Você sabe o que é etarismo? Já ouviu essa palavra antes? Eu confesso que não tinha muita familiaridade com esse termo, até assistir o primeiro episódio do quadro “Isso Tem Nome” do Fantástico e me interessar em pesquisar mais sobre o assunto. Não é preciso muito para identificar o quanto essa palavra é comum e está presente no nosso dia a dia, mesmo sem ter o hábito de utilizar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas no mundo já demonstrou ações discriminatórias que prejudicam a saúde mental e física dos idosos.
O
etarismo nada mais é do que o preconceito de idade. A discriminação também é
chamada de “idadismo” ou “ageísmo”, é muito comum e surge quando a idade é
utilizada para classificar e segmentar os indivíduos. Essa separação pode
provocar danos, desvantagens e até injustiças. O etarismo e suas vertentes podem
se apresentar de diversas formas, como em comportamentos preconceituosos, em
ações discriminatórias e através de políticas e práticas institucionais que
sustentam convicções estereotipadas.
Segundo
um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a discriminação por idade
é um desafio global e leva a uma saúde pública mais precária, ao isolamento
social e pode até causar mortes prematuras. Trata-se de uma capciosa calamidade
na sociedade. A discriminação por idade influencia na saúde através de três
processos: comportamental, fisiológico e psicológico, ou seja, impacta
diretamente na qualidade de vida das pessoas. Manifestações de preconceito com
base na faixa etária são mencionadas em diferentes situações do nosso
cotidiano.
No
Brasil, etarismo é um tema novo, pouco conhecido e que ainda precisa ser muito
debatido. Esse tipo de conduta da sociedade, que contesta a competência de uma pessoa
por causa de sua idade, provoca a não aceitação, falta de respeito e ética,
desprezo, agressões, humilhações, contribui para a baixa autoestima, sentimentos
de desamparo e menos valia. É um estereótipo que atinge principalmente as
mulheres e geralmente de forma cruel, exemplo: nas histórias infantis o homem
velho é sempre um sábio senhor e a mulher velha é sempre a bruxa.
O
termo etarismo foi usado pela primeira vez em 1969, pelo gerontologista,
psiquiatra e autor americano Robert Neil Butler (1927 - 2010), para
caracterizar a intolerância relacionada com a idade, contendo semelhanças com “racismo”
e “sexismo”, direcionada aos mais velhos. Entretanto, em 1999, o gerontologista
e professor americano Erdman Ballagh Palmore ampliou o conceito, que passou a
ser executado com frequência, para nomear qualquer espécie de discriminação
baseada na idade, abrangendo preconceito contra crianças, adolescentes, adultos
ou idosos.
A
Gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas
dimensões biológica, psicológica e social. A discriminação por causa da idade é
mais intensa em sistemas onde a população convive fortemente com a desigualdade
social. Uma maneira de combater o etarismo é evitar dizer frases
preconceituosas e estereotipadas:
- Desculpa
perguntar, mas quantos anos você tem?
- É uma “coroa” enxuta para a idade.
- Ela poderia ser mãe dele.
- Está querendo parecer mocinha / garotão.
- Está velha demais para isso ou aquilo.
- Não parece que você tem essa idade.
- Qual o segredo para estar tão conservada?
- Que bonita! Não entrega a idade.
- Sério que você tem essa idade?
- Solteira nessa idade? Vai ficar para titia.
- Você deve ter sido muito bonita quando jovem.
- Você não tem mais idade para fazer ou usar isso.
- Você parece mais jovem.
Podemos provocar muito sofrimento por falta de conhecimento ou pela falta de interesse em aprender e se informar. São as pequenas atitudes e mudanças que fazem uma grande diferença.
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