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terça-feira, 30 de março de 2021

Salvador - 472 anos

A cidade de Salvador, capital do estado da Bahia e a primeira capital do Brasil completou em 29 de março de 2021, 472 anos de puro encanto e história. A cidade tem um clima tropical e está situada na Zona da Mata da região Nordeste, sendo exaltada em todo o Brasil e reconhecida internacionalmente por sua arquitetura colonial portuguesa, gastronomia e música. Muitos aspectos culturais de Salvador possui uma grande influência africana, o que a torna o centro da cultura afro-brasileira. Salvador é um patrimônio cultural da humanidade.

"O baiano é feito de sol." (Arquivo pessoal)

Salvador foi fundada no ano de 1549, por Tomé de Sousa e isso aconteceu por causa da implantação do Governo Geral do Brasil pelo Império Português, ela foi a primeira capital do país até 1763. Trata-se de uma das cidades mais antigas da América, sendo umas das primeiras cidades planejadas no mundo, ainda durante o período do Renascimento. É conhecida como Roma Negra e Meca da Negritude, por se tratar de uma metrópole com grande percentagem de negros. A maior parte de sua população é negra ou parda.

No século XV, a região que abriga Salvador era habitada por índios tupinambás. Inicialmente, Salvador era dividida somente em Cidade Alta - parte maior e mais moderna e Cidade Baixa - área litorânea, uma planície relativamente estreita. Além das Cidades Alta e Baixa serem ligadas por várias vias, elas também são conectadas pelo Elevador Lacerda, o primeiro elevador urbano do mundo. Essa divisão existe por causa do relevo acidentado, tudo se projeta sobre a Baía de Todos os Santos, formando um triângulo, tendo o Farol da Barra como vértice.

Apesar da fundação estruturada e estabelecida no atual Centro Histórico de Salvador, o crescimento da cidade aconteceu de forma espontânea no decorrer do tempo e assim seus limites foram se desenvolvendo. No século XIX aconteceu a expansão sul e no século XX ocorreu uma reforma territorial instituindo cerca de onze distritos, quando passou a ter um crescimento desordenado. Já no ano de 1987, Salvador foi dividida em dezoito zonas político-administrativas, com intuito de melhorar a gestão territorial.

E assim é Salvador, uma cidade atraente e histórica do começo ao fim. Minha cidade é um importante destino turístico do Brasil e entre os seus principais pontos turísticos estão o Pelourinho, as igrejas históricas e as praias, o litoral da capital baiana é um dos mais longos para cidades brasileiras. Além das praias de beleza natural, os turistas se interessam pela grandiosidade do conjunto arquitetônico e pela rica cultura como: música, culinária e religião.

Apesar de toda sua beleza, a capital da Bahia sofre com a grande desigualdade social em vários aspectos, como: desemprego; violência e criminalidade; favelização; saúde, saneamento básico e iluminação pública precários; desrespeito ao meio ambiente; entre outros. Essas questões preocupam bastante os soteropolitanos e a cidade que deveria ser melhor estruturada e organizada, por ser a capital do estado onde nasceu o Brasil, precisa melhorar bastante para dar melhor qualidade de vida aos seus habitantes.

Se a Bahia é deslumbrante e grandiosa, sua capital Salvador é incomparável, a alegria, a euforia e o calor humano são inigualáveis, uma eterna festa. São 472 anos de vida e Salvador respira sua história. O meu desejo é que ela siga majestosa e que cada vez mais, seja uma cidade justa e acolhedora, não só com os visitantes, mas com o seu povo que possui uma animação única e diferenciada, que luta diariamente para superar todos os desafios, mantendo sempre a alegria de viver. Afinal, baiano não nasce, estreia.

@marciamacedostos

terça-feira, 29 de março de 2022

Salvador, a raiz de todo bem!

Hoje, 29 de março, a minha cidade, Salvador - Bahia completa 473 anos de vida e pura magia. Salvador é uma das cidades mais antigas fundadas por europeus nas Américas e em 1549 foi estabelecida como a fortaleza de São Salvador da Bahia de Todos os Santos. Em cada canto desse lugar é possível respirar história. Até o começo do século 19, Salvador era a maior cidade brasileira e a segunda maior do Império Lusitano, depois de Lisboa - Portugal. No ano de 1808, a capital baiana se tornou a primeira sede da Coroa Portuguesa, no Brasil. Nossa cultura é muito rica e temos importantes contribuições dos africanos, asiáticos, indígenas e portugueses.

A capital da Bahia é conhecida por ser a terra da alegria e também é chamada de capital cultural do Brasil. Ela possui vários encantos, como: belas praias, monumentos históricos, uma culinária maravilhosa, atrações artísticas para todos os gostos e o maior carnaval de rua do mundo. Além de possuir riquezas na arquitetura, na cultura e na gastronomia, um ponto forte da minha cidade que arrebata os corações pela beleza e encantamento são os pontos turísticos, são várias construções históricas que nos fazem querer entender o passado, compreender o presente e construir um futuro melhor, mais justo e menos desigual. Eis algumas maravilhas da minha cidade:

Salvador de mim! (Arquivo pessoal)

Farol da Barra

Situado num lugar de beleza estonteante - a Praia da Barra, o Farol da Barra foi construído antes mesmo de Salvador ser fundada. Erguido em 1536, localizado no Forte de Santo Antônio da Barra - construção militar mais antiga do Brasil (1534). É um dos pontos turísticos mais conhecidos de Salvador, muitos turistas o consideram como o monumento símbolo da cidade. A torre atual do farol foi instalada em 02 de dezembro de 1839 e possui 22 metros de altura. É possível visitar para conhecer a estrutura interna do monumento e apreciar a vista. Dentro do forte existe o Museu Náutico da Bahia que contém instrumentos de navegação e peças arqueológicas.

