terça-feira, 30 de novembro de 2021

Colorismo

Você sabe o que é colorismo? Provavelmente, você já escutou essa palavra em alguma situação. Trata-se de um termo usado para diferenciar variadas tonalidades da pele negra, desde o tom mais claro até o tom mais escuro. O colorismo ou a pigmentocracia, que também é chamado de discriminação pela cor da pele, é uma forma de preconceito ou discriminação onde pessoas que em geral são membros da mesma raça, são tratadas de maneira diferente baseado em implicações sociais que se apresentam com os significados culturais relacionados com a cor da pele.

"Tire seu preconceito do caminho, que eu vou passar com a minha cor." (Reprodução internet)

As tonalidades da epiderme negra também possibilitam a inclusão ou a exclusão do indivíduo na sociedade brasileira. O colorismo estabelece tonalidades de pele como se fosse uma classificação de lápis de cor em tons claros e escuros. Atualmente esse tipo de separação pode favorecer a vivência de quem tem a pele mais clara e complicar a vida cotidiana de quem tem a pele mais escura, ou seja, um negro que possui a tonalidade da pele mais clara tem mais aceitação na sociedade, isso porque a pigmentação de sua epiderme é mais parecida com a etnia branca.

Para fechar o mês da consciência negra, resolvi estudar mais sobre esse assunto, ressaltando que o negro não é negro só em novembro. É possível identificar quando algo está associado ao colorismo sempre que se percebe a intenção de anular ou a tentativa de camuflar a etnia, usando, por exemplo, apelidos como: café com leite, cor de canela, cor de jambo, marrom bombom, morena jabuticaba, entre outros. O colorismo é uma tentativa de individualizar a tonalidade da pele, como se dessa forma a pessoa pudesse ser menos negra e mais parecida com uma pessoa branca.

Por intermédio do colorismo, a sociedade produz subterfúgios para que o preconceito e a intolerância continuem existindo nos espaços sociais. Essa distinção e desrespeito à diversidade provoca insegurança, instabilidade e falta de identidade e de pertencimento à cultura. É fundamental valorizar a cultura e a identidade negra para combater os símbolos de inferioridade, daí a importância da consciência negra. No colorismo o indivíduo é classificado pelo grau de sua negritude, normalmente quando possui os traços físicos mais próximos do critério branco, a exemplo da frase: “negro de traços finos”.

Todos esses problemas provocam a camuflagem do racismo que ainda é tão presente no Brasil. O colorismo favorece o preconceito velado que as pessoas de pele mais escura vivenciam diariamente, provocando um sentimento de baixa autoestima, angústia e injustiça. Ele gera conflito até dentro da comunidade negra e motiva a impressão de que a sociedade possibilita e oferece oportunidades, além de classificar quem é mais claro e mais escuro, quem serve ou não para trabalhos específicos, remetendo a uma divisão das atividades num contexto de casa grande e senzala.

Quanto mais escuro, menos aceitação, lamentavelmente. No campo afetivo também existe um “ideal” dentro dessa hierarquia de cores e tons, cujo objetivo é atingir a branquitude, eliminando ou rejeitando a negritude. De acordo com Messias Basques - doutor em antropologia pelo Museu Nacional, que pesquisa raça, questões raciais e povos indígenas: “Nessa escala cromática, quanto mais se aproximam daquilo que é branco passam a serem vistas como mais humanas, menos pretas, menos selvagens, menos tribalizadas, atrasadas e primitivas”.

@marciamacedostos

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Consciência Negra

Em 09 de janeiro de 2003 foi criado no Brasil o Dia Nacional da Consciência Negra, pelo projeto de Lei nº 10.639. A data é celebrada em 20 de novembro, mas durante todo o mês acontecem diversos eventos relacionados ao tema. Consciência Negra consiste em legitimar e enaltecer a luta dos povos negros, homenagear a cultura negra e valorizar todas as contribuições que eles deram para a composição da sociedade brasileira. A importância dessa data reforça a necessidade que toda sociedade tem de refletir, rever e agir no combate ao racismo estrutural implantado no nosso país.

A ignorância é a base do racismo. (Reprodução internet)

A ideia é originada dos anos 1970, quando surgiram grupos que lutavam contra o racismo, a exemplo do Grupo Palmares de Porto Alegre - Rio Grande do Sul, que era associado a um quilombo e ao Movimento Negro Unificado, um grupo de ativismo político, cultural e social, fundado em 1978. Essa equipe estudava e reverenciava a cultura e a literatura negra, além de investigar e debater assuntos relacionados com outros ativistas, cuja inspiração seria a luta contra o Apartheid, um regime de segregação racial implantado na África do Sul em 1948, adotado até 1994.

