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terça-feira, 14 de setembro de 2021

Memórias

Está chegando meu aniversário e todo ano, no período que antecede esse dia, eu fico mais nostálgica. São memórias que me atingem com maior facilidade nessa época e nem sempre são lembranças felizes. A memória é o acúmulo de conhecimentos e acontecimentos adquiridos por intermédio de experiências vividas ou ouvidas. Trata-se da habilidade de obter, reunir e resgatar informações disponíveis, que pode ser internamente; no cérebro - memória biológica, ou externamente; em dispositivos artificiais - memória artificial.

Uma pessoa sem lembranças é como uma folha em branco. (Reprodução internet)

Às vezes, as memórias nos enganam e por essa razão, nem sempre é válida a máxima do “recordar é viver”, em muitas situações, o melhor é deslembrar. Para que possamos evoluir, é importante esquecer coisas, para que novas memórias possam surgir. Na realidade, são as memórias que nos tornam quem somos, elas nos auxiliam na compreensão do mundo e aguçam o nosso olhar para o que realmente interessa. As memórias são importantes para o processo de aprendizagem, além de capacitar na criação dos vínculos afetivos.

Especialistas explicam que, alguns acontecimentos são mais complicados de esquecer e por que nos lembramos de algumas situações de maneira diferente de como ocorreram. No dia 11 de setembro, o maior ataque terrorista da história, nos Estados Unidos, completou 20 anos. Foram cenas terríveis, tristes e impactantes, eu lembro onde estava e o que fazia naquele fatídico dia. Com toda a mídia relembrando esse acontecimento que marcou a minha geração, consegui recordar detalhes incríveis daquela data.

A memória é preservada dentro do um dos órgãos mais complexos do corpo humano, o cérebro, ele funciona como uma rede que possui estrutura neurológica que participa dos processos de aprendizado, emoção e memória, além de seus respectivos gerenciamentos. É fascinante o poder que o nosso cérebro possui, ele se desenvolve a partir da gestação, segue amadurecendo pela infância e adolescência, atingindo sua maturação biológica aos 22 anos. Toda a atividade cerebral é fundamentada pelos neurônios, essenciais na estruturação do cérebro.

Fatores externos como contato social, grau de escolaridade e estímulos diversos como esportivos, musicais e linguísticos, influenciam na formação dos traços que formam um mapa único e individual de cada pessoa. Esse mapa é a memória desenhada no cérebro organizado de forma bem complexa, por todas as experiências do indivíduo em questão. Existem diferentes tipos de memórias, que podem ser: de curto prazo, que duram de três a seis horas ou de longa duração, que podem durar dias, anos e até a vida inteira.

Entre as memórias de curto prazo estão: imediatas - que guardam informações por um tempo curto; de trabalho - que armazena informação temporariamente para tarefas cognitivas. Entre as memórias de longa duração estão: episódicas - que têm referências pessoais; semânticas - as informações do mundo que são adquiridas no decorrer da vida; não declarativas - que não podem ser contadas ou ensinadas oralmente. As memórias também podem ser treinadas para que se tornem definitivas, através da prática e da repetição.

Os cientistas denominam de plasticidade cerebral, quando a informação sai do impulso momentâneo, se reorganiza e modifica a estrutura do sistema nervoso. O cérebro trabalha para acondicionar as memórias a partir das vivências e comportamentos, ele tem a capacidade de evoluir através de novas experiências. Para conservar a memória saudável é necessário manter, entre outros: atividade física, boa alimentação, bom aprendizado, redução do estresse, sono reparador, saúde mental e emocional. O importante é se cuidar e preservar essa magnífica máquina humana.

@marciamacedostos

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Déjà vu

Sabe aquela sensação de já ter vivido ou visto uma determinada cena ou situação antes? É uma impressão que pode ser boa ou ruim, sem a existência de uma regra específica para sentir e que ocorre de forma involuntária. Déjà vu é uma Paramnésia, uma forma de ilusão da memória que leva o cidadão a acreditar já ter visto ou vivido alguma coisa ou situação desconhecida e nova para si. Paramnésia é um distúrbio da memória, em que se relembram as palavras, porém fora de seu significado exato, trata-se de uma Psicopatologia.

