de um concurso que homenageou três categorias: o pai com maior número de filhos, o pai mais novo e o pai mais velho.

Antigamente, a figura de um pai comum, era dominante, cheio de autoridade, que fazia questão de manter uma distância afetiva dos filhos, evidenciando uma função mais educadora e disciplinadora. Atualmente, é possível identificar pais mais afetivos e participativos com suas famílias. Isso se deve às mudanças na hierarquia familiar e os questionamentos da autoridade paterna. Muitas dessas transformações estão acontecendo porque a mulher moderna está acumulando conquistas relevantes, ainda estamos longe do ideal, mas é um importante começo.

A função do pai deveria ser um complemento à função da mãe, mas nem sempre é assim que acontece, infelizmente. O fato é que a formação e a estrutura do ego dos filhos, assim como a sua inserção na sociedade é papel de mãe e pai, ou deveria ser. Estudos afirmam que a presença da figura paterna na vida de um ser em formação é decisiva para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e social. A função paterna é capaz de gerar no filho a melhora da autoestima, além do desenvolvimento de uma estrutura psicológica mais forte, tornando o capaz de tomar decisões mais assertivas.

Sábio é o pai que conhece e conduz o seu próprio filho. (Reprodução internet)

A ausência do pai pode provocar agressividade, ansiedade, insegurança e conflitos no desenvolvimento cognitivo e psicológico dos filhos, além de induzir o surgimento de distúrbios comportamentais e até gerar a depressão. Mas isso não é uma regra ou algo irreversível, a ausência do pai não significa a inexistência da representação da figura paterna ou masculina, qualquer pessoa pode exercer essa função e permear a trajetória da criança até a fase adulta. Fazer parte da vida de um filho é construir seu ambiente e a sua visão de mundo.

O dia dos pais vai muito além de um marco comercial, é um apelo para relações mais profundas e reais, com uma convivência afetiva e principalmente, “presença” entre pai e filho. Ser presente tem muito mais valor do que dar presente, os verdadeiros pais, participam da vida de seus filhos, brincam, acompanham, educam, orientam para a vida, sendo exemplo de apoio e segurança. É assim que deve ser, pais precisam exercer uma paternagem de qualidade. Não basta ser pai, tem que participar.

@marciamacedostos

terça-feira, 13 de julho de 2021

Violência doméstica

É muito triste ter que continuar tratando desse assunto, por conta dos acontecimentos que insistem em se reproduzir com bastante frequência, porém é necessário que não nos calemos diante de tanta barbárie. É preciso combater a naturalização da agressão que muitos homens cometem com as parceiras em seus relacionamentos afetivos. Um homem se achar no direito de usar a sua força para agredir e ferir a mulher, causa muita revolta e indignação. Naturalizar a violência contra a mulher faz os homens acreditarem que é normal esse tipo de comportamento execrável.

"A violência é o último refúgio do incompetente." (Reprodução internet)

Se faz necessário ressaltar também que, se você presencia cenas de agressão e não toma uma atitude, seja de tentar intervir ou de procurar ajuda e denunciar, você se torna cúmplice do tal ato. Quando essa inércia é exercida por um outro homem, só comprova a presença do machismo existente na sociedade patriarcal em que vivemos. São muitos anos de violência e vulnerabilidade da mulher em seus relacionamentos afetivos, muitas delas acreditam que devem suportar os abusos calada, pelo bem-estar social da família e para manter as aparências.

A Lei Maria da Penha, nº 11.340 de 07 de agosto de 2006, é uma das melhores leis de enfrentamento à violência doméstica que existe no mundo, mas apesar disso, não temos um sistema criminal de acolhimento às vítimas. As mulheres vítimas de violência estão inseridas em contextos adversos e quando procuram ajuda, sofrem com as críticas e dúvidas de quem deveria acolher e proteger, muitas vezes, ao denunciar elas precisam encarar o julgamento que caem inteiramente em cima delas, transformam a vítima em culpada. Fato é que, o Poder Judiciário enfrenta essa situação de forma inadequada.

