terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Superação

O processo de superação se apresenta diferente para cada indivíduo. Trata-se de algo tão pessoal que está relacionado com a forma como fomos criados, como encaramos a realidade da vida, como nos relacionamos com a e o quão bem estamos com a autoestima, com a saúde mental e nos relacionamentos interpessoais. O fato é que varia muito de pessoa para pessoa, a capacidade de superar uma decepção, o término de uma amizade ou um relacionamento, o fracasso, vencer uma doença, a perda de uma pessoa querida, entre outros. A resiliência explica bastante sobre a capacidade de superação.

Errar, superar, aprender e recomeçar... Superar não é escolha, é necessidade. (Reprodução internet)

A resiliência é a habilidade humana de se recuperar de situações difíceis, lidar com problemas, se adaptar a mudanças, superar obstáculos, resistir à pressão de situações adversas e seguir em frente, buscando alcançar resultados positivos. Há quem diga que a sociedade moderna tem menos capacidade de superação do que os nossos antepassados, talvez porque atualmente enfrentamos muito mais adversidades. Apesar de estarmos mais antenados, de termos mais acesso a informação e a aspectos importantes de proteção, estamos bem mais expostos a riscos eminentes do que os nossos avós quando eram jovens.

Na sociedade atual enfrentamos sérios fatores de risco, como desemprego, violência, falta de acesso à educação, saúde, moradia digna e segurança. Tudo isso nos leva a enfrentar certas dificuldades que podem prejudicar o nosso desenvolvimento, como ter uma família bem estruturada, por exemplo. Acabamos ficando mais vulneráveis, sempre testando a nossa capacidade de superar. A aptidão para superar as dificuldades não é igual para todos, uns são mais resilientes que outros. Algumas pessoas são mais habilitadas para o enfrentamento das situações adversas, enquanto outras encontram mais dificuldades e sofrem as consequências disso.

Resiliência é um termo usado pela Física para definir a capacidade de um material em voltar para o seu estado normal, sem deformação, após ter sofrido tensão. A Psicologia utiliza esse termo e adaptou para “resiliência psicológica” para representar uma pessoa com capacidade de retornar ao seu estado psíquico original, depois de passar por incidentes de dor e de sofrimento emocional. É normal confundir resiliência com resignação, mas apesar de serem palavras afins, resignar significa aceitar pacificamente os sofrimentos da vida. Para alcançar a resiliência é necessário percorrer antes o caminho da resignação.

Pessoas resilientes possuem características como sociabilidade, criatividade na solução de problemas e senso de autonomia. Ser resiliente não significa que o indivíduo não tenha problemas, ou não sofra ao passar pelas provações da vida e muito menos, nunca sinta dificuldade para superar uma adversidade. A diferença está na forma como o problema é encarado, na capacidade de reação. Algumas pessoas possuem mecanismos próprios para superar as dificuldades e mais competência para alcançar o sucesso. Existem histórias incríveis de superação, seres humanos que se tornaram brilhantes, contrariando as circunstâncias.

Todo ser humano é capaz de melhorar a capacidade de superação perante as dificuldades da vida, além de ampliar a habilidade para solução dos problemas, sejam eles de qual ordem for e isso independe da intensidade da resiliência. É possível fortalecer a mente para ser resiliente, pois os pensamentos podem interferir nos sentimentos. Então o melhor é afugentar sensações como culpa, frustração, insegurança e tristeza, porque elas só atrapalham a busca pela paz interior. Toda criatura é incrivelmente capaz de superar. Evoluir é legítimo, basta querer.

@marciamacedostos

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Aprenda a ressignificar

Ressignificar é oferecer a si mesmo a oportunidade de modificar alguma coisa ruim em algo bom e positivo, é seguir a vida com entusiasmo, esperança, motivação e otimismo. Estimule positivamente seus sentimentos e emoções, siga adiante e se dê a possibilidade de vivenciar o seu próprio processo de ressignificação. Ressignificar é um verbo transitivo que define o ato de dar um novo significado a algo ou alguém. Trata-se de uma maneira usada pela neurolinguística para fazer com que as pessoas sejam capazes de conceder um sentido novo aos acontecimentos, por meio da mudança de sua visão de mundo.