O objetivo principal era oportunizar ações para refletir a consciência negra e combater o racismo. O 20 de novembro foi instituído em âmbito nacional mediante a Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011 e mesmo não sendo considerado feriado, vários municípios adotaram como sendo. A data de conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento da população negra foi escolhida por se tratar do dia da morte de Zumbi dos Palmares (1655 - 1695), último líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo do Período Colonial, localizado na região Nordeste.

Zumbi foi um símbolo na luta e resistência contra a escravidão e a opressão, com apoio de Dandara dos Palmares que segundo fontes historiográficas era sua esposa e Tereza de Benguela conhecida como “Rainha Tereza”. Ao mesmo tempo em que existem motivos para festejar o dia da Consciência Negra, há também várias razões para debater o racismo e fortalecer a ideia de integração igualitária da população negra na sociedade, combatendo a exclusão e a desigualdade social. Portanto, as atividades desenvolvidas no 20 de novembro são focadas na conscientização e na reflexão.

De acordo com análise de dados sobre renda e desigualdade, é possível constatar que, infelizmente, o Brasil ainda permanece sob forte influência hereditária da escravidão quando o assunto é igualdade e inclusão social. As gerações afro-brasileiras que sucederam o período da escravidão seguem sofrendo variados níveis de preconceito, intolerância, assédio e violência. É importante salientar que o negro não é negro só em novembro, assim como a mulher não é mulher só em março, logo devemos repensar e corrigir nossas atitudes, cotidianamente. Respeito não tem cor, tem consciência.

Racismo consiste no preconceito e na discriminação com base em percepções sociais pautadas em diferenças biológicas entre os povos. Trata-se de um antagonismo praticado contra um ou mais indivíduos, pelo fato de pertencer a um determinado grupo racial ou étnico. No ano de 1986, foi sancionada a Lei nº 7.716, que classifica como crime qualquer manifestação motivada por questões raciais. Além de ser desumano, o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, e no Brasil quem comete atos racistas fica sujeito a pegar de um a três anos de prisão. A injúria racial é outro crime especificado no Código Penal, suscetível a punição, o condenado pode ficar de um a seis meses na detenção, podendo realizar o pagamento de multa.

@marciamacedostos

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Proclamação da República

Em 15 de novembro é celebrado o dia da Proclamação da República do Brasil. A data foi instituída como feriado nacional pela Lei nº 662, de 06 de abril de 1949. “Pois diga ao povo que a República está feita”, disse o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1827 - 1892), na ocasião da Proclamação da República, na cidade do Rio de Janeiro - RJ, então capital do país, em 15 de novembro de 1889. O evento foi coordenado por um grupo de militares liderado por Deodoro da Fonseca, que deu um golpe de estado no Império.

República significa, literalmente, "coisa pública", aquilo que diz respeito ao interesse público de todos os cidadãos. (Reprodução internet)

Essa promulgação foi consequência da articulação entre civis e militares que estavam insatisfeitos com a Monarquia e entre outras exigências, eles queriam garantir o direito de manifestar suas posições políticas, que havia sido proibido pelo governo monarca, exigiam ter maior participação pela via eleitoral e algumas classes de diferentes camadas da sociedade estavam inconformadas. Nos anos 1880, tantas insatisfações se tornaram uma conspiração de classes populares, elites, emergentes, militares, políticos e escravos que formavam grupos com críticas à Monarquia.

Todos esses grupos se reuniram e organizaram um golpe que derrubou a Monarquia e expulsou a família real do Brasil. A abolição da escravatura, através da Lei Áurea assinada em 13 de maio de 1888, agregou forças ao movimento republicano. No decorrer da década de 1880, os movimentos públicos se tornaram comuns, as críticas ao imperador Dom Pedro II (1825 - 1891) eram crescentes e em julho de 1889 após um atentado ao monarca, o Império proibiu as manifestações públicas em defesa da República.

Apesar das proibições, os grupos de insatisfeitos eram muito grandes e o Brasil estava num caminho sem volta. Figuras importantes da época faziam parte da conspiração que estava em curso, só faltava o apoio do marechal Deodoro da Fonseca que era um militar influente e primeiro presidente do clube militar. Em 10 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca foi convencido a participar do movimento e a partir daí, boatos sobre a conspiração ganharam força e no dia 14 foram divulgadas ao público, informações falsas sobre a Monarquia, para arrebanhar mais apoiadores.

