Já ouviu falar em Gaslighting? A palavra específica, não me lembro de ter escutado, mas o significado... Bom, eu sigo destrinchando o quadro “Isso tem Nome” do Fantástico, justamente porque ele está dando nome a situações frequentes do dia a dia, que às vezes não sabemos identificar e muito menos, reconhecer como abuso. O Fantástico foi muito assertivo com a exibição desse quadro, é uma necessidade da sociedade, pois a nomeação gera o reconhecimento do sofrimento. Gaslighting é uma palavra inglesa que em português seria algo como abuso emocional, um tipo de violência psicológica.
Gaslighting ou gas-lighting é uma forma de abuso psicológico e ocorre quando as informações são distorcidas e omitidas de maneira seletiva para beneficiar o abusador. Nesse contexto, as informações são inventadas com o intuito de fazer com que a vítima duvide da sua própria memória, percepção e sanidade mental, ela se sente muito culpada, sem entender o motivo. A pessoa pode ter certeza absoluta de que algo está acontecendo, mas alguém tenta constantemente convencê-la de que é loucura da cabeça dela. Isso é uma manipulação psicológica.
A
pessoa que sofre esse tipo de abuso começa a acreditar que está enlouquecendo,
pois o abusador insiste em dizer: “você está louca”, “você está imaginando
coisas”, “é coisa da sua cabeça”, “você está delirando”, “você está equivocada”...
Toda essa pressão psicológica pode provocar sucessivas crises de ansiedade,
prejudicando a saúde mental e mesmo assim, a vítima não consegue perceber que
esse tipo de comportamento é abusivo. Alguns especialistas afirmam ser
impossível que mulheres heterossexuais brasileiras nunca tenham sofrido gaslighting
num relacionamento amoroso.
O
termo inglês - gaslighting surgiu de uma peça teatral que se tornou um filme, intitulado
“Gaslight” que significa “Luz a Gás”. O longa-metragem mostra um marido
manipulando a mulher afim de que ela acredite estar louca, com objetivo de
roubar suas joias. É importante prestar atenção no que está sendo dito, para
identificar uma relação abusiva. Frases do tipo “você é louca” é um gatilho
crucial, aliás, a palavra “louca” sempre está presente no relacionamento
abusivo. Isso mexe com a autoestima da mulher e provoca muita angústia.
As
circunstâncias desse abuso são vinculadas com a histeria. A Palavra histeria vem
do termo hystera que significa útero em grego, sendo utilizada para qualificar
a mulher como histérica, indicando que se trata de uma coisa interna, que vem
do organismo feminino. Claro que, não é sempre que os abusadores são homens e
as vítimas são mulheres. Esse tipo de manipulação psicológica pode ocorrer em
diversos tipos de relacionamentos, como: amizade, familiar e até profissional.
Entre os casais, pode acontecer o contrário, mulheres praticarem o abuso contra
seus companheiros.
O
gaslighting também é cometido por homens e mulheres que se relacionam com
pessoas do mesmo gênero. Mas, geralmente essa é uma realidade bem presente nas
relações heterossexuais, sendo praticado pelos homens. A mulher acaba vencida
pelo cansaço e passa a acreditar que está de alguma forma exagerando, dando
razão ao homem e admitindo ser a pessoa abusiva da relação. Assim, o homem vai
jogando com a insegurança da mulher até ela explodir, daí todos a consideram
como a louca e a agressiva, que precisa se tratar.
Existem
muitas maneiras de praticar o gaslighting, algumas delas são: acusações descabidas,
ameaças, aumento gradual de manipulações, chantagens variadas, constrangimentos,
exaustão mental, humilhações, incoerências, mentiras, negação da realidade e palavras
disfarçadas de amáveis. Gaslighting é um tipo de violência psicológica, que é crime
previsto no Código Penal e a pena para quem pratica varia entre seis meses e
dois anos.
Vale ressaltar que a violência psicológica pode se transformar em violência física. Na violência doméstica, antes da primeira agressão física, existem muitos atos de agressividade, como: controle, insultos, acusações, ofensas e xingamentos. É necessário reconhecer quando está vivendo uma espécie de relacionamento tóxico e cortar o mal pela raiz, dar um basta antes que o mal cresça.
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