Ressignificar dói, mas é necessário e só nos faz crescer. (Reprodução internet)

Estamos finalizando um ano difícil e desafiador, é óbvio que precisamos aprender uma lição para nos tornar seres humanos melhores. O mundo está passando por situações complicadas, a natureza está gritando por socorro e nos castigando por nossa total falta de cuidado e proteção. O que precisa acontecer para aprendermos essa lição? Foram muitas perdas humanas e materiais, se não ressignificarmos, não conseguiremos suportar. A palavra “ressignificar” pode ser substituída por “transformar”, é isso, transformar para mudar. Nada é permanente, exceto a mudança.

Na psicologia, o processo de ressignificar usa diversas técnicas para fazer com que as pessoas mudem as suas percepções da vida e passem a agir de forma que suas ações colaborem para fazer do mundo um lugar melhor e mais agradável. Isso só é possível quando esses indivíduos conseguem mudar o sentido de algo que já foi executado, para que as soluções e a conduta também possam se transformar. A ressignificação é um componente significativo que ajuda a desenvolver a capacidade de atribuir novos valores a uma circunstância comum, tornando-a útil e prazerosa.

A gente pode ressignificar tudo, o passado, o trabalho, os relacionamentos e até os propósitos de vida. Saber observar, se olhar e se enxergar, sem análises e julgamentos, esse é o caminho para confiar em si mesmo. Ressignificar é o roteiro para voltar a sonhar e de fato viver a vida com verdade e total propriedade. O poder de ressignificar é uma das maiores forças e virtudes que temos. Nós podemos transformar as nossas decepções, dificuldades, dores e medos em aprendizado, motivação e evolução. Aprenda a dar um novo sentido à vida.

É importante aprender com as dificuldades, focar no futuro sem desconsiderar o presente, fazer as pazes com o passado, trabalhar o perdão e a aceitação, honrar e respeitar a sua história e se fortalecer com as dificuldades. Ressignificar é a chave do autoconhecimento, do autocontrole e da autoestima, conforme amadurecemos, acabamos amolecendo os conceitos antigos e mudamos as preferências. Ressignifique para conseguir superar; reconheça a queda, não desanime, levante, perdoe, se perdoe e siga em frente.

O tempo é o nosso maior professor e com o amadurecimento, as prioridades vão se transformando através da experiência e assim vamos saciando a angústia e a ansiedade. A resiliência humana é um reflexo de como a ressignificação de que qualquer episódio repleto de frustração e desânimo seja um esforço significativo para quem quer encontrar o equilíbrio e viver uma vida mais leve e feliz. A atitude de ressignificar é antes de tudo uma escolha, por isso, evite reclamar e olhe para frente. Aproveite o ano novo para recomeçar, invista em você mesmo. Sigo no processo!

Feliz Ano Novo!!!

@marciamacedostos

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Paz interior

Época de Natal é um período em que fazemos profundas reflexões, um balanço de como está a vida, aquilo que deu certo e o que não deu, o que fizemos de correto e o que podemos, ou melhor, precisamos melhorar. É exatamente assim que estou me sentindo, buscando paz interior, depois desse ano tão difícil e que sucedeu outro ano igualmente complicado. Não me atrevo a considerar que os meus problemas são maiores, quando percebo os vários privilégios que tenho, desde um lugar seguro para morar, todos os que amo estão vivos e bem, além uma rede familiar que me garante apoio incondicional, além de tantas outras regalias.

Ninguém pode lhe proporcionar paz, além de você mesmo. (Reprodução internet)

A paz interior também chamada de paz mental é um coloquialismo que se refere ao estado de estar mentalmente ou espiritualmente em paz, com consciência e compreensão para encarar conflitos, ansiedade, estresse ou frustração. Minha mãe sempre diz: “A paz não tem preço”, “Nada tira a minha paz”, “Não perca a sua paz”, “Fique em paz”... São frases que ouço com muita frequência e em algumas situações fico perturbada porque não consigo ter toda essa tranquilidade de espírito. Compreendo então, que se trata de uma infinita busca e como tal, possui caminhos secretos e únicos que precisam ser descobertos individualmente.

Costumamos pensar que os sentimentos da alma são consequências da casualidade temperamental e da força divina. Dificilmente lembramos que a conexão entre sentimento e ambiente está profundamente associada com a responsabilidade que temos em estimular a tranquilidade e o equilíbrio ou a angústia e o desespero. Geralmente lamentamos determinadas situações e acabamos esquecendo a raiz do sofrimento, mas se fizermos uma análise e observarmos com bom senso, com certeza enxergaremos a razão da aflição. Delegar nossa alegria, nossa segurança, nosso bem-estar e nosso tempo a outra pessoa é prenúncio de uma vida infeliz.