Déjà vu é um galicismo - modo de falar ou escrever próprio da língua francesa, é um francesismo que reproduz o comportamento psicológico da comunicação de ideias de que já esteve naquele local antes, já viu aqueles indivíduos, ou outro elemento externo. O termo francês é uma expressão que significa: “já visto”. A sensação de ter um déjà vu é mágica, é possível prever cada quadro da cena, a pessoa sabe tudo que vai acontecer, como se estivesse dentro de um filme já assistido. O presente e o passado se misturam e tornam uma coisa só.

Impressão ou sensação intensa de ter vivido no passado uma situação atual. (Reprodução internet)

Conforme estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa, aproximadamente dois terços da população mundial já tiveram ao menos um déjà vu na vida. A ciência reconhece a dificuldade de comprovação desse assunto, já que é muito complicado de promover déjà vu em laboratório. De acordo com Morton Leeds, a maioria dessas experiências ocorrem em momentos de estresse. Ele é um estudante americano dos anos 1940, que tinha cerca de um déjà vu a cada 2,5 dias e durante um ano registrou num diário tudo sobre essas experiências, hora, sensação e descrição da cena.

Especialistas afirmam que as pessoas mais jovens e viajadas são mais propensas a viver e sentir as sensações do déjà vu. Quando a pessoa passa por esse tipo de experiência de forma excessiva, pode ser que a sua massa cinzenta atrofiou no lobo temporal que fica na parte lateral do cérebro, sendo justamente essa parte que governa formação e gerenciamento das memórias. O diagnóstico pode ser comprovado através de uma Tomografia no cérebro. Em tese, as mentes conectam as lembranças na mesma fração de segundos em que são gravadas.

Esse processo provoca uma ilusão permanente, fazendo o presente parecer uma memória, é como se vivesse o tempo todo no passado. A falta de timing do lobo temporal é constante nos casos crônicos, já nos casos moderados essa ausência só ocorre ocasionalmente ou somente uma vez na vida. Uma outra linha de estudos explica que, o déjà vu está associado aos porões mais obscuros do cérebro, onde estão as memórias do que não foi visto. É possível guardar imagens de lugares desconhecidos no inconsciente, sem que isso seja perceptível.

Seguindo essa linha de raciocínio, déjà vu significa acessar memórias que nunca foram registradas pela consciência. A mente pode ser caracterizada como um fenômeno complexo da natureza humana associada ao ato de pensar. E um traço distinto da mente, são os fragmentos de memória que trazem à tona, cenários inteiros do passado. Exemplo disso é quando sentimos um cheiro específico que nos remete a infância e a nossa cabeça tem a capacidade de nos fazer viajar no tempo, voltando ao exato momento em que sentimos aquele cheiro pela primeira vez.

Essa sensação nasce em uma região específica do cérebro e imagina-se que, com o déjà vu acontece a mesma coisa, como se ele tivesse um canto permanente no cérebro. É uma espécie de mecânica secreta que confunde memória com realidade. Por meio de uma Ressonância Magnética descobriu-se que, a área do cérebro que fica ativa durante o déjà vu é o lobo frontal, que está relacionado com a tomada de decisões. Ele funciona como um antivírus que faz uma varredura nas memórias para evitar arquivos corrompidos. O déjà vu é o aviso de que o problema foi encontrado, isolado e resolvido.

Outros especialistas consideram que a definição mais plausível é que o déjà vu seja uma espécie de alarme consciente de uma incompatibilidade sendo corrigida do que um erro de memória. O fato de uma pessoa nunca ter tido um déjà vu, não quer dizer que o cérebro dela não esteja funcionando bem. Não sentir esse fenômeno significa que a cabeça está bem e não está cometendo nenhum erro de memória. Geralmente o déjà vu acontece com pessoas na faixa etária de 15 a 25 anos.