Elevador Lacerda

Símbolo da cidade de Salvador é um dos cartões postais mais conhecidos da Bahia. Foi o primeiro elevador urbano no mundo a servir de transporte público e o mais alto desse modelo. O Elevador Lacerda possui duas torres, quatro cabines e 73,5 metros de altura, sendo possível ter uma vista panorâmica de toda cidade. Foi inaugurado em 08 de dezembro de 1873 e liga a Praça Tomé de Sousa, na Cidade Alta à Praça Visconde de Cairu, na Cidade Baixa, bairro do Comércio - onde está localizado outro ponto turístico muito importante para os baianos, o Mercado Modelo, que fica em frente ao Elevador Lacerda e possui um grande significado na nossa história.

Pelourinho

Uma das principais atrações turísticas da capital da Bahia, situado no Centro Histórico de Salvador. O Pelourinho reúne grandes riquezas arquitetônicas barrocas dos séculos passados. Ao visitar o Pelô é possível sentir na pele toda a atmosfera daquele ambiente que possui uma história viva e preservada. A origem do nome “pelourinho” vem de um instrumento de tortura usado pelos portugueses para punir os escravos. A peça era um poste feito de madeira ou de pedra com argolas de ferro na ponta para prender as mãos, onde os escravos eram castigados, sendo presos e chicoteados. Ou seja, visitar o Pelourinho é sentir um pouco desse passado tão doído. Mas, vale a pena!

@marciamacedostos

terça-feira, 6 de julho de 2021

Independência do Brasil na Bahia

Em 02 de julho é celebrada a Independência da Bahia, também chamada de Independência do Brasil na Bahia. Trata-se do movimento criado pelo conceito federalista da população, que começou no dia 19 de fevereiro de 1822, sendo concluído em 02 de julho de 1823. O movimento acabou pela implantação da então província na unidade nacional brasileira, estabelecendo a Independência do Brasil. Além de ser um evento histórico importante, a referida data se tornou uma festa popular baiana repleta de significados.

"Com tiranos não combinam. Brasileiros, brasileiros corações..." (Reprodução internet)

A guerra travada na província baiana durou cerca de 17 meses e terminou com a vitória brasileira contra tropas portuguesas. O Exército e a Marinha do Brasil saíram vitoriosos e assim foi consolidada a separação política do Brasil de Portugal. Assim, o 07 de setembro de 1822 - dia oficial da Independência do Brasil, é considerada uma data simbólica, já que uma parte do país, a região Nordeste, ainda não era independente. Os acontecimentos da guerra da independência no Nordeste, têm características bem distintas da forma como o Brasil foi separado de Portugal.

O 02 de Julho e seu cortejo tornou-se um evento de reverência patriótica para os baianos, que mantém viva a tradição de comemorar e todos os anos reproduz a entrada do Exército Pacificador em Salvador. Os festejos começam com o fogo simbólico que reflete a união dos povos que lutaram pela soberania. O fogo é aceso em 30 de junho, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na cidade de Cachoeira, localizada no recôncavo baiano. No mesmo dia é celebrado o Te Deum pela Independência do Brasil na Bahia, um louvor na Catedral Basílica de Salvador, que fica no Terreiro de Jesus - Pelourinho.

Foi durante a louvação do Te Deum, em 25 de junho de 1822, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Cachoeira, que a escuna canhoneira enviada pelo Brigadeiro Português Madeira de Melo para fechar o porto da cidade, proferiu o primeiro tiro contra a vila, dando início à guerra e é por essa razão que o fogo simbólico sai de lá. O ritual do fogo simbólico é representado por uma tocha com a chama acesa, que vai passando de mão em mão por artistas, atletas amadores, atletas profissionais, líderes políticos e oficiais do Exército, percorrendo várias cidades do estado da Bahia rumo à capital Salvador, no bairro de Pirajá, onde é acendida uma pira, no dia 01 de julho.

A solenidade do 02 de julho sempre esteve relacionada com as causas populares. Personagens como Joana Angélica, Maria Quitéria, João das Botas e Corneteiro Luís Lopes retratam um cenário completamente distinto da Independência do Brasil. É uma batalha que possui muitos heróis, sendo a maioria originada da esfera mais pobre da população. Posteriormente, foram inseridas na comemoração, as figuras simbólicas do Caboclo e da Cabocla, que saem em carros alegóricos e se tornaram os protagonistas do cortejo.

Maria Quitéria, heroína da Guerra da Independência. (Reprodução internet)

No primeiro desfile, em 1824 , só existia a representação do Caboclo, não era uma escultura e sim um senhor mestiço. No ano de 1826, a escultura do Caboclo com uma lança, matando a serpente, que representava a tirania portuguesa, foi encomendada. A partir de 1846, a Cabocla foi inserida no evento, como sendo a imagem de Catarina Paraguaçu, que representa a primeira família mestiça brasileira, a índia que casou com o europeu Diogo Álvares - o Caramuru, sintetizando o encontro das nações.

O Caboclo e a Cabocla caracterizam o exército formado por soldados regulares e voluntários, índios tupinambás, brancos pobres, negros libertos e escravos enviados por seus senhores. O cortejo do 02 de julho sai do Largo da Lapinha, onde ocorrem queima de fogos, execução do Hino Nacional e hasteamento da bandeira, autoridades colocam flores no monumento ao General Labatut - militar francês que liderou o Exército Pacificador. A caminhada passa pelo Convento da Soledade em direção ao bairro de Santo Antônio Além do Carmo e segue parando em diversos locais até o Pelourinho e o desfile segue pelo Centro Histórico em direção ao Palácio Rio Branco.