A violência contra mulher é um fenômeno que não distingue classe social, raça, etnia, religião, idade e escolaridade, muitas delas reagem com passividade e conformismo, tornando necessário levar esses conflitos para o espaço público e assim evitar que sejamos silenciadas. Como a sociedade é machista e patriarcal, é fundamental começar a encarar a violência doméstica pela perspectiva da educação e da empatia, entender que, quando uma situação absurda dessas acontece, não podemos deixar passar despercebido, é chocante e precisa ser confrontada. “Em briga de marido e mulher, a gente salva a mulher.”

Nas situações de violência doméstica, as mulheres sofrem pelo controle e domínio que seus agressores exercem sobre elas através de variados mecanismos como: domínio econômico, intimidação, isolamento relacional, violência física, violência psicológica, entre outros. A mulher não pode encarar essa situação como um destino e aceitar passivamente. O destino da sua vida lhe pertence, só você tem o direito de decidir sobre ele, sem ter que ser submissa e tolerante com o comportamento violento de quem quer que seja. A violência doméstica é um crime.

A violência doméstica tem um ciclo que funciona como um sistema circular. Esse sistema é caracterizado pela sua continuidade no tempo, ou seja, pela sucessiva repetição no decorrer do relacionamento. As fases de tensão e apaziguamento podem ser cada vez menos frequentes e as fases de ataques violentos ficam cada vez mais intensos. Esse padrão pode terminar onde antes começou, ou em situações limite, episódios desse tipo podem culminar no feminicídio. A regra geral desse ciclo possui três fases:

1 - Aumento de tensão: São as tensões acumuladas diariamente, as ameaças e injúrias feitas pelo agressor, provocam na vítima, uma sensação de perigo eminente.

2 - Ataque violento: O agressor maltrata a vítima de forma física e psicológica, esses maus-tratos tendem a escalar na sua frequência e intensidade.

3 - Lua de mel: Agora o agressor envolve a vítima com carinho e atenção, se desculpando pelas agressões e prometendo mudar, garantindo que não vai mais ser violento.

"O silêncio é o maior aliado do seu agressor." (Reprodução internet)

A violência doméstica abrange diferentes tipos de abuso, são eles:

  • Perseguição - Qualquer comportamento que visa intimidar ou atemorizar. Seguir a pessoa até o local de trabalho ou quando ela sai desacompanhada; controlar constantemente os movimentos da pessoa, seja dentro ou fora de casa.
  • Violência emocional - Qualquer comportamento que visa fazer a pessoa se sentir inútil ou com medo. Geralmente inclui atitudes como: agressão verbal; ameaçar os filhos; magoar os animais de estimação; humilhar a pessoa na presença de amigos, familiares ou em público; entre outros.
  • Violência financeira - Qualquer comportamento que pretenda controlar o dinheiro da pessoa sem que ela o deseje. Algumas dessas atitudes podem ser: controlar o salário; se recusar a dar dinheiro ou forçar a justificativa de todos gastos; ameaçar retirar o apoio financeiro como forma de controle.
  • Violência física - Qualquer forma de agressão corpórea que castiga a pessoa. Pode traduzir-se em comportamentos como: esmurrar; chutar, estrangular, queimar, induzir ou impedir que a pessoa obtenha medicações ou tratamentos.
  • Violência sexual - Qualquer comportamento em que a pessoa é forçada a protagonizar atos sexuais que não deseja. Alguns exemplos são: pressionar ou forçar a pessoa para ter relações sexuais quando ela não quer; pressionar, forçar ou tentar que a pessoa faça sexo sem proteção; forçar a pessoa a ter relações sexuais com terceiros.
  • Violência social - Qualquer comportamento que pretende controlar a vida social da pessoa, através do impedimento de visitar familiares ou amigos; cortar o telefone ou controlar as chamadas e as contas telefônicas; trancar a pessoa em casa, são exemplos constantes.

terça-feira, 22 de junho de 2021

A fama dos cactos

Em setembro de 2020, resolvi tirar do papel, o projeto pessoal desse blog aqui e dei-lhe o nome de Flor de Cacto. A escolha desse nome foi uma capítulo à parte, pois estava em busca de algo que fosse representativo e simbólico. O título caiu como uma luva e a conexão foi imediata quando pensei nele. Sempre admirei o cacto, por se tratar de uma planta muito forte, resistente e capaz de sobreviver a muitos desafios, além disso, simboliza firmeza e perseverança. É por essas razões, que os cactos, simplesmente, me encantam e inspiram.