@marciamacedostos

terça-feira, 3 de maio de 2022

Amizade

Amizade é a relação afetiva entre as pessoas, é uma das coisas mais importantes da vida e não existe nada melhor do que estar entre amigos. É compartilhar alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, expectativas e desilusões. Um amigo de verdade não precisa, necessariamente, estar perto o tempo todo, é essencial estar junto no lado de dentro. É você saber que pode contar, independente de qualquer coisa. Amizade é um relacionamento onde os indivíduos têm afeto e carinho por outros indivíduos, envolvendo um sentimento de lealdade e proteção. Amigo é aquele que consola sem dizer uma palavra, porque um abraço, um olhar e a presença já dizem tudo.

A amizade alimenta a nossa alma. (Reprodução internet)

Uma relação amigável pode existir entre os mais diferentes vínculos: homens e mulheres, pais e filhos, irmãos, casal, parentes e qualquer diversidade. Existem momentos na vida em que a ausência de um amigo abala a estrutura, é algo que às vezes chega a doer. Amizade é um vínculo afetuoso que, a princípio, não apresenta características romântico-sexuais entre pessoas. Trata-se de uma afinidade humana que compreende o conhecimento mútuo e a simpatia pelo outro, possuindo também características como fidelidade, respeito e abnegação. A amizade nos torna pessoas melhores, simplesmente por nos fazer mais conscientes com o outro.

Nós conseguimos nos encontrar dentro de uma amizade e nesse lugar nos tornamos mais responsáveis e solidários. Só um verdadeiro amigo é capaz de te resgatar do mais vazio dos dias, te colocar para cima e te impulsionar para frente, além de se preocupar com a sua evolução e o seu crescimento pessoal. Amizade é enxergar no outro a oportunidade e o desejo de estar junto para o que der e vier. É reciprocidade, e talvez seja por isso que ela seja a mais importante das relações, somente pelo fato de estar presente em todos os relacionamentos. Em todo tipo de convivência é imprescindível ter amizade e respeito, para que se mantenha saudável.

As relações humanas são muito complexas e encontrar um amigo não é tarefa fácil. Em uma amizade é importante existir confiança e a vontade de compartilhar a história de vida, que envolve capítulos com roteiros variados e uma narrativa nada linear. Precisamos estar dispostos para viver a experiência de se conectar com profundidade e positividade, mostrando a essência das emoções e gerando confiança e intimidade. Amigos dividem aprendizados, dores, histórias, memórias, opiniões, problemas, risadas, segredos, silêncios, ajudam a desembaraçar qualquer nó e acima de tudo contribui com o nosso bem-estar, respeitando sempre as diferenças.

Manter uma amizade exige cuidado, precisa dedicar tempo e interesse, dar atenção e carinho. Assim como uma planta necessita ser regada para se manter viva, a relação entre amigos precisa ser cultivada para continuar vigorosa. A amizade entre duas ou mais pessoas surge da empatia, mas ela só sobrevive de reciprocidade. É fundamental que exista solidariedade, por ser considerada como um dos ativadores mentais mais importantes que existe, baseada na capacidade prática de trocar experiências e no ato de dar e receber. Reciprocidade é a sensação maravilhosa de gratidão transbordante e para desenvolvê-la, a regra é simples e clara: trate as pessoas como você gostaria de ser tratado.

@marciamacedostos

terça-feira, 8 de março de 2022

Saudade

Você tem saudade do quê? De pessoas queridas que partiram, seja porque faleceram ou que simplesmente foram embora?... Eu também, muita. De algo importante? De momentos especiais? Essa pergunta provoca uma série de sensações, às vezes, difíceis de contextualizar. Exemplo: Eu tenho saudade da minha adolescência e juventude. Mas não é saudade daquilo que de fato vivi naquele período e sim, daquilo que poderia ter vivido se a maturidade tivesse sido suficiente. É doido isso, e cruel também. Cobrar maturidade de uma menina que está descobrindo a vida, já que só se atinge esse senso a partir das experiências vividas. Não faz sentido, é contraditório.