Ao mesmo tempo, ocorre uma Cerimônia Cívica no 2º Distrito Naval, no Comércio. O cortejo vai até o Campo Grande, onde autoridades fazem o hasteamento das bandeiras, há execução do Hino Nacional com bandas de música da Aeronáutica, da Marinha e do Exército, colocação de flores no Monumento ao 2 de Julho, acendimento da pira do Fogo Simbólico e execução do Hino ao 2 de Julho. Para finalizar, acontece o Encontro das Filarmônicas de diversas cidades da Bahia. A batalha pela independência foi uma concordância entre as forças de todo Brasil e o objetivo dessa festa é ser do povo para o povo.

@marciamacedostos

terça-feira, 26 de abril de 2022

Carnaval

Depois da interrupção de pouco mais de dois anos, por causa da Pandemia de Covid-19, o carnaval voltou a animar seus adeptos pelo Brasil afora. A festa foi realizada fora de sua data oficial, mas não deixou de acontecer. A ausência da festividade impactou intensamente a economia do país e muitos profissionais perderam a sua principal fonte de renda, principalmente nos setores de eventos e turismo. A maioria das capitais brasileiras suspendeu ou adiou o carnaval de 2022, São Paulo e Rio de Janeiro remarcaram os desfiles das escolas de samba para o feriado de Tiradentes e Salvador realizou um evento privado intitulado de “carnasal” no mesmo feriado.

Pierrô, Arlequim e Colombina são figuras representativas do carnaval. (Reprodução internet)

Carnaval é um festival do Cristianismo Ocidental que acontece antes da estação litúrgica da quaresma - antecedendo a páscoa cristã, os principais festejos acontecem tradicionalmente no decorrer do mês de fevereiro e início de março, quando ocorre o período denominado historicamente de pré-quaresma. As festas carnavalescas acabam na quarta-feira de cinzas quando se inicia a quaresma e conta-se quarenta dias até a sexta-feira santa, dois dias antes do domingo de páscoa. O carnaval é adaptado conforme a história e a cultura da região em que é comemorado, com bailes de máscaras e fantasias, desfiles de blocos, escolas de samba e trios elétricos.

A comemoração do carnaval iniciou há muitos anos, especialmente no sul da Europa, entre integrantes do Catolicismo. A festa era pagã, contrariando as normas propagadas pela religião. Conforme estudos, a palavra “carnaval” é originada dos termos latinos: “carne levare” - “para retirar a carne”, “carna vale” - “adeus à carne”. A definição está relacionada com o período da quaresma, quando os católicos dispensam determinados tipos de comidas e bebidas, além de alguns prazeres considerados mundanos. Assim sendo, um dia antes da quarta-feira de cinzas, alguns católicos faziam festas e aproveitavam para comer muita carne, porque a partir do dia seguinte, não poderiam comê-la até o fim da quaresma.

A celebração do carnaval pode estar associada a alguns festejos de origem greco-romana, oferecidos ao deus do vinho - Baco, ou Dionísio para os gregos. Nessas festas, as pessoas se embriagavam e comiam muito, se entregando aos prazeres da carne. Posteriormente, os eventos carnavalescos seguiram acontecendo de maneira exagerada e a partir do século VIII quando foi criada a quaresma, a igreja católica definiu que o carnaval seria realizado antes desse ciclo, para que os excessos pudessem ser cometidos. A data do carnaval é determinada mediante o critério usado para estabelecer a data da páscoa, criado durante o Concílio de Niceia, no ano de 325 depois de Cristo.

No Brasil, o carnaval já faz parte da identidade nacional, trata-se da maior festa popular do país, além de ser o mais famoso e conhecido mundialmente. Enraizado na cultura brasileira, o carnaval é celebrado de diferentes maneiras, em todos os cantos da nação. Em Salvador - BA acontece o maior carnaval de rua do mundo, os trios elétricos conduzem os foliões, que dançam horas a fio sem cansar; no Rio de Janeiro - RJ e em São Paulo - SP, os desfiles das escolas de samba dão tom, além dos blocos de rua que incrementam a festa; Recife - PE chama atenção com seu frevo e Olinda - PE traz o maracatu e cidades do estado de Minas Gerais juntam milhares de foliões para curtir os famosos carnavais de rua. 

@marciamacedostos

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Ponto de equilíbrio

Sabe aquele momento que a gente precisa parar e desacelerar? Quando o corpo, o coração e a mente pedem calma? Pois é, todo mundo sabe bem o que é isso e cada pessoa tem uma receitinha própria para atingir um ponto de paz, equilíbrio e relaxamento. Eu amo ouvir música, ver o mar e caminhar na praia, apesar de que, quando a vida é corrida, nem sempre achamos tempo para fazer as coisas que gostamos. 

É necessário manter o equilíbrio, mesmo na adversidade. (Arquivo pessoal)

Sabe aquela frase clichê, que diz que a gente só dá valor quando perde? Pois é, esse é um ponto que preciso ressaltar e que até me envergonho um pouco. Eu amo o mar, me sinto renovada e energizada quando sento na areia da praia, dou as costas para o mundo e começo a admirar aquela imensidão maravilhosa, penso na vida, nos meus problemas, nas minhas conquistas e nos meus planos e projetos.