Em 15 de novembro, enquanto o processo de golpe seguia em curso, após exigências o Visconde de Ouro Preto - Afonso Celso de Assis Figueiredo (1836 - 1912) foi obrigado a se demitir da presidência do gabinete ministerial e foi preso por ordem de Deodoro da Fonseca. A derrubada do gabinete finalizou os acontecimentos desse dia, mas as negociações políticas continuaram e uma sessão extraordinária ocorreu na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, feita pelos republicanos, com objetivo solene de concretizar a Proclamação da República.

O vereador e abolicionista José Carlos do Patrocínio (1853 - 1905) anunciou a Proclamação da República na Câmara Municipal e nas ruas houve várias celebrações dos republicanos. No decorrer dos acontecimentos teve uma tentativa de resistência e Dom Pedro II acreditava na reversão do quadro, sem sucesso. Formou-se então um governo provisório (1889 - 1891), Marechal Deodoro da Fonseca foi nomeado presidente, o primeiro da história do Brasil e importantes pastas do governo foram distribuídas entre algumas figuras que estiveram diretamente envolvidas com o golpe.

Em 16 de novembro de 1889, a família real foi expulsa do Brasil e no dia seguinte embarcaram para Lisboa, capital de Portugal. A história do Brasil mudou drasticamente depois da Proclamação da República, além de mudar a forma de governo, o país passou a ser uma nação com poder descentralizado, já que foi implantado o Federalismo. O sistema de governo passou a ser o Presidencialismo e o Brasil se tornou um Estado Laico. Em 1889 foi promulgada uma Nova Constituição para a organização da república. E seguimos ávidos por ética, verdade, honestidade, respeito, união, esperançaigualdade de direitos, paz... Democracia!

@marciamacedostos

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Marília Mendonça - uma potência

A tragédia do dia 05 de novembro de 2021 (sexta-feira) tirou a vida da cantora Marília Mendonça - 26 anos e de mais outras quatro pessoas: Abicieli Silveira Dias, tio e assessor da cantora; Henrique Ribeiro, produtor geral da artista; Geraldo Martins, piloto e Tarciso Pessoa, copiloto. O avião de pequeno porte decolou de Goiânia - Goiás e caiu em uma cachoeira na serra de Caratinga, no Vale do Rio Doce, interior de Minas Gerais. O acidente que calou a “rainha da sofrência”, uma das vozes mais potentes dos últimos tempos, deixou o Brasil triste e impactado, sem acreditar na realidade dos fatos.

"É bem melhor falar a verdade, do que depois se arrepender." (Reprodução internet)

A sensação que eu tive foi de descrença naquilo que estava assistindo, no primeiro momento, achei que o avião não tinha caído e sim feito um pouso de emergência, pelo cenário apresentado, a aeronave parecia “preservada”. Segundo especialistas responsáveis pelo resgate, provavelmente, as cinco vítimas morreram na hora do impacto. Era quase impossível estarem com vida em consequência da desaceleração que provoca ruptura de grandes vasos e causa hemorragia, além de politraumatismo e graves lesões. O motivo das mortes ainda está sendo investigado e será divulgado posteriormente.

A morte de Marília Mendonça acentua a dor de um país inteiro que já está muito machucado por causa das perdas provocadas pela Pandemia e por todas as mazelas que estamos vivendo. O que mais me doeu nessa fatalidade foi pensar no filhinho da Marília, o Léo de 01 ano e 10 meses, isso dilacerou meu coração. O maior medo de uma mãe é perder o filho ou perder a vida e deixar o filho, tenho certeza que se de alguma forma ela percebeu a tragédia se aproximando, foi no Léo que ela pensou, foi em nome dele que ela chamou por Deus. Acredito que na hora do desespero todos eles pensaram nos filhos pequenos.

É angustiante pensar nas mães das vítimas desse desastre e de tantos outros, mãe nenhuma está preparada para perder um filho, isso vai contra a lei natural da vida. É impossível mensurar o tamanho da dor que é perder um filho, dói só de imaginar. Só peço a Deus que console e traga conforto aos corações de todos. Como diz sabiamente o Padre Fábio de Melo: “Não é só uma voz que se cala; é uma filha que se foi, é uma mãe que não volta. Quantos morrem naquele que morre? Com você Marília, morreu uma multidão.”, é isso, são muitos que morrem em um só.

