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terça-feira, 13 de julho de 2021

Violência doméstica

É muito triste ter que continuar tratando desse assunto, por conta dos acontecimentos que insistem em se reproduzir com bastante frequência, porém é necessário que não nos calemos diante de tanta barbárie. É preciso combater a naturalização da agressão que muitos homens cometem com as parceiras em seus relacionamentos afetivos. Um homem se achar no direito de usar a sua força para agredir e ferir a mulher, causa muita revolta e indignação. Naturalizar a violência contra a mulher faz os homens acreditarem que é normal esse tipo de comportamento execrável.

"A violência é o último refúgio do incompetente." (Reprodução internet)

Se faz necessário ressaltar também que, se você presencia cenas de agressão e não toma uma atitude, seja de tentar intervir ou de procurar ajuda e denunciar, você se torna cúmplice do tal ato. Quando essa inércia é exercida por um outro homem, só comprova a presença do machismo existente na sociedade patriarcal em que vivemos. São muitos anos de violência e vulnerabilidade da mulher em seus relacionamentos afetivos, muitas delas acreditam que devem suportar os abusos calada, pelo bem-estar social da família e para manter as aparências.

A Lei Maria da Penha, nº 11.340 de 07 de agosto de 2006, é uma das melhores leis de enfrentamento à violência doméstica que existe no mundo, mas apesar disso, não temos um sistema criminal de acolhimento às vítimas. As mulheres vítimas de violência estão inseridas em contextos adversos e quando procuram ajuda, sofrem com as críticas e dúvidas de quem deveria acolher e proteger, muitas vezes, ao denunciar elas precisam encarar o julgamento que caem inteiramente em cima delas, transformam a vítima em culpada. Fato é que, o Poder Judiciário enfrenta essa situação de forma inadequada.

A violência contra mulher é um fenômeno que não distingue classe social, raça, etnia, religião, idade e escolaridade, muitas delas reagem com passividade e conformismo, tornando necessário levar esses conflitos para o espaço público e assim evitar que sejamos silenciadas. Como a sociedade é machista e patriarcal, é fundamental começar a encarar a violência doméstica pela perspectiva da educação e da empatia, entender que, quando uma situação absurda dessas acontece, não podemos deixar passar despercebido, é chocante e precisa ser confrontada. “Em briga de marido e mulher, a gente salva a mulher.”

Nas situações de violência doméstica, as mulheres sofrem pelo controle e domínio que seus agressores exercem sobre elas através de variados mecanismos como: domínio econômico, intimidação, isolamento relacional, violência física, violência psicológica, entre outros. A mulher não pode encarar essa situação como um destino e aceitar passivamente. O destino da sua vida lhe pertence, só você tem o direito de decidir sobre ele, sem ter que ser submissa e tolerante com o comportamento violento de quem quer que seja. A violência doméstica é um crime.

A violência doméstica tem um ciclo que funciona como um sistema circular. Esse sistema é caracterizado pela sua continuidade no tempo, ou seja, pela sucessiva repetição no decorrer do relacionamento. As fases de tensão e apaziguamento podem ser cada vez menos frequentes e as fases de ataques violentos ficam cada vez mais intensos. Esse padrão pode terminar onde antes começou, ou em situações limite, episódios desse tipo podem culminar no feminicídio. A regra geral desse ciclo possui três fases:

1 - Aumento de tensão: São as tensões acumuladas diariamente, as ameaças e injúrias feitas pelo agressor, provocam na vítima, uma sensação de perigo eminente.

2 - Ataque violento: O agressor maltrata a vítima de forma física e psicológica, esses maus-tratos tendem a escalar na sua frequência e intensidade.

3 - Lua de mel: Agora o agressor envolve a vítima com carinho e atenção, se desculpando pelas agressões e prometendo mudar, garantindo que não vai mais ser violento.

"O silêncio é o maior aliado do seu agressor." (Reprodução internet)

A violência doméstica abrange diferentes tipos de abuso, são eles:

  • Perseguição - Qualquer comportamento que visa intimidar ou atemorizar. Seguir a pessoa até o local de trabalho ou quando ela sai desacompanhada; controlar constantemente os movimentos da pessoa, seja dentro ou fora de casa.
  • Violência emocional - Qualquer comportamento que visa fazer a pessoa se sentir inútil ou com medo. Geralmente inclui atitudes como: agressão verbal; ameaçar os filhos; magoar os animais de estimação; humilhar a pessoa na presença de amigos, familiares ou em público; entre outros.
  • Violência financeira - Qualquer comportamento que pretenda controlar o dinheiro da pessoa sem que ela o deseje. Algumas dessas atitudes podem ser: controlar o salário; se recusar a dar dinheiro ou forçar a justificativa de todos gastos; ameaçar retirar o apoio financeiro como forma de controle.
  • Violência física - Qualquer forma de agressão corpórea que castiga a pessoa. Pode traduzir-se em comportamentos como: esmurrar; chutar, estrangular, queimar, induzir ou impedir que a pessoa obtenha medicações ou tratamentos.
  • Violência sexual - Qualquer comportamento em que a pessoa é forçada a protagonizar atos sexuais que não deseja. Alguns exemplos são: pressionar ou forçar a pessoa para ter relações sexuais quando ela não quer; pressionar, forçar ou tentar que a pessoa faça sexo sem proteção; forçar a pessoa a ter relações sexuais com terceiros.
  • Violência social - Qualquer comportamento que pretende controlar a vida social da pessoa, através do impedimento de visitar familiares ou amigos; cortar o telefone ou controlar as chamadas e as contas telefônicas; trancar a pessoa em casa, são exemplos constantes.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Gaslighting