A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo. (Reprodução internet)

O termo “saudade” só existe em português e é uma das palavras da língua portuguesa mais presentes nas poesias de afeto e nas músicas populares, pois descreve exatamente, a mistura dos sentimentos de amor, distância, falta e perda. É um substantivo feminino e trata-se de um sentimento nostálgico e melancólico provocado pela distância ou ausência de uma pessoa, uma coisa, um lugar, ou é motivado pela vontade de reviver experiências, situações e momentos prazerosos já vividos. O fato é que, sentir saudade vai mais além do que lembrar e recordar, na verdade, sentir saudade é experimentar um dos sentimentos mais dolorosos que existem.

Sentir saudade é muito mais do que recordar os bons momentos que vivemos com outra pessoa. Mesmo que ela não esteja mais presente em nossas vidas, ocasionalmente, as recordações irão nos devastar, com certa frequência. Vivenciar a saudade consiste no vazio que é gerado em nós quando alguém querido se vai. A saudade dói e essa dor resulta da falta que sentimos de uma avó querida que faleceu, de um amor da adolescência, de um estimado amigo, dos momentos felizes da nossa infância. Não queremos ficar aflitos pela dor da saudade, mas é algo impossível de controlar. Sentimos uma pressão no peito e as lágrimas acabam brotando dos olhos.

A saudade é mais do que lembrar e sofrer, quando é intensa provoca um buraco na alma que não é possível preencher com nada, é se deparar com o vazio que uma partida nos causou. Não é só lembrar, é almejar por uma pessoa e também pelos momentos únicos vividos com ela. Mas é necessário seguir em frente e continuar com a vida, preservando as memórias. No campo dos sentimentos, o sofrimento ocorre justamente, porque não podemos mais ter aquele ou aquilo que tínhamos. Conforme o tempo vai passando, as recordações vão deixando de doer e o vazio deixado pelas lembranças não mais nos impedem de seguir adiante.

Existem processos que podem ajudar muito, quando sentimos saudade de pessoas amadas e também podem oportunizar e melhorar as relações interpessoais: reforçar o vínculo com pessoas queridas - isso fortifica a ideia de bem-estar e segurança; se permitir e cuidar do seu mundo interior - é um dos eixos que mantém o seu equilíbrio emocional e proporciona um bem-estar psicológico; se fortalecer - você se sente desafiado a se adaptar e desenvolver novas habilidades, te fortalecendo emocional e mentalmente. Nem sempre, sentir saudade é um sinônimo automático de tristeza, ela pode auxiliar na busca de paz interior e no crescimento emocional.

@marciamacedostos

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Experiências

As experiências da vida, sejam elas boas ou ruins, nos ensinam a não repetir os mesmos erros e assim temos a possibilidade de construir um futuro diferente e melhor. Todo tipo de aprendizado tem valor e é pertinente para o nosso desenvolvimento mental e espiritual. Estamos condicionados a dar a volta por cima, mesmo sem perceber, isso faz parte da nossa vivência. É preciso ter discernimento para saber assimilar os bons e os maus momentos que a vida nos apresenta. É fundamental sair da zona de conforto para experimentar coisas novas.

O melhor professor da vida é a experiência. Ela cobra caro, mas explica bem. (Reprodução internet)

Devemos ter sensatez e saber que, vida perfeita não existe nem nos contos de fadas. Todos nós passamos por momentos difíceis, independente da nossa vontade, faz parte da vida. São esses períodos complicados, que se transformam em lições valiosas para o nosso crescimento pessoal e como para tudo existe um propósito, aprendemos melhor por meio da dificuldade, do que através de acontecimentos felizes. O tempo é o melhor remédio para amenizar, mesmo que devagar, as lembranças de memórias ruins. É um desafio e desafios existem para serem vencidos.