Vocês já fizeram isso? Fala a verdade, é maravilhoso, não é? Mas como eu disse, muitas vezes, só damos valor quando perdemos, foi o que aconteceu comigo, em época de isolamento social, necessário por causa da Pandemia da Covid-19, eu me vi morrendo de vontade de aproveitar e não posso, ou melhor, não devo. Eu e minha família estamos de fato, respeitando a quarentena, saindo somente quando necessário. Já tá chato, bater na mesma tecla o tempo todo, mas...

Sei que nem todas as pessoas podem se dar ao “luxo” de ficar de quarentena, por causa de trabalho, mas isso é bem diferente de sair para se divertir, fazer festas e aglomerar. Precisamos ter empatia, respeito e pensar no próximo, a gente pode pegar a doença e o quadro não se agravar, mas podemos transmitir para outra pessoa que não terá a mesma sorte, pode ser alguém que amamos ou alguém que nem conhecemos, enfim, o cuidado deve ser o mesmo.

Já prometi para mim mesma que quando a Pandemia passar, vou aproveitar mais a vida, a minha cidade e fazer tudo aquilo que gosto de fazer, mas que por comodismo, preguiça ou falta de tempo, não faço. Moro em Salvador – a primeira capital do Brasil, um lugar repleto de cultura e história, além das belezas naturais. Pretendo visitar muito os pontos históricos e turísticos daqui, além de viajar para aproveitar bastante a dádiva de estar viva.

Precisamos nos conhecer, entender os nossos limites e aprender a lidar com o que sentimos. Existem algumas atitudes que podemos colocar em prática, para manter o equilíbrio tanto emocional quanto físico e que pode aliviar e/ou dominar sentimentos como: angústia, ansiedade, cobrança, culpa, depressão, incerteza, medo, solidão, stress, tensão, entre outras sensações. Nessas situações, manter a é importante.

Algumas sugestões que posso dar e que estou tentando colocar em prática são: afastar-se de coisas e pessoas negativas, aprender a controlar a ansiedade, cultivar a resiliência, fazer coisas positivas por nós, fazer exercícios físicos, ficar perto de quem nos faz bem, investir no autoconhecimento, organizar uma agenda, pedir ajuda sempre que precisar, praticar o autocuidado, respeitar nossos limites, respeitar nossas vontades, se manter motivado, ter alimentação saudável, ter disciplina, valorizar o sono e as próprias conquistas. É um desafio, mas vale a pena tentar.

@marciamacedostos

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Liz

Estou com meu coração destruído. Na sexta-feira, dia 09, acordei com uma notícia muito triste, perdemos a Liz, minha priminha, que nasceu com alguns problemas sérios de saúde, mas que lutou bravamente pela vida, durante seis meses. A ultrassonografia morfológica indicou que a pequena tinha alterações na bexiga e nos rins, nada que não se resolvesse com cirurgia. Acreditamos até o último momento que o milagre iria acontecer e cada etapa que ela vencia, era uma injeção de ânimo para todos nós.

Carol e Liz, amor que não se mede. (Arquivo pessoal)

A Liz é filha da minha prima Caroline, uma garota por quem tenho um carinho enorme e amo muito. Ela se casou em janeiro de 2016 e eu fui madrinha de seu casamento. Carol nasceu e se criou em Cipó - Bahia, logo depois do casamento, o casal decidiu mudar o rumo de suas vidas e se mudaram para Foz do Iguaçu - Paraná.

Essa decisão assustou e preocupou bastante, pois era uma atitude drástica da menina que nunca saiu do interior. A grande surpresa foi que ela estava decidida e em nenhum momento demonstrou fraquejar na decisão. Eles mudaram, ela concluiu a graduação em Serviço Social e demonstrou sim, ser capaz de tomar as rédeas de sua própria vida.

Voltando a falar sobre a princesa Liz... Lembro, quando fui ver Carol no aeroporto de Salvador, em setembro de 2019, ela passou uns dias em Cipó e já estava indo embora, a encontrei chorosa e quando a abracei, perguntei o motivo do choro, ela respondeu imediatamente: “Saudade do meu sobrinho!”, tinha conhecido seu primeiro e único sobrinho naquela viagem.

O encontro foi rápido, mas deu tempo dela me contar o quanto estava feliz e radiante por ser tia. Perguntei se ela estava com vontade de ser mãe também. A resposta foi: “Não! Agora, pretendo começar em um trabalho novo e organizar algumas coisas na minha vida, antes de pensar em filho.” Incentivei a seguir com esses planos e disse que o desejo materno iria surgir no momento certo.

Carol foi embora e alguns dias depois me chamou no whatsapp: “Prima! Lembra daquela nossa conversa no aeroporto? Então... Eu já estava grávida e não sabia.” Ela disse que a gravidez não foi planejada, mas que a criança já era muito amada e que, se Deus mandou, Ele garante. Eu custei acreditar, mas parabenizei e disse que o bebê seria muito bem-vindo. Não imaginávamos o que estava por vir.

Carol sempre foi uma garota meiga e doce, além de ter muita fé e confiança em Deus. Apesar de estar longe de toda a família, sua gravidez foi “tranquila” e ela preparou cada detalhe com muito carinho. Quando descobriu o sexo, a felicidade se completou, pois desejava mesmo uma menininha. Eu acompanhava e apoiava de longe, todos os preparativos para a chegada da Liz.

De repente, o sonho lindo pareceu se transformar em pesadelo e minha prima sofreu muito durante o trabalho de parto e o próprio parto. Depois de passar por momentos terríveis e sofrer durante três dias para dar à luz, ela teve que se submeter a uma cesariana de emergência.