“Muitas das circunstâncias da vida são criadas por três escolhas básicas: as disciplinas que você decide manter, as pessoas com quem você decide estar e as leis que você decide obedecer” - Charles Millhuff. Se sentir em paz, viver em paz e dormir em paz são efeitos do cuidado que precisamos ter ao fazer as nossas escolhas, da atenção que damos para as consequências de nossos atos e do empenho em desfrutar da verdade. O destino é fruto de nossas escolhas e por isso precisam ser acertadas e conscientes, pois elas são de nossa própria responsabilidade.

A paz interior nada mais é do que uma profunda calma e de acordo com especialistas, para alcançar essa paz é preciso silenciar os pensamentos para conseguir se conectar a si próprio. Acreditar na paz ajuda a desenvolver estágios mentais mais extensivos, partindo da indiferença, da baixa autoestima e nos conduzindo no sentido da saúde mental e emocional. Se quiser atingir essa tão desejada harmonia, não busque a aprovação de ninguém, a paz interior vem de assumir e respeitar suas escolhas, mas para tê-la não tente controlar tudo e todos, é inútil. Cada indivíduo é único.

Perdoe e se perdoe, praticar o auto perdão é essencial na busca da paz mental. É importante eliminar os pensamentos negativos e repetitivos, viva sem culpa e sempre seja grato. Observar a natureza é um ótimo exercício, pois acalma os pensamentos e funciona como um ponto de equilíbrio que envolve a vida. Não devemos nos apegar às decepções e sim cultivar a gratidão. Esse é o caminho e pode nos auxiliar para ter mais paz interior. Aproveitem o espírito natalino para refletir sobre a vida e fazer as mudanças necessárias que promovem uma saúde plena. Sigo tentando!

FELIZ NATAL!!!

@marciamacedostos

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Solidariedade

Solidariedade é o compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e cada uma delas a todas. Trata-se de caráter, condição ou estado de solidário. Solidariedade e generosidade são comportamentos de grande importância no combate às variadas consequências provocadas pela Pandemia da Covid-19, entre elas o crescimento desenfreado da desigualdade social. Fazer o bem sem olhar a quem, além de importante, se tornou essencial para amenizar os efeitos causados pela maior crise sanitária e econômica da história do Brasil.

A solidariedade é um combustível para mudar o mundo. (Reprodução internet)

A palavra “solidariedade” tem origem no francês “solidarité” que também pode remeter para uma responsabilidade recíproca. A solidariedade pode transformar vidas, é um dos valores fundamentais e universais do século XXI e a Organização das Nações Unidas (ONU), através de Assembleia Geral, decretou que 20 de dezembro é o Dia Internacional da Solidariedade Humana, data celebrada desde o ano de 2005. O objetivo principal dessa oficialização é reunir povos e nações em um mesmo propósito, que é promover a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento socioeconômico.

Ser solidário é um abraço no outro, um ato de bondade e compreensão com o próximo. Essa é uma emoção que surge através da união de interesses e objetivos entre os integrantes de uma comunidade, estabelecendo: cooperação mútua entre pessoas; identidade entre seres; interdependência de ideias, doutrinas e sentimentos. A solidariedade vai além do auxílio palpável e presencial, ela acontece também através de cuidados com a saúde mental e emocional, com intuito de ajudar a controlar a ansiedade e o medo com relação às dificuldades atuais e futuras.

Respeito e estima pelo outro são princípios fundamentais e inegociáveis. Todo cidadão precisa aprender o valor da solidariedade e colocar em prática cotidianamente e constantemente, com sentimentos nobres e potentes que podem ampliar os níveis de igualdade, resistência e união dos indivíduos. A solidariedade vai além da caridade, compreende “abraçar” causas significativas e se tornar parte delas, desde as pequenas atitudes que podem ser realizadas no dia a dia e gradativamente mais. O ato de ser solidário precisa ser genuíno e obstinado.

A solidariedade começa com o olhar para o outro, significa perceber o que acontece em volta, é um pensar solidário e não solitário, cuja dimensão moral é abrangente, nos vinculando ao real sentido da vida. É uma atitude que pode ser demonstrada também com palavras, se doar, palavras de conforto possui poder curativo, ouvir com atenção e carinho pode ser vital para alguém. Atos de solidariedade fazem muito bem, tanto para quem se doa quanto para quem recebe, seus benefícios podem ser sentidos na alma, na mente e em todo o corpo.

