A tragédia do dia 05 de novembro de 2021 (sexta-feira) tirou a vida da cantora Marília Mendonça - 26 anos e de mais outras quatro pessoas: Abicieli Silveira Dias, tio e assessor da cantora; Henrique Ribeiro, produtor geral da artista; Geraldo Martins, piloto e Tarciso Pessoa, copiloto. O avião de pequeno porte decolou de Goiânia - Goiás e caiu em uma cachoeira na serra de Caratinga, no Vale do Rio Doce, interior de Minas Gerais. O acidente que calou a “rainha da sofrência”, uma das vozes mais potentes dos últimos tempos, deixou o Brasil triste e impactado, sem acreditar na realidade dos fatos.
A
sensação que eu tive foi de descrença naquilo que estava assistindo, no
primeiro momento, achei que o avião não tinha caído e sim feito um pouso de
emergência, pelo cenário apresentado, a aeronave parecia “preservada”. Segundo
especialistas responsáveis pelo resgate, provavelmente, as cinco vítimas
morreram na hora do impacto. Era quase impossível estarem com vida em
consequência da desaceleração que provoca ruptura de grandes vasos e causa
hemorragia, além de politraumatismo e graves lesões. O motivo das mortes ainda
está sendo investigado e será divulgado posteriormente.
A
morte de Marília Mendonça acentua a dor de um país inteiro que já está muito
machucado por causa das perdas provocadas pela Pandemia e por todas as mazelas
que estamos vivendo. O que mais me doeu nessa fatalidade foi pensar no filhinho
da Marília, o Léo de 01 ano e 10 meses, isso dilacerou meu coração. O maior
medo de uma mãe é perder o filho ou perder a vida e deixar o filho, tenho
certeza que se de alguma forma ela percebeu a tragédia se aproximando, foi no
Léo que ela pensou, foi em nome dele que ela chamou por Deus. Acredito que na
hora do desespero todos eles pensaram nos filhos pequenos.
É
angustiante pensar nas mães das vítimas desse desastre e de tantos outros, mãe
nenhuma está preparada para perder um filho, isso vai contra a lei natural da
vida. É impossível mensurar o tamanho da dor que é perder um filho, dói só de
imaginar. Só peço a Deus que console e traga conforto aos corações de todos.
Como diz sabiamente o Padre Fábio de Melo: “Não é só uma voz que se cala; é uma
filha que se foi, é uma mãe que não volta. Quantos morrem naquele que morre?
Com você Marília, morreu uma multidão.”, é isso, são muitos que morrem em um
só.
Marília
Mendonça ajudou a criar e era a principal voz do “feminejo”, uma vertente do
sertanejo protagonizado pelas mulheres. Com talento, voz intensa e grave, ela sempre
foi uma mulher a frente do seu tempo, que cantava as alegrias, os amores e as
dores do mulheril, como traições e sofrimentos amorosos, mas não numa
perspectiva frágil e submissa, sua postura era totalmente empoderada e dona da
razão. A artista simplesmente quebrou paradigmas com o objetivo claro de
encorajar pessoas. Abriu caminho para a total visibilidade das mulheres em um
universo dominado pelos homens.
Com
intensidade e carisma, a cantora e compositora mostrou que as mulheres podem e
devem assumir o controle do próprio destino, ajudando a empoderar inúmeras de
nós e a provar do que somos capazes. Ela ensinou através da música que a mulher
deve se amar, se entender, superar, cuidar da autoestima, deixar a insegurança
de lado e prezar pela liberdade, autonomia de ser quem é, encarando sem medo o preconceito
e a misoginia. Trata-se de uma verdadeira revolução, com um olhar feminino e a
força do feminismo.
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