Marília Mendonça ajudou a criar e era a principal voz do “feminejo”, uma vertente do sertanejo protagonizado pelas mulheres. Com talento, voz intensa e grave, ela sempre foi uma mulher a frente do seu tempo, que cantava as alegrias, os amores e as dores do mulheril, como traições e sofrimentos amorosos, mas não numa perspectiva frágil e submissa, sua postura era totalmente empoderada e dona da razão. A artista simplesmente quebrou paradigmas com o objetivo claro de encorajar pessoas. Abriu caminho para a total visibilidade das mulheres em um universo dominado pelos homens.

Com intensidade e carisma, a cantora e compositora mostrou que as mulheres podem e devem assumir o controle do próprio destino, ajudando a empoderar inúmeras de nós e a provar do que somos capazes. Ela ensinou através da música que a mulher deve se amar, se entender, superar, cuidar da autoestima, deixar a insegurança de lado e prezar pela liberdade, autonomia de ser quem é, encarando sem medo o preconceito e a misoginia. Trata-se de uma verdadeira revolução, com um olhar feminino e a força do feminismo.

Todo esse acontecimento triste e difícil de aceitar e compreender, me fez refletir bastante sobre a finitude da vida, sobre aquela frase tão clichê e real: “a vida é um sopro”. Realmente, a vida é breve e pensar que o momento seguinte é uma incógnita, que ele pode simplesmente não existir, tem que servir para a gente ressignificar muita coisa dentro de nós e valorizar todos os dias o que realmente importa. “Dá um sorriso aí pra mim, não fica assim, quero te ver feliz. Sei que o mundo anda pesado demais, que seja leve o que vier, fique em paz.” - By Marília Mendonça (in memorian).

@marciamacedostos

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Gaslighting

Já ouviu falar em Gaslighting? A palavra específica, não me lembro de ter escutado, mas o significado... Bom, eu sigo destrinchando o quadro “Isso tem Nome” do Fantástico, justamente porque ele está dando nome a situações frequentes do dia a dia, que às vezes não sabemos identificar e muito menos, reconhecer como abuso. O Fantástico foi muito assertivo com a exibição desse quadro, é uma necessidade da sociedade, pois a nomeação gera o reconhecimento do sofrimento. Gaslighting é uma palavra inglesa que em português seria algo como abuso emocional, um tipo de violência psicológica.

Gaslighting ou gas-lighting é uma forma de abuso psicológico e ocorre quando as informações são distorcidas e omitidas de maneira seletiva para beneficiar o abusador. Nesse contexto, as informações são inventadas com o intuito de fazer com que a vítima duvide da sua própria memória, percepção e sanidade mental, ela se sente muito culpada, sem entender o motivo. A pessoa pode ter certeza absoluta de que algo está acontecendo, mas alguém tenta constantemente convencê-la de que é loucura da cabeça dela. Isso é uma manipulação psicológica.

Gaslighting - Você pode ser vítima dessa prática e nem se deu conta. (Reprodução internet)

A pessoa que sofre esse tipo de abuso começa a acreditar que está enlouquecendo, pois o abusador insiste em dizer: “você está louca”, “você está imaginando coisas”, “é coisa da sua cabeça”, “você está delirando”, “você está equivocada”... Toda essa pressão psicológica pode provocar sucessivas crises de ansiedade, prejudicando a saúde mental e mesmo assim, a vítima não consegue perceber que esse tipo de comportamento é abusivo. Alguns especialistas afirmam ser impossível que mulheres heterossexuais brasileiras nunca tenham sofrido gaslighting num relacionamento amoroso.

O termo inglês - gaslighting surgiu de uma peça teatral que se tornou um filme, intitulado “Gaslight” que significa “Luz a Gás”. O longa-metragem mostra um marido manipulando a mulher afim de que ela acredite estar louca, com objetivo de roubar suas joias. É importante prestar atenção no que está sendo dito, para identificar uma relação abusiva. Frases do tipo “você é louca” é um gatilho crucial, aliás, a palavra “louca” sempre está presente no relacionamento abusivo. Isso mexe com a autoestima da mulher e provoca muita angústia.