A Liz passou do tempo de nascer, o que agravou muito o seu estado de saúde. Ela chegou ao mundo com bradicardia fetal, precisando urgente de manobras de reanimação, sendo encaminhada imediatamente para a UTI Neonatal. No decorrer do tempo, passou por oito cirurgias e parecia se agarrar com toda força à vida, contrariando todo e qualquer pensamento negativo. Foi uma luta tremenda pela vida da pequena.

A força que Carol demonstrava ter, me deixava completamente perplexa e ao mesmo tempo, orgulhosa. Ela sempre dizia: “É Deus quem me dá forças.” Aquela menina que parecia tão frágil, virou uma fortaleza e não desgrudou da filha, um só instante. Ela sofria, a gente sabia que ela estava sofrendo e sofríamos com ela, mas nunca ouvi uma só lamentação de sua boca.

Foram seis meses lutando pela vida da Liz, internações em Foz do Iguaçu-PR e em Curitiba-PR e ainda foi diagnosticada tardiamente com a Síndrome de Hipoperistalse Intestinal com Micro-cólon e Megacistis, sendo então, desenganada pelos médicos e resistiu, até onde deu. E como sofreu, essa criança!

Era um sofrimento sem fim. Queríamos tanto um milagre, mas Deus não quis e resolveu colher para si, o nosso anjinho. Hoje a nossa estrelinha brilha lá no céu e nós estamos aqui, doídos com a sua partida. A mamãe, o papai, os avós, os tios, estamos todos arrasados.

Eu não consigo aceitar com naturalidade, a morte de uma criança. Uma vida inteirinha pela frente, tantas oportunidades a serem vividas, um livro em branco pronto para ser escrito, uma história cheia de esperança, se perder assim. Não é fácil entender que Deus fez segundo a vontade dEle, que Ele sabe de todas as coisas e só Ele pode confortar essa dor que sufoca.

A cantora Eyshila compôs uma música intitulada “O Milagre Sou Eu”, também num momento de dor, quando perdeu seu filho. Essa música não sai da minha cabeça e eu choro só de lembrar os versos dessa canção. Tento me convencer de que, já que o milagre que desejamos tanto, que seria a cura da Liz, não aconteceu, o milagre então, é a Carol.

Hoje não somos capazes de compreender o porquê isso ocorreu, porque Carol teve que passar por tudo isso, mas alguma lição teremos que tirar de toda essa dor e sofrimento. Por ora, com as lágrimas rolando em meu rosto, tento repetir sem cessar, o trecho de uma música que diz: “Deus me deu, Deus tomou, Bendito seja o nome do Senhor!”

Esse texto é um desabafo para mim e uma singela homenagem à nossa eterna Liz e também à Carol – O milagre é você, prima! Eu aprendi tanto com vocês. “Que o tempo seja capaz de transformar a dor da perda em saudade serena e que acalme o coração, em vez de fazer sofrer.”

@marciamacedostos

terça-feira, 29 de setembro de 2020

A vida por um fio

Era só mais um dia de trabalho, como tantos outros. Muitas vezes ligamos o botão automático e passamos a agir de forma involuntária. Isso não é bom, porque a vida é intensa e ela exige de nós, atitude e ação. A vida é igual uma peça de teatro e não permite ensaios. 

A paixão por duas rodas, é coisa de família. (Arquivo pessoal)

Naquele que chamo de dia D, o dia em que experimentei pela primeira vez, aquela que acredito ser a pior sensação da vida, que é ver a morte passar diante de nós. Era dia 02 de agosto de 2019, uma sexta-feira de clima ameno e eu seguia para o trabalho normalmente, estava de motocicleta, uma paixão antiga, amo a locomoção sob duas rodas.

Quando o vento bate forte e deixa o corpo leve como uma pluma, fico fascinada e me apaixono ainda mais pela motocicleta. Seguia pela famosa Avenida Paralela, uma importante via urbana da capital baiana, inaugurada há mais de quatro décadas. A Paralela tem fluxo intenso durante todo o dia, riscos e perigos são constantes.

Tenho consciência dos riscos do trânsito de uma cidade como Salvador - BA e procuro dirigir com total responsabilidade. Para um motoqueiro, os riscos são bem maiores, infelizmente não existe gentileza no trânsito e na maioria das vezes, somos considerados culpados em casos de acidentes.

Naquele dia o fluxo estava intenso, porém fluindo, coisa que não é muito comum, em se tratando da Avenida Paralela. O meu trajeto até o trabalho era relativamente curto e costumava ser tranquilo, mas, acidentes sempre podem acontecer. Moto é o veículo que mais mata no Brasil.

Ao tentar uma ultrapassagem, uma carrocinha puxada por uma caminhonete me atingiu e me jogou contra um outro carro, tudo foi muito rápido e numa fração de segundos, tive a minha vida por um fio. Nesse momento a gente sempre pensa que vai morrer, é inevitável.

Nessa situação, um turbilhão de coisas passa pela mente e não é possível estabelecer uma conexão entre os pensamentos. Eu rodei na pista e caí com a moto por cima de mim. Tudo é instantâneo e só dá para gritar por socorro e chamar por Deus, pelo menos no meu caso, que fiquei consciente o tempo todo e acredito em Deus.

Deus! Acredito mesmo que Ele me livrou da morte. Testemunhas do acidente disseram que foi por pouco, não ter sido atropelada, um carro chegou a passar por cima da minha perna e um outro motorista pisou rápido no freio, quando a minha cabeça e os meus braços já estavam debaixo do carro dele. Por isso que afirmo: a minha vida, realmente esteve por um fio.