No decorrer da vida acumulamos situações de angústia, mágoa, sofrimento e tristeza, isso é um fato, ninguém é plenamente feliz todos os dias. Mas, é humanamente impossível conviver com esses sentimentos ruins o tempo todo, as amarguras da vida não se apagam, elas vão se diluindo com o passar do tempo e ficando menos doloridas. O que podemos fazer para melhorar a qualidade de vida é focar no que é bom e nos dá prazer, potencializar os momentos felizes, não valorizar além da conta, aquilo que nos faz mal e travam o nosso processo de evolução.

Existem três atitudes necessárias para conseguirmos compreender melhor os nossos bons e maus momentos: maturidade - a capacidade de saber como e quando devemos agir, de acordo com as circunstâncias; humildade - a virtude que consiste em conhecer as nossas próprias limitações e fraquezas, e agir de acordo com essa consciência; equilíbrio - a competência que permite reconhecer a influência das emoções e exercer o autocontrole sobre elas, a fim de obter reações mais centradas, mesmo diante de situações extremas.

É importante buscar bons motivos para ser feliz, a felicidade não cai do céu, ela é antes de tudo, um estado de espírito e pode ser definida por um momento onde há a percepção de um conjunto de sentimentos prazerosos. A nossa evolução pessoal consiste na capacidade que temos de nos reerguer e na maneira como encaramos a realidade, que é absolutamente diferente para cada indivíduo. As experiências da vida podem se fragmentar em ciclos e eles são distintos. Teremos ciclos felizes e outros infelizes, o mistério está na soma dos resultados, idealizando a positividade de tudo.

A realidade individual de cada pessoa é diversificada e somente ela estabelece o destino de cada um. Segundo o autor americano Gary Zukav: “Realidade é o que pensamos ser verdade. O que pensamos ser verdade depende do que acreditamos. O que acreditamos, depende das nossas percepções. O que percebemos, depende do que buscamos. O que buscamos, depende do que pensamos. O que pensamos, depende do que percebemos. O que percebemos determina no que vamos acreditar e o que acreditamos determina a nossa verdade.” Você é a soma das suas experiências.

@marciamacedostos

terça-feira, 1 de março de 2022

Perdi minha vó

Receber essa notícia era o que mais temia toda a família, sabíamos que poderia acontecer a qualquer momento, pelo estado de saúde melindroso e debilitado que dona Teinha se encontrava. Confesso que não estávamos preparados para perdê-la, não é fácil, mas decidiu Deus recolher a minha vó materna em 22 de fevereiro de 2022 logo pela manhã, bem cedinho. Quando todos pensavam que ela partiria em meio a uma crise, correria para o socorro e muito sofrimento, ela passou a noite relativamente bem, acordou falante e com sede, se alimentou, pediu que uma das filhas ficasse com ela e quando duas filhas faziam seus cuidados matinais, ela citou alguns nomes de familiares, abençoou todo mundo, deu seu último suspiro e serena partiu, em paz.

Ficam as lembranças para contar como foi a sua vida. (Arquivo pessoal)

Dona Teinha era uma mulher forte, corajosa, bondosa e resignada, cuidava de todos, filhos, netos e agregados, com muita dedicação. Lembro-me das inúmeras férias que passei com ela, a casa sempre cheia e mesmo com poucos recursos, ela conseguia dar conta de tudo com maestria, uma verdadeira representante da mulher nordestina, que nunca desiste. Quando jovem, minha avó era uma mulher ativa, enérgica e dinâmica, mas com o passar do tempo ela foi enfrentando vários problemas sérios de saúde e por vezes me perguntei como ela suportava tanta dor e já no fim da vida, a gente sofria ao contemplar tanto sofrimento naquela mulher que definhava cada dia mais. Mas, não lhe faltaram zelo, cuidados e tratamentos, na tentativa de amenizar aquele padecimento.