As circunstâncias desse abuso são vinculadas com a histeria. A Palavra histeria vem do termo hystera que significa útero em grego, sendo utilizada para qualificar a mulher como histérica, indicando que se trata de uma coisa interna, que vem do organismo feminino. Claro que, não é sempre que os abusadores são homens e as vítimas são mulheres. Esse tipo de manipulação psicológica pode ocorrer em diversos tipos de relacionamentos, como: amizade, familiar e até profissional. Entre os casais, pode acontecer o contrário, mulheres praticarem o abuso contra seus companheiros.

O gaslighting também é cometido por homens e mulheres que se relacionam com pessoas do mesmo gênero. Mas, geralmente essa é uma realidade bem presente nas relações heterossexuais, sendo praticado pelos homens. A mulher acaba vencida pelo cansaço e passa a acreditar que está de alguma forma exagerando, dando razão ao homem e admitindo ser a pessoa abusiva da relação. Assim, o homem vai jogando com a insegurança da mulher até ela explodir, daí todos a consideram como a louca e a agressiva, que precisa se tratar.

Existem muitas maneiras de praticar o gaslighting, algumas delas são: acusações descabidas, ameaças, aumento gradual de manipulações, chantagens variadas, constrangimentos, exaustão mental, humilhações, incoerências, mentiras, negação da realidade e palavras disfarçadas de amáveis. Gaslighting é um tipo de violência psicológica, que é crime previsto no Código Penal e a pena para quem pratica varia entre seis meses e dois anos.

Vale ressaltar que a violência psicológica pode se transformar em violência física. Na violência doméstica, antes da primeira agressão física, existem muitos atos de agressividade, como: controle, insultos, acusações, ofensas e xingamentos. É necessário reconhecer quando está vivendo uma espécie de relacionamento tóxico e cortar o mal pela raiz, dar um basta antes que o mal cresça.

@marciamacedostos

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Etarismo

Você sabe o que é etarismo? Já ouviu essa palavra antes? Eu confesso que não tinha muita familiaridade com esse termo, até assistir o primeiro episódio do quadro “Isso Tem Nome” do Fantástico e me interessar em pesquisar mais sobre o assunto. Não é preciso muito para identificar o quanto essa palavra é comum e está presente no nosso dia a dia, mesmo sem ter o hábito de utilizar. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas no mundo já demonstrou ações discriminatórias que prejudicam a saúde mental e física dos idosos.

O etarismo é um preconceito velado. (Reprodução internet)

O etarismo nada mais é do que o preconceito de idade. A discriminação também é chamada de “idadismo” ou “ageísmo”, é muito comum e surge quando a idade é utilizada para classificar e segmentar os indivíduos. Essa separação pode provocar danos, desvantagens e até injustiças. O etarismo e suas vertentes podem se apresentar de diversas formas, como em comportamentos preconceituosos, em ações discriminatórias e através de políticas e práticas institucionais que sustentam convicções estereotipadas.

Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a discriminação por idade é um desafio global e leva a uma saúde pública mais precária, ao isolamento social e pode até causar mortes prematuras. Trata-se de uma capciosa calamidade na sociedade. A discriminação por idade influencia na saúde através de três processos: comportamental, fisiológico e psicológico, ou seja, impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas. Manifestações de preconceito com base na faixa etária são mencionadas em diferentes situações do nosso cotidiano.

No Brasil, etarismo é um tema novo, pouco conhecido e que ainda precisa ser muito debatido. Esse tipo de conduta da sociedade, que contesta a competência de uma pessoa por causa de sua idade, provoca a não aceitação, falta de respeito e ética, desprezo, agressões, humilhações, contribui para a baixa autoestima, sentimentos de desamparo e menos valia. É um estereótipo que atinge principalmente as mulheres e geralmente de forma cruel, exemplo: nas histórias infantis o homem velho é sempre um sábio senhor e a mulher velha é sempre a bruxa.

O termo etarismo foi usado pela primeira vez em 1969, pelo gerontologista, psiquiatra e autor americano Robert Neil Butler (1927 - 2010), para caracterizar a intolerância relacionada com a idade, contendo semelhanças com “racismo” e “sexismo”, direcionada aos mais velhos. Entretanto, em 1999, o gerontologista e professor americano Erdman Ballagh Palmore ampliou o conceito, que passou a ser executado com frequência, para nomear qualquer espécie de discriminação baseada na idade, abrangendo preconceito contra crianças, adolescentes, adultos ou idosos.

A Gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social. A discriminação por causa da idade é mais intensa em sistemas onde a população convive fortemente com a desigualdade social. Uma maneira de combater o etarismo é evitar dizer frases preconceituosas e estereotipadas:

  •     Desculpa perguntar, mas quantos anos você tem?
  •    É uma “coroa” enxuta para a idade.
  •    Ela poderia ser mãe dele.
  •    Está querendo parecer mocinha / garotão.
  •    Está velha demais para isso ou aquilo.
  •    Não parece que você tem essa idade.
  •    Qual o segredo para estar tão conservada?
  •    Que bonita! Não entrega a idade.
  •    Sério que você tem essa idade?
  •    Solteira nessa idade? Vai ficar para titia.
  •    Você deve ter sido muito bonita quando jovem.
  •    Você não tem mais idade para fazer ou usar isso.
  •    Você parece mais jovem.

 Podemos provocar muito sofrimento por falta de conhecimento ou pela falta de interesse em aprender e se informar. São as pequenas atitudes e mudanças que fazem uma grande diferença.

@marciamacedostos

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Não crie expectativas

Não crie expectativas, crie maturidade. Isso mesmo, criar expectativas pode desestabilizar você. O melhor é não se iludir, manter os pés no chão, sabe? Há quem diga que é bom produzir expectativas, desde que, não as trate como realidade e sendo assim, se trata de uma fuga da verdade. Bom mesmo é se surpreender, para evitar se decepcionar. Expectativa é a condição de quem espera para que algo aconteça, o estado de quem espera algum acontecimento baseado em probabilidades ou na possível realização, ou então, um desejo intenso por algo próspero.

Não crie expectativas, deixe acontecer naturalmente. (Reprodução internet)

Gerar expectativas é a permanência de estimulo que se fortalece desde o nascimento, sendo persuadido pelos relacionamentos do decorrer da vida. Quando alguma expectativa não se materializa, é normal surgirem sentimentos ruins como raiva, frustração, desânimo e até agressividade, esses comportamentos indicam sofrimento e para aliviar essas sensações, é necessário aprender a trabalhar a aceitação. Precisamos nos conscientizar que não temos o controle sobre nada e nem sobre ninguém, lidar com essa verdade é um grande desafio.

Se algo ou alguém frustrar suas expectativas, você precisa lidar com esse sentimento e por mais que seja desagradável e difícil de encarar, se frustrar faz parte da vida, inevitavelmente acontece. Não concretizar as expectativas que nós criamos é muito desconfortável, mas isso promove uma reflexão em relação ao assunto que provocou tanto desgosto e esse é o ponto positivo. Refletir faz bem a qualquer indivíduo, ajuda a corrigir os erros e aprimorar os acertos. Esse exercício nos ensina a superar os “nãos” da vida e a banir o egoísmo.

É complicado encontrar um equilíbrio, entre o que realmente importa e o bombardeio que observamos nas mídias sociais, quando a vida dos outros é sempre “linda e perfeita”. Às vezes, nos sentimos obrigados a expor que estamos bem, para mostrar aos outros uma alegria e uma felicidade que não existem, pelo menos, não com tanta intensidade. É uma ostentação, uma eterna exposição de quem tem ou pode mais. Acredito que essa “obrigação” faz mais mal do que bem, além de poder provocar quadros críticos de angústia e ansiedade, que são difíceis de contornar.

A maturidade se apresenta na forma como enfrentamos as adversidades da vida. Quando passamos por muitas situações divergentes, aprendemos a lidar melhor com os problemas, descobrimos que faz parte da vida e cada sofrimento ajuda a construir as nossas conquistas. No decorrer do nosso amadurecimento, passamos a encarar as decepções com mais naturalidade e aceitamos com mais facilidade. Vejam bem! Não se trata de comodismo. Não pode ser condescendente, tem que batalhar. “Vivendo e aprendendo a jogar”.

Quando amadurecemos, ficamos mais tolerantes com as nossas frustrações, com nossos erros e fracassos, aprendemos a usar isso ao nosso favor. Ter tolerância não significa que devemos gostar de fracassar, mas podemos conseguir interpretar de maneira diferente e enxergar um caminho que possa transformar a frustração em êxito e sucesso. A maturação cerebral juntamente com as inúmeras experiências vividas, auxilia na criação de um amplo repertório para enfrentar as questões sociais, com mais empatia e assertividade. Sendo assim, fica mais fácil evitarmos os conflitos internos e externos, além de nos preocuparmos menos com o que os outros pensam de nós.

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...