O socorro demorou a chegar e eu fiquei desesperada, chorava muito, sentia uma forte dor nas costas e queria sair logo dali. Deitada no asfalto, olhava profundamente para o céu, tentando me acalmar. Percebendo que estava viva, comecei a sentir muito medo de ter alguma sequela no corpo, principalmente na coluna, por causa da forte dor que persistiu por meses.

Sentia uma vontade incontrolável de chorar, enquanto os flashes do momento do acidente insistiam em me perturbar, apesar de muitas pessoas tentarem me tranquilizar. Enfim, fui socorrida e após alguns exames de rotina, ficou comprovado que eu estava intacta, as dores eram por causa do impacto da pancada.

Depois das irritações com questões burocráticas como exame de corpo de delito, liberação do veículo e os gastos com seu conserto, a lição que fica é: foi uma experiência horrível, marcante, mas estou viva e só por isso, não dá para reclamar de absolutamente nada, quando ganhamos uma nova oportunidade, uma nova chance para viver.

O lema é: agradecer mais e reclamar menos. Se eu consigo fazer isso sempre? Claro que não. Mas tenho tentado melhorar esse comportamento e quando me sinto insuportável e isso acontece muito, procuro lembrar do acidente e ressignificar a insatisfação. Não é fácil, o exercício é diário, mas é humanamente possível. 

@marciamacedostos

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Explorando o Nordeste – SERGIPE

Sergipe é o menor estado do Brasil, fica localizado na Costa Atlântica da região Nordeste. A capital Aracaju me fascina por seu aspecto mais tranquilo que dá um gostinho de interior, mesmo sendo cidade grande. Conheci Aracaju ainda adolescente e guardo a gostosa impressão que tive pelo lugar até hoje. Dessa vez, a viagem foi mais desbravadora, exploramos lugares magníficos que me deixaram fascinada pela beleza natural que apresenta.

Os Arcos de Atalaia, símbolo de Aracaju - SE. (Arquivo pessoal)

Que o meu Nordeste é lindo, impressionante e único, não é segredo para ninguém, ele guarda tanta preciosidade que nunca dá para conhecer tudo e mesmo que você vá visitar o mesmo lugar várias vezes, sempre vai se encantar com algo novo. Tenho desejo de conhecer e aproveitar todos os estados da minha região. Pouco antes da Pandemia começar, estive no Ceará, outro cantinho maravilhoso do Nordeste que pretendo voltar em breve e mostrar tudinho por aqui.

Tem 200 anos que Sergipe se tornou independente, a data é comemorada em 08 de julho, seu nome é de origem tupi cujo significado é “rio dos siris” e faz divisa com os estados da Bahia e do Alagoas. Como estamos vivendo um momento bastante delicado por causa da Covid-19, decidimos fazer uma viagem em busca de contato exclusivo com a natureza, nada de aglomeração, sempre utilizando máscara e álcool em gel, isso depois de passar um ano inteiro dentro de casa. Precisávamos relaxar.

Nossa viagem durou quatro dias, fomos de carro pela Linha Verde (BA-099), rodovia estadual baiana que liga Lauro de Freitas - região metropolitana de Salvador às praias do Litoral Norte. Trata-se de uma estrada turística que abrange dezenove cidades que compõem a famosa Costa dos Coqueiros, a região possui lugares deslumbrantes e uma natureza estonteante. Esse percurso maravilhoso termina na divisa da Bahia com Sergipe.

Ponte Gilberto Amado sobre o Rio Piauí. (Arquivo pessoal)

Logo na chegada nos deparamos com a paisagem magnífica da Ponte Gilberto Amado que fica sobre o Rio Piauí entre os municípios de Estância - SE e Indiaroba - SE. Ela é a maior ponte fluvial do Nordeste com 1.712 metros de extensão, foi inaugurada em 29 de janeiro de 2013 e liga o litoral norte da Bahia ao litoral sul de Sergipe. Não podíamos deixar de registrar isso.

Antes de seguir para Aracaju, decidimos parar na Lagoa dos Tambaquis, localizada entre as belas Praia do Abaís e Praia do Saco. Também conhecida como Lagoa Grande ou Lagoa Cristal, possui cerca de 9 km de extensão, é a maior lagoa natural de Sergipe e fica a cerca de 55,9 km da capital. A lagoa nasceu com a água da chuva e para manter essa água limpa e livre da esquistossomose, os moradores da região resolveram habitá-la com tambaquis - peixes de água doce que apesar da carinha feia, são dóceis e tão mansos que vêm comer na nossa mão.

Lagoa dos Tambaquis. (Arquivo pessoal)

A noite da capital sergipana é agradável e tranquila, ficamos hospedados perto da Orla de Atalaia, uma região bem organizada, onde perambulei muito e me senti segura ao circular pelo local, lá tem muitos lugares gostosinhos para aproveitar uma bela comida nordestina. No segundo dia da viagem fomos curtir aquele que chamo de o melhor passeio da viagem, Cânion do Xingó, um verdadeiro tesouro escondido na magnífica imensidão do Rio São Francisco.

Essa maravilha de águas verdes e paredões de rochas alaranjadas fica entre os estados de Sergipe e Alagoas. Partindo de Aracaju de carro, nossa viagem durou cerca de 03 horas, passamos por Canindé de São Francisco - SE, atravessamos a ponte que faz divisa entre Sergipe e Alagoas, seguimos para a cidade de Olho d’Água do Casado - AL, e na Praia da Dulce embarcamos em uma lancha para conhecer as maravilhas do Velho Chico. O passeio também pode ser feito de catamarã.