Vó faleceu aos 81 anos de idade, casada com o senhor Francisco há 62 anos, dessa união nasceram 14 filhos (01 in memoriam), 38 netos (01 in memoriam), 26 bisnetos (01 in memoriam) e vem chegando mais por aí. A prole de dona Teinha e sr. Chico é grande! Como ela era uma esposa dedicada! Sempre preocupada com meu avô, o amava incondicionalmente. Mulher sábia e virtuosa! Durante a despedida, todos concordaram que, parecia que vó estava se despedindo de cada um e comigo não foi diferente. No dia 07 de fevereiro fui visitar meus avós e a encontrei falante e sorridente, eu disse para ela que sentia saudade de sua comida, do macarrão frito e do ovo com tempero que ela fazia como ninguém e que despertam em mim, muitas memórias afetivas.

A prole de dona Teinha e sr. Chico... Falta Wilton Francisco - in memoriam. (Arquivo pessoal)

Naquele dia, enquanto eu conversava com uma das tias, ela interrompeu e me fez um pedido inusitado: “Márcia, você não vai tirar foto?” Eu: “A sra. quer foto, vó? Vamos tirar sim.” Ela: “Quero uma foto sua, que está bonita.” Eu: “Não, vamos tirar foto juntas.”... E tiramos a foto. Hoje sei que essa foi a nossa despedida e que bom que pude ter esse momento com ela, vou lembrar e guardar para sempre em minha memória e no meu coração. Graças a Deus, eu tive a oportunidade de vê-la e tomar a bênção, uma semana antes da sua partida, 12 de fevereiro foi o último dia que a vi com vida. Tenho uma vida inteira de boas recordações da minha vó, são preciosas lembranças que ficarão em mim eternizadas. 

Eis a foto... Meu coração sofre com o vazio da sua ausência. (Arquivo pessoal)

Amo demais essa veinha, digo que amo no tempo presente, porque ela continua viva dentro de mim. Vó Teinha era uma referência para todos nós, honesta e digna, merecia nosso respeito, consideração e reverência, era muito querida e amava cantar, e cantou até o fim da vida. Enquanto escrevo esse texto, choro e lembro-me dela cantando, louvando a Deus, eu gostava de acompanhar, ela pedia para gente cantar com ela e para ela. Uma mulher de que amava Jesus Cristo. A saudade aperta tanto que chega doer, mas nós entendemos que ela está descansando nos braços do Pai e está livre de todo sofrimento terreno. Nós não sabemos lidar com a perda das pessoas que amamos, vamos ter que aprender, vivendo e sentindo a enorme falta que ela já nos faz.

É difícil encontrar palavras de conforto na hora do adeus. Eliene - minha mãe, a filha mais velha. (Arquivo pessoal)

A nossa matriarca deixa um legado de muita resiliência, um exemplo de mulher. Tomara que tenhamos aprendido pelo menos um pouquinho com a ilustre mulher que ela foi. A despedida dela foi linda, muita gente foi dar um último adeus e tenho certeza que isso aconteceu porque ela era muito querida por todos. Dizem que vó é mãe duas vezes e dona Teinha com certeza, foi uma segunda mãe para mim e até pro meu filho que a chamava carinhosamente de “Bisa”, ela gostava de ser chamada assim. Peço a Deus que console e conforte os corações enlutados da minha mãe, do vô Chico, das tias e dos tios, netos(as) e bisnetos(as), genros e noras. Que o Senhor nos ajude a suportar a saudade que só cresce dentro de nós.

Deixo aqui registrado a minha singela homenagem à nossa eterna DONA TEINHA. Que o tempo seja capaz de transformar a dor da perda em saudade serena e que acalme os corações, em vez de fazer sofrer. “Combateu o bom combate, completou a carreira, guardou a fé e agora descansa nos braços do Pai.”

É nas mãos fortes e calejadas da velhice que encontramos o verdadeiro sentido da vida. (Arquivo pessoal)

AURISTELA PETRONILA DE JESUS

(26/10/1940 – 22/02/2022)

Cipó - Bahia

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...