Já ouviu falar em Gaslighting? A palavra específica, não me lembro de ter escutado, mas o significado... Bom, eu sigo destrinchando o quadro “Isso tem Nome” do Fantástico, justamente porque ele está dando nome a situações frequentes do dia a dia, que às vezes não sabemos identificar e muito menos, reconhecer como abuso. O Fantástico foi muito assertivo com a exibição desse quadro, é uma necessidade da sociedade, pois a nomeação gera o reconhecimento do sofrimento. Gaslighting é uma palavra inglesa que em português seria algo como abuso emocional, um tipo de violência psicológica.

Gaslighting ou gas-lighting é uma forma de abuso psicológico e ocorre quando as informações são distorcidas e omitidas de maneira seletiva para beneficiar o abusador. Nesse contexto, as informações são inventadas com o intuito de fazer com que a vítima duvide da sua própria memória, percepção e sanidade mental, ela se sente muito culpada, sem entender o motivo. A pessoa pode ter certeza absoluta de que algo está acontecendo, mas alguém tenta constantemente convencê-la de que é loucura da cabeça dela. Isso é uma manipulação psicológica.

Gaslighting - Você pode ser vítima dessa prática e nem se deu conta. (Reprodução internet)

A pessoa que sofre esse tipo de abuso começa a acreditar que está enlouquecendo, pois o abusador insiste em dizer: “você está louca”, “você está imaginando coisas”, “é coisa da sua cabeça”, “você está delirando”, “você está equivocada”... Toda essa pressão psicológica pode provocar sucessivas crises de ansiedade, prejudicando a saúde mental e mesmo assim, a vítima não consegue perceber que esse tipo de comportamento é abusivo. Alguns especialistas afirmam ser impossível que mulheres heterossexuais brasileiras nunca tenham sofrido gaslighting num relacionamento amoroso.

O termo inglês - gaslighting surgiu de uma peça teatral que se tornou um filme, intitulado “Gaslight” que significa “Luz a Gás”. O longa-metragem mostra um marido manipulando a mulher afim de que ela acredite estar louca, com objetivo de roubar suas joias. É importante prestar atenção no que está sendo dito, para identificar uma relação abusiva. Frases do tipo “você é louca” é um gatilho crucial, aliás, a palavra “louca” sempre está presente no relacionamento abusivo. Isso mexe com a autoestima da mulher e provoca muita angústia.

As circunstâncias desse abuso são vinculadas com a histeria. A Palavra histeria vem do termo hystera que significa útero em grego, sendo utilizada para qualificar a mulher como histérica, indicando que se trata de uma coisa interna, que vem do organismo feminino. Claro que, não é sempre que os abusadores são homens e as vítimas são mulheres. Esse tipo de manipulação psicológica pode ocorrer em diversos tipos de relacionamentos, como: amizade, familiar e até profissional. Entre os casais, pode acontecer o contrário, mulheres praticarem o abuso contra seus companheiros.

O gaslighting também é cometido por homens e mulheres que se relacionam com pessoas do mesmo gênero. Mas, geralmente essa é uma realidade bem presente nas relações heterossexuais, sendo praticado pelos homens. A mulher acaba vencida pelo cansaço e passa a acreditar que está de alguma forma exagerando, dando razão ao homem e admitindo ser a pessoa abusiva da relação. Assim, o homem vai jogando com a insegurança da mulher até ela explodir, daí todos a consideram como a louca e a agressiva, que precisa se tratar.

Existem muitas maneiras de praticar o gaslighting, algumas delas são: acusações descabidas, ameaças, aumento gradual de manipulações, chantagens variadas, constrangimentos, exaustão mental, humilhações, incoerências, mentiras, negação da realidade e palavras disfarçadas de amáveis. Gaslighting é um tipo de violência psicológica, que é crime previsto no Código Penal e a pena para quem pratica varia entre seis meses e dois anos.

Vale ressaltar que a violência psicológica pode se transformar em violência física. Na violência doméstica, antes da primeira agressão física, existem muitos atos de agressividade, como: controle, insultos, acusações, ofensas e xingamentos. É necessário reconhecer quando está vivendo uma espécie de relacionamento tóxico e cortar o mal pela raiz, dar um basta antes que o mal cresça.

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...