Piscina natural, Cânion do Xingó - Rio São Francisco. (Arquivo pessoal)

Essa beleza natural só começou a existir no ano de 1994, depois que a Usina Hidrelétrica do Xingó foi construída. O Rio Xingó é um dos vários braços do Rio São Francisco no estado de Alagoas e com a construção da barragem do Xingó, o Velho Chico triplicou seu tamanho, reteve seu volume e inundou as áreas ao redor e um desses lugares, atualmente, é conhecido como Cânion do Xingó.

Chegamos na grande piscina natural que possui cerca de 40 metros de profundidade, onde é possível nadar, mergulhar e boiar na imensidade do Rio São Francisco. Também é possível alugar um barquinho e navegar na parte mais estreita do cânion, chamada de Gruta do Talhado ou Paraíso Talhado, é possível tocar nas pedras de tão apertadinho que é, vale muito a pena, pois o lugar é de uma beleza ímpar com um mistério solto no ar.

Gruta do Talhado, Cânion do Xingó - Rio São Francisco. (Arquivo pessoal)

Ainda nos cânions, paramos para almoçar no restaurante Castanho, que fica na maior Reserva Ecológica particular de Caatinga de Alagoas, o lugar oferece um contato espetacular com a natureza. No terceiro dia fomos de lancha conhecer a Crôa do Goré, uma pequena ilha de bancos de areia branca que surge somente quando a maré está baixa, fica localizada ao sul de Aracaju e também é acessível através de barcos ou catamarãs, o percurso dura entre 10 e 15 minutos.

Crôa do Goré. (Arquivo pessoal)

A Crôa do Goré fica no Rio Vaza-Barris, entre manguezais nativos, pequenas ilhas fluviais e vegetação preservada. O ponto de partida para esse paraíso é na Orla do Pôr do Sol, na Praia do Mosqueiro, a cerca de 30 minutos da Orla de Atalaia. No último dia fomos no Parque da Cidade (Parque José Rollemberg Leite), uma reserva de Mata Atlântica.

Teleférico, Parque da Cidade. (Arquivo pessoal)

No parque andamos de teleférico, o passeio proporciona uma visão panorâmica lá de cima e ainda permite observar diversas espécies de animais. O roteiro dura cerca de 25 minutos e ainda é possível admirar o centro de Aracaju ao longe. Conseguimos visitar um pouco da cidade como: Largo da Gente Sergipana, Passarela do Caranguejo, entre outros. É óbvio que não deu para conhecer tudo. Impossível! Mas a viagem foi maravilhosa e já estou querendo bis. Eu volto com certeza. Viajar é lavar a alma!

@marciamacedostos

terça-feira, 8 de junho de 2021

Assédio

Assédio é um conjunto de sinais ao redor ou em frente a um local determinado, estabelecendo um cerco com a finalidade de exercer o domínio, ou seja, trata-se de insistência inconveniente, impertinente, persistente e duradoura, perseguição, sugestão ou pretensão constantes em relação a alguém. Que nós mulheres convivemos diariamente com o assédio, não é segredo para ninguém. Infelizmente! Além de viver essa realidade, passei a me interessar mais sobre os detalhes desse tipo de impertinência em 2016, quando em equipe, fizemos uma pesquisa profunda sobre o assunto.

A regra é clara: Não é não. (Reprodução internet)

O estudo foi realizado para o nosso TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, na graduação de Comunicação Social e Jornalismo, cujo tema foi “Assédio sexual e vestuário feminino nos espaços públicos de Salvador”. Nosso trabalho teve o objetivo de analisar a prática comum do assédio sexual vivido pela mulher nos espaços públicos da capital baiana e a relação que esse tipo de ação possui com o vestuário feminino. Foram investigados os aspectos sociais, históricos e de gênero que explicam as contradições da sociedade, assim como as causas e consequências.

Conforme pesquisas, no Brasil, aproximadamente 64% das mulheres afirmam que já sofreram algum tipo de assédio na rotina diária. Essas pesquisas apontam que os locais mais comuns de ocorrerem assédios são os lugares públicos com cerca de 47% e o transporte público com cerca de 40%. O levantamento apontou ainda que o ônibus com 76% e metrô com 25%, são os dois locais onde as mulheres informam haver mais episódios de assédio. Situações como locomoção noturna, regiões violentas, ambientes lotados, locais desconhecidos e pontos de ônibus, também são considerados de risco.

Aproximadamente metade das mulheres brasileiras vivem essa angústia e declaram que já sofreram assédio sexual no ambiente de trabalho, mas apesar dos dados, o senso de impunidade e o medo acabam desencorajando as denúncias. A ineficiência de políticas internas relacionadas à essa prática absurda no âmbito profissional e principalmente, o receio da exposição, só fortalecem a falta de coragem em denunciar. Muitas dessas mulheres acabam se sentindo culpadas pelo assédio que sofreu, elas preferem conviver com o silêncio, a solidão e a sensação de impotência.

As mulheres desenvolvem problemas de autoestima e ansiedade, pois sofrem variadas maneiras de assédio em público, como o assobio inconveniente, os comentários de cunho sexual, os olhares insistentes, seus corpos tocados sem permissão, os xingamentos, homens que se exibem de forma inadequada e o pior de tudo, estupros em locais públicos. O assédio sexual é um tipo de violência que ocasiona vários problemas para a vida das mulheres. Nós temos o direito de ser quem somos, sem ter que sofrer qualquer tipo de consequência negativa, abuso e violência por causa disso.