Seja cacto quando preciso, porém floresça quando chegar a sua hora. (Reprodução internet)

Os cactos possuem espinhos em lugar de folhas, pertencem à família Cactaceae, apresentando espécies de cores, formatos e tamanhos bem distintos. Por possuir habilidades específicas de sobrevivência, essa planta costuma se adaptar bem nos ambientes áridos. Elas nascem em condições extremas, sendo muito comum na Região Nordeste do Brasil. O cacto armazena água e a sua estrutura espinhosa serve para se proteger de possíveis ataques de predadores herbívoros. Para sobreviver, ele precisa de pouca água e de uma intensa iluminação.

Cactos retratam bem o Nordeste brasileiro, já que conseguem sobreviver em situações adversas, assim como muitos nordestinos que precisam lidar com desafios bastante acentuados, como a seca e os desequilíbrios socioeconômicos. No mês de junho, todos os caminhos levam para o Nordeste, já que durante o período dos festejos juninos, todos gostariam de estar por aqui, para dançar forró, admirar a boniteza das quadrilhas, sem falar nas delícias que a culinária típica apresenta. Fico salivando de vontade, só de pensar!

Recentemente, o cacto foi protagonista no reality show No Limite, gravado no estado do Ceará. O participante Kaysar da tribo Calango, preparou um prato especial para o grupo, a base de cacto com óleo de sardinha, depois a tribo voltou a comê-lo, dessa vez cru. Fato é que, algumas espécies são comestíveis, podendo sustentar humanos e animais, sendo chamadas de “alimento do futuro”. A planta é pensada como uma saída para a alimentação de povos que enfrentam secas intensas. Seu uso como base de receitas e produtos alimentícios, é bem antigo.

É preciso compreender a funcionalidade dos espinhos, para admirar a beleza dos cactos. (Reprodução internet)

O cacto representou a torcida organizada da advogada e maquiadora Juliette Freire, participante do reality show Big Brother Brasil. Os fãs da sister, que são carinhosamente chamados de cactos e ganharam esse apelido graças a paixão que Juliette tem pela planta, conseguiram consagrá-la campeã da edição 21 do BBB. A planta virou emoji e estampa dos mais variados produtos, caracterizando a torcida vitoriosa. Além disso, o exército de cactos da campeã, a fizeram ultrapassar a marca de 30 milhões de seguidores no Instagram, sendo que, antes do programa ela tinha 3 mil seguidores. Um verdadeiro prodígio!

Sem dúvidas, foi uma estratégia digital fenomenal da equipe de Juliette, seu carisma foi aplicado de forma estratégica ao mundo digital e deu muito certo. A jornada dela no programa, seguiu uma linha surpreendente, criou uma persona que se conectou ao público, sendo a nordestina humilde e amiga dos mais vulneráveis, uma jovem divertida, ágil com as palavras e vítima de preconceitos. Tudo isso resultou no diferencial da campeã, ela estabeleceu uma conexão coletiva que reverberou sinceridade e gerou engajamento.

O fato é que a resiliência dos cactos (a torcida), uma característica bem representativa da planta cacto, transformou a paraibana Juliette em um fenômeno digital. Uma mulher comum, anônima, que chamou atenção e conquistou as pessoas, justamente por ser a imperfeita e não tinha vergonha de ser. Seu acentuado sotaque nordestino também foi algo que ficou em evidência no programa, pelo fato de que ela falava muito e também porque, nem sempre ou quase nunca, estavam dispostos a ouvi-la. Apesar de todos os obstáculos, ela conseguiu ocupar um lugar de brio.

Juliette enfrentou seus oponentes com altivez, demonstrando toda a sua resistência, construída a partir da sua origem simples e de todas as adversidades que enfrentou ao longo da vida. Essa capacidade de lidar com os infortúnios que existem, também chamada de “resiliência”, é representada pela figura do cacto, que exibe grande vigor nos períodos de estiagem. Por toda beleza, adaptabilidade e durabilidade, não poderia ser outro, senão o cacto, a escolha certa para ser o símbolo do povo nordestino, que sofre, resiste, luta e vence.