Solidariedade não é só ajudar o próximo a atingir algum objetivo, é muito mais que isso, é informar, orientar, dividir o conhecimento. Ser solidário é ter interesse pela vida do próximo e a solidariedade é um sentimento de identificação com relação ao sofrimento dos outros. Não há outro canal para a solidariedade humanitária a não ser a busca e o respeito da dignidade individual. Ela é o sentimento que melhor representa o respeito pela dignidade humana. Para alcançar um mundo melhor é necessário ter empatia – capacidade de se colocar no lugar do outro.

@marciamacedostos

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Decepção

O ano está acabando e eu me peguei esses dias num desassossego chato, refletindo sobre o tanto de decepções que tive nos últimos tempos. Foram insatisfações de todas as categorias e em alguns momentos cheguei a não me sentir bem. É fato que ninguém é feliz e realizado o tempo todo, sempre existe algo que nos perturba, que nos tira do eixo. Existem fases na vida que essas perturbações se tornam tão frequentes que corremos o risco de prejudicar nossa saúde mental e emocional. Nesses momentos precisamos cuidar de nós mesmos e nos apegarmos à .

A decepção é um sentimento de tristeza, descontentamento ou frustração pela ocorrência de fato inesperado, que representa um mal; desilusão, desapontamento. Temos a mania de planejar o futuro, idealizar nossos sonhos e arquitetar nossos projetos para que tudo aconteça da forma que queremos, só que nem sempre as coisas saem como imaginamos e aí as decepções que temos, tomam proporções maiores, como se passassem por uma lente de aumento. É necessário encontrar um equilíbrio para conseguir lidar com as situações adversas.

A desilusão é a visita da verdade. (Reprodução internet)

Quem nunca sofreu uma decepção na vida? É difícil alguém responder que não. Acredito que é impossível existir uma pessoa que nunca tenha se decepcionado em toda a sua vivência. Geralmente, as decepções vêm de onde menos esperamos, fazem parte da vida e necessitamos aprender a lidar com elas. A decepção pode ser tão séria que é capaz de desequilibrar a pessoa emocionalmente, sendo vital a ajuda de um profissional habilitado, como o psicólogo. Fazer terapia é uma ótima opção para quem quer se manter emocionalmente saudável.

Uma decepção acontece quando há uma diferença entre aquilo que esperamos e aquilo que realmente acontece, podendo envolver outras pessoas ou somente nós mesmos. Estamos no meio de uma Pandemia que insiste em não findar e ela, por si só potencializa os efeitos das decepções em nós. A decepção é semelhante à frustração e apesar da sensação ruim que provoca em nós, precisa ser experimentada para nos proporcionar aprendizado e crescimento pessoal. O ideal é aprender a administrar e lidar com as situações angustiantes.

De acordo com os especialistas, temos que fazer da decepção um fator motivador de alguma atitude que nos permita crescer, evoluir e seguir na direção dos nossos objetivos, questionar e enfrentar a realidade como ela é. Isso é importante para estarmos preparados para lidar com as emoções mais dolorosas que provavelmente irão surgir no decorrer da vida. Assim conseguiremos obter força interior e desenvolver as habilidades necessárias para o enfrentamento das emoções e dos sentimentos originários da decepção.

Entenda que, ter pequenas frustrações faz parte da vida, é importante para o processo de construção de uma estrutura emocional saudável. Se um adulto tem dificuldade para lidar com a decepção, pode ser que ele não tenha desenvolvido a capacidade necessária para isso na infância ou na adolescência e uma psicoterapia pode ajudar a encontrar os gatilhos para encarar as decepções de maneira mais fácil. Sentimentos negativos e prejudiciais como ingratidão, desilusão e injustiça nos causam dor, mas, às vezes são inevitáveis.

É preciso aceitar a realidade por mais difícil que isso possa parecer e para superar uma decepção não devemos subestimar o tamanho do problema, nem esconder o que estamos sentindo, o ato de externar, gera alívio e produz o restabelecimento do equilíbrio emocional. Não podemos deixar a mágoa e a raiva nos consumir, é indispensável alimentar bons sentimentos como bondade, gentileza, gratidão, segurança, respeito e empatia.

Acumular rancor e ressentimento só provoca doenças, o ideal é identificar a raiz do problema para buscar a melhor solução. Atacar ou agredir quem nos decepcionou só causa mais sofrimento e quando a tristeza invadir o coração, mentalizar coisas boas auxilia bastante. Não devemos permitir que nossa energia interior diminua na iminência de nos conduzir à resignação e à inércia. No mais, buscar e praticar atividades positivas são fundamentais para resgatar a autoestima ferida.