Meu corpo não é público. (Reprodução internet)

O assédio sexual é um tipo de violência banalizada, que segue na contramão dos direitos garantidos a mulher, principalmente o de ir e vir, a partir do momento que elas sentem medo de andar nos espaços públicos. O ato de naturalizar isso pode estar relacionado ao fato de que o corpo da mulher é considerado como algo público, pela sociedade machista e preconceituosa em que vivemos. Trata-se do reflexo de uma cultura que não percebe a mulher como sujeito, essa cultura machista que enxerga a mulher como objeto passivo do desejo masculino.

Não é normal sair de casa com medo de entrar para uma estatística que simboliza uma das maiores formas de torturas e desigualdade de gênero, isso pode prejudicar até a nossa saúde mental. Essa realidade precisa ser combatida e modificada, urgentemente, pois fere uma das premissas básicas do Estado Democrático de Direito, que é a dignidade da pessoa humana. Apesar da influência patriarcal ser forte em nossa sociedade, é necessário mais educação e conscientização do problema para reduzir o assédio e promover a prática constante do respeito.

@marciamacedostos

terça-feira, 16 de março de 2021

Cipó o Paraíso das Águas Termais

O município de Cipó fica na região Nordeste do estado da Bahia, localizado aproximadamente à 240 km da capital Salvador e a cerca de 200 km de Aracaju - capital de Sergipe. O acesso à cidade pode ser feito por meio rodoviário, mas ela também possui um Campo de Pouso, pavimentado e iluminado, disponível somente para voos fretados. A cidade faz limite com os municípios baianos de Itapicuru, Nova Soure, Ribeira do Amparo e Tucano.

O nome de Cipó é originado da existência de um cipoal com uma fonte às margens do rio Itapicuru. (Arquivo pessoal)

A cidade de Cipó foi fundada em 08 de julho 1931, no ano de 2020 sua população estimada era de 17.352 habitantes, o clima é semiárido e é conhecida como o Paraíso das Águas Termais. O município possui um rico conjunto arquitetônico que nos remete a meados do século XX. Ao contrário do que é dito sobre o sertão, que é seco, quente e sem vida, Cipó fica situada às margens do rio Itapicuru e apresenta uma boa estrutura turística.

As ações curativas das águas termais se tornaram conhecidas a partir do século XIX. Segundo historiadores, em 1730 foi relatado o primeiro sinal de água termal em Cipó. O padre Antônio Monteiro Freire, donatário de uma sesmaria no sertão de Itapicuru de Cima, encaminhou uma representação ao Vice-Rei do Brasil falando sobre as águas termais da região, mas somente em 1829, o governo da Província, através do capitão-mor João Dantas, mandou edificar um estabelecimento de banhos nas fontes da Missão da Saúde, que ficava cerca de um quilômetro da Vila de Itapicuru. Essa obras foram concluídas em 1833.

No ano de 1831, foi determinada a construção de um abrigo na localidade chamada de Mãe D’Água de Cipó, para pessoas doentes que buscavam a cura. Em 1843 foi aprovada a construção de outra casa de acolhimento aos doentes. Tempos depois, as duas habitações que já estavam abandonadas, ruíram, por causa de uma enchente do rio Itapicuru.

Houveram muitas tentativas para construir um balneário, mas a permissão para a exploração industrial das águas, só aconteceu em 19 de março de 1928. Quando foi estabelecido o início do progresso de Cipó. Em 16 de maio de 1935, a cidade se tornou Estância Hidromineral, sendo carinhosamente chamada de “Caldas de Cipó”, dispondo de uma grande riqueza natural, que posteriormente foi explorada e acabou sendo a base econômica da região por vários anos.

As águas termais de Cipó são consideradas como uma das melhores do mundo. (Arquivo pessoal)

Cipó é considerada Paraíso das Águas Termais pelo fato das suas águas serem classificadas como hipertermais. Elas possuem cerca de 38 substâncias químicas, são alcalinoterrosas, bicarbonatadas, cálcicas, ferruginosas, líticas, magnesianas e fracamente radiativas. São águas milagrosas que aumentam a eliminação da ureia e do ácido úrico, estimulam o metabolismo, são analgésicas, antianafiláticas, antirreumáticas e diuréticas, além de exercer ação excitomotora do aparelho gastrointestinal e ação hipotensora que servem para baixar a tensão e a pressão arterial.

A água de Cipó possui um gosto bem diferente daquela que possui cloro. Ela é considerada uma das melhores do mundo e não serve para o engarrafamento, provavelmente, devido a quantidade de substâncias que contém, apesar de promover uma ação reconfortante quando é ingerida depois das refeições. Quando essa água é colocada em piscinas, apresenta uma coloração barrenta, mas a temperatura atinge cerca de 38ºC, sendo agradável e relaxante para o banho, além de variadas indicações terapêuticas.

A água termal pode ajudar na cura de doenças alérgicas, afecções gastrointestinais, anorexia, artritismo, astenia geral, colite, eczemas, hiperacidez gástrica, litíase renal e vesicular, prisão de ventre, reumatismo crônico e úlcera gastroduodenal. Para o tratamento é indicado utilizar a água como bebida, duchas e banhos termais. Na cidade existem muitas pessoas que ficaram curadas de diversas doenças, por causa dessas águas.

Enfim, a cidade de Cipó é um oásis do sertão, muito charmosa e acolhedora, tem uma das praças mais bonitas que já conheci, possui uma história rica em detalhes importantes, como a visita do Presidente Getúlio Vargas e até Lampião – o rei do cangaço, já deu as caras por aqui. Mas isso é assunto para um outro texto. Vale a pena conhecer esse pedacinho do nosso estado.

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...