@marciamacedostos

terça-feira, 15 de junho de 2021

Curiosidades do dia dos namorados

O dia dos namorados é uma data comemorativa que celebra a união amorosa entre os casais apaixonados, em alguns países, a data é conhecida como o dia de São Valentim. Há lugares que usam esse dia para externar o afeto entre os amigos, sendo habitual a troca de declarações e presentes bem carinhosos. A maioria dos países comemoram o romantismo em 14 de fevereiro, aqui é celebrado em 12 de junho, por ser véspera do dia de Santo Antônio, famoso por ser considerado, o “santo casamenteiro”. 12 de junho de 1949 foi o primeiro dia dos namorados no Brasil.

Romantismo não significa dar presentes e sim ser presente. (Reprodução internet)

Na realidade, trata-se de um evento comercial, apesar de todo o simbolismo envolvente, a ideia surgiu com intuito de aquecer as vendas no mês de junho, que eram muito fracas. O fato é que muitas curiosidades rondam o dia dos namorados e vamos desenrolar algumas delas. São Valentim é o santo dos namorados, porque no ano de 270, os jovens foram proibidos de casar pelo Imperador Claudio II. Ele entendia que os jovens solteiros eram soldados melhores e como o bispo romano São Valentim não concordava com tal atitude, realizava o casamento de jovens as escondidas.

Em 14 de fevereiro é comemorado o Valentine’s Day, para homenagear São Valentim que foi decapitado nessa data. Na Idade Média esse dia também era marcado por ser o início do acasalamento dos pássaros e dizem que, os namorados da época, aproveitavam o clima para deixar mensagens amorosas na porta de suas enamoradas. No ano de 1415, foi emitido um dos cartões mais antigos que se tem notícia, o remente era Charles - Duque de Orleans, que estava preso na torre de Londres e o destinou para a sua esposa. Atualmente, o cartão se encontra exposto num museu britânico.

Os norte-americanos costumam gastar muito com cartões no dia de São Valentim, esse exagero de consumo só perde para o Natal. Aquelas fitas usadas para embalar presentes, são consideradas como um símbolo, também muito usado no dia de São Valentim, essa prática tem origem na Idade Média, quando os cavaleiros iam competir e as suas namoradas lhes davam fitas para desejar boa sorte. O hábito de dar flores é considerado o presente mais comum por parte dos homens, aproximadamente 75% deles, compram flores no dia dos namorados.

Por falar em flores... a rosa vermelha é considerada a rosa do amor, é a flor preferida de Vênus, a deusa do amor de Roma. Inclusive, o vermelho é a cor que representa o amor, está relacionada com fortes emoções e sentimentos. Pedidos de casamento no dia dos namorados também são muito comuns. Anualmente, uma média de 220 mil pedidos de casamentos são realizados pelo mundo afora, somente nesta data. E olha que incrível! Sabe o Taj Mahal na Índia? Pois é, foi um presente de dia dos namorados, construído por Mughal Imperador Shahjahan, em memória de sua mulher.

Na cidade de Verona - Itália (lar de Julieta), a Julieta Capuleto, personagem do romance “Romeu e Julieta” de William Shakespeare, costuma receber milhares de cartas com pedidos de conselhos amorosos. Geralmente, esse episódio inusitado acontece especialmente no Valentine’s Day. A primeira caixa de bombons para o dia dos namorados, foi produzida em 1800 e desde então, essa iguaria deliciosa é presença garantida na comemoração de todos os casais apaixonados que existem por aí. Há quem diga que o chocolate é um poderoso afrodisíaco.

O que falar sobre o fato de que milhões de pessoas costumam presentear os seus bichinhos de estimação, justamente no dia dos namorados? E a estimativa de que, 15% das mulheres que recebem flores nessa data romântica, foram presenteadas por elas mesmas? Seria um nível muito elevado de carência!?! Não sei, só sei que essa data romântica é cercada de muitas tradições e as pessoas apaixonadas seguem se superando no quesito “surpreender” com eternas juras de amor e trocas de presentes.

@marciamacedostos

terça-feira, 8 de junho de 2021

Assédio

Assédio é um conjunto de sinais ao redor ou em frente a um local determinado, estabelecendo um cerco com a finalidade de exercer o domínio, ou seja, trata-se de insistência inconveniente, impertinente, persistente e duradoura, perseguição, sugestão ou pretensão constantes em relação a alguém. Que nós mulheres convivemos diariamente com o assédio, não é segredo para ninguém. Infelizmente! Além de viver essa realidade, passei a me interessar mais sobre os detalhes desse tipo de impertinência em 2016, quando em equipe, fizemos uma pesquisa profunda sobre o assunto.

A regra é clara: Não é não. (Reprodução internet)

O estudo foi realizado para o nosso TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, na graduação de Comunicação Social e Jornalismo, cujo tema foi “Assédio sexual e vestuário feminino nos espaços públicos de Salvador”. Nosso trabalho teve o objetivo de analisar a prática comum do assédio sexual vivido pela mulher nos espaços públicos da capital baiana e a relação que esse tipo de ação possui com o vestuário feminino. Foram investigados os aspectos sociais, históricos e de gênero que explicam as contradições da sociedade, assim como as causas e consequências.

Conforme pesquisas, no Brasil, aproximadamente 64% das mulheres afirmam que já sofreram algum tipo de assédio na rotina diária. Essas pesquisas apontam que os locais mais comuns de ocorrerem assédios são os lugares públicos com cerca de 47% e o transporte público com cerca de 40%. O levantamento apontou ainda que o ônibus com 76% e metrô com 25%, são os dois locais onde as mulheres informam haver mais episódios de assédio. Situações como locomoção noturna, regiões violentas, ambientes lotados, locais desconhecidos e pontos de ônibus, também são considerados de risco.

Aproximadamente metade das mulheres brasileiras vivem essa angústia e declaram que já sofreram assédio sexual no ambiente de trabalho, mas apesar dos dados, o senso de impunidade e o medo acabam desencorajando as denúncias. A ineficiência de políticas internas relacionadas à essa prática absurda no âmbito profissional e principalmente, o receio da exposição, só fortalecem a falta de coragem em denunciar. Muitas dessas mulheres acabam se sentindo culpadas pelo assédio que sofreu, elas preferem conviver com o silêncio, a solidão e a sensação de impotência.

As mulheres desenvolvem problemas de autoestima e ansiedade, pois sofrem variadas maneiras de assédio em público, como o assobio inconveniente, os comentários de cunho sexual, os olhares insistentes, seus corpos tocados sem permissão, os xingamentos, homens que se exibem de forma inadequada e o pior de tudo, estupros em locais públicos. O assédio sexual é um tipo de violência que ocasiona vários problemas para a vida das mulheres. Nós temos o direito de ser quem somos, sem ter que sofrer qualquer tipo de consequência negativa, abuso e violência por causa disso.

Meu corpo não é público. (Reprodução internet)

O assédio sexual é um tipo de violência banalizada, que segue na contramão dos direitos garantidos a mulher, principalmente o de ir e vir, a partir do momento que elas sentem medo de andar nos espaços públicos. O ato de naturalizar isso pode estar relacionado ao fato de que o corpo da mulher é considerado como algo público, pela sociedade machista e preconceituosa em que vivemos. Trata-se do reflexo de uma cultura que não percebe a mulher como sujeito, essa cultura machista que enxerga a mulher como objeto passivo do desejo masculino.

Não é normal sair de casa com medo de entrar para uma estatística que simboliza uma das maiores formas de torturas e desigualdade de gênero, isso pode prejudicar até a nossa saúde mental. Essa realidade precisa ser combatida e modificada, urgentemente, pois fere uma das premissas básicas do Estado Democrático de Direito, que é a dignidade da pessoa humana. Apesar da influência patriarcal ser forte em nossa sociedade, é necessário mais educação e conscientização do problema para reduzir o assédio e promover a prática constante do respeito.

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...