@marciamacedostos

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Colorismo

Você sabe o que é colorismo? Provavelmente, você já escutou essa palavra em alguma situação. Trata-se de um termo usado para diferenciar variadas tonalidades da pele negra, desde o tom mais claro até o tom mais escuro. O colorismo ou a pigmentocracia, que também é chamado de discriminação pela cor da pele, é uma forma de preconceito ou discriminação onde pessoas que em geral são membros da mesma raça, são tratadas de maneira diferente baseado em implicações sociais que se apresentam com os significados culturais relacionados com a cor da pele.

"Tire seu preconceito do caminho, que eu vou passar com a minha cor." (Reprodução internet)

As tonalidades da epiderme negra também possibilitam a inclusão ou a exclusão do indivíduo na sociedade brasileira. O colorismo estabelece tonalidades de pele como se fosse uma classificação de lápis de cor em tons claros e escuros. Atualmente esse tipo de separação pode favorecer a vivência de quem tem a pele mais clara e complicar a vida cotidiana de quem tem a pele mais escura, ou seja, um negro que possui a tonalidade da pele mais clara tem mais aceitação na sociedade, isso porque a pigmentação de sua epiderme é mais parecida com a etnia branca.

Para fechar o mês da consciência negra, resolvi estudar mais sobre esse assunto, ressaltando que o negro não é negro só em novembro. É possível identificar quando algo está associado ao colorismo sempre que se percebe a intenção de anular ou a tentativa de camuflar a etnia, usando, por exemplo, apelidos como: café com leite, cor de canela, cor de jambo, marrom bombom, morena jabuticaba, entre outros. O colorismo é uma tentativa de individualizar a tonalidade da pele, como se dessa forma a pessoa pudesse ser menos negra e mais parecida com uma pessoa branca.

Por intermédio do colorismo, a sociedade produz subterfúgios para que o preconceito e a intolerância continuem existindo nos espaços sociais. Essa distinção e desrespeito à diversidade provoca insegurança, instabilidade e falta de identidade e de pertencimento à cultura. É fundamental valorizar a cultura e a identidade negra para combater os símbolos de inferioridade, daí a importância da consciência negra. No colorismo o indivíduo é classificado pelo grau de sua negritude, normalmente quando possui os traços físicos mais próximos do critério branco, a exemplo da frase: “negro de traços finos”.

Todos esses problemas provocam a camuflagem do racismo que ainda é tão presente no Brasil. O colorismo favorece o preconceito velado que as pessoas de pele mais escura vivenciam diariamente, provocando um sentimento de baixa autoestima, angústia e injustiça. Ele gera conflito até dentro da comunidade negra e motiva a impressão de que a sociedade possibilita e oferece oportunidades, além de classificar quem é mais claro e mais escuro, quem serve ou não para trabalhos específicos, remetendo a uma divisão das atividades num contexto de casa grande e senzala.

Quanto mais escuro, menos aceitação, lamentavelmente. No campo afetivo também existe um “ideal” dentro dessa hierarquia de cores e tons, cujo objetivo é atingir a branquitude, eliminando ou rejeitando a negritude. De acordo com Messias Basques - doutor em antropologia pelo Museu Nacional, que pesquisa raça, questões raciais e povos indígenas: “Nessa escala cromática, quanto mais se aproximam daquilo que é branco passam a serem vistas como mais humanas, menos pretas, menos selvagens, menos tribalizadas, atrasadas e primitivas”.

@marciamacedostos

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Consciência Negra

Em 09 de janeiro de 2003 foi criado no Brasil o Dia Nacional da Consciência Negra, pelo projeto de Lei nº 10.639. A data é celebrada em 20 de novembro, mas durante todo o mês acontecem diversos eventos relacionados ao tema. Consciência Negra consiste em legitimar e enaltecer a luta dos povos negros, homenagear a cultura negra e valorizar todas as contribuições que eles deram para a composição da sociedade brasileira. A importância dessa data reforça a necessidade que toda sociedade tem de refletir, rever e agir no combate ao racismo estrutural implantado no nosso país.

A ignorância é a base do racismo. (Reprodução internet)

A ideia é originada dos anos 1970, quando surgiram grupos que lutavam contra o racismo, a exemplo do Grupo Palmares de Porto Alegre - Rio Grande do Sul, que era associado a um quilombo e ao Movimento Negro Unificado, um grupo de ativismo político, cultural e social, fundado em 1978. Essa equipe estudava e reverenciava a cultura e a literatura negra, além de investigar e debater assuntos relacionados com outros ativistas, cuja inspiