A
denominação Cipó foi originada através da existência de um cipoal com uma fonte
às margens do rio Itapicuru. De acordo com estudiosos, o gentílico Cipó tem
origem no Tupi-guarani, “CY” significa: “MÃE” e “YPÓ” significa: “ÀGUA,
NASCENTE, FONTE”, os primeiros moradores da margem do rio, aportuguesaram a
palavra, que originalmente significava “Mãe D’Água”. Cipó é conhecida como um
sertão úmido, mesmo com muito sol e pouca chuva.
Segundo
os antigos romanos, “águas fundam cidades”, reza a lenda que um caçador
percorria as margens do rio Itapicuru, que banha a cidade e em suas andanças
pelo sertão baiano, atirou na direção de um pássaro que estava pousado em uma
árvore, com isso acabou provocando uma revoada que lhe chamou atenção, quando
se aproximou, ouviu um borbulho de água jorrando no solo, de temperatura quente
e sabor diferenciado.
Naquele
local existiam enormes árvores de cipó, o caçador estava diante de um
verdadeiro cipoal. Ele seguiu o seu caminho sentido a cidade de Itapicuru da
Missão, onde divulgou a informação sobre as águas que descobriu e estabeleceu
as coordenadas como sendo na região de Cipó, num cipoal que ficava às margens
do rio Itapicuru. A cidade de Cipó foi planejada e por essa razão, possui ruas
e calçadas largas, muita arborização e edifícios de linhas retas.
Além
da cidade ser considerada uma Estância Hidromineral, qualificação que ganhou em
16 de maio de 1935, quando aumentou a frequência de visitantes, a cidade também
guarda uma história fascinante. Exemplo disso é o Grande Hotel de Cipó, que foi
inaugurado em 1952 e recebeu personalidades como o presidente Getúlio Vargas
(1882 - 1954); o então governador da Bahia, Régis Pacheco (1895 - 1987); o
escritor Guimarães Rosa (1908 - 1967) e o jornalista Assis Chateaubriand (1892
- 1968).
Em
1906, o Coronel Genésio Sales que sofria de úlcera estomacal decidiu passar uma
temporada no Sertão Arraial da Mãe D’Água de Cipó, na tentativa de se curar e
por atingir seu objetivo, ordenou a construção de um chalé perto da Fonte
Termal, que posteriormente se transformou no Hotel Thermal. Nessa época, o
coronel fez a primeira viagem de carro ao nordeste baiano, de Alagoinhas a Cipó,
chamando a atenção da imprensa nordestina, por isso o governo estadual concluiu
a rodovia ligando as duas cidades.
Em
19 de março de 1928, houve a autorização para exploração industrial das águas e
nas fontes termais foi construído um moderno balneário, composto por uma
piscina de água quente, que na época era a única existente no Brasil. Existia
também: consultório médico, salas de tratamentos variados, banheiros e chafariz
para beber água termal. Um bando comandado por Lampião - rei cangaço afugentou
os banhistas e provocou grandes prejuízos. Após a morte do cangaceiro, Cipó
voltou a receber turistas em busca das águas medicinais.
Em
1938, foi inaugurado o Rádium Hotel, de arquitetura Art Déco, que hospedou
turistas de muitos países e anexado à ele havia um famoso cassino. Em 23 de
julho de 1952 foi construído o Grande Hotel, conhecido como Elefante Branco da
Terra, foi inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas. De estrutura grandiosa, o
hotel atraiu muitos turistas, que aproveitavam os bailes e jogos que o cassino
oferecia na época, além de desfrutar das cascatas e piscinas localizadas no
subsolo do hotel.
O
Grande Hotel de Cipó que atualmente está fechado, era uma das hospedarias mais
luxuosas da sua época, ele teve a sua primeira noite no São João de 1952. A
construção do hotel durou cerca de dez anos, sua área construída era de 8,5 mil
metros quadrados, com cinco andares, 80 quartos, suíte presidencial, cassino,
terraço, restaurante, bares, salão de festas e duas piscinas de águas termais. Em
2008, o Grande Hotel foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e
Cultural (Ipac).
Ele
chama atenção de quem está chegando na cidade, pois de longe já é avistado, com
toda sua imponência está inserido no meio do sertão baiano, numa área
arborizada e rodeado de casas e pequenas edificações. É uma construção totalmente
fora da escala urbana de Cipó. O Elefante Branco da Terra fechou as portas em
1960, sendo reinaugurado com uma nova roupagem, em 04 de novembro de 1982, pelo
então governador do estado, Antônio Carlos Magalhães (1927 - 2007).
Os áureos tempos, novamente, não duraram muito e o Grande Hotel fechou definitivamente, no final dos anos 1990. Em 2009, um incêndio destruiu o antigo salão-restaurante do hotel. O fogo, a fumaça e as janelas estilhaçadas, assustaram e entristeceram os cipoenses, principalmente os mais velhos, por ver parte de um passado histórico sendo consumido pelas chamas. O desejo de ver o Grande Hotel revitalizado permanece vivo na população local. É importante preservar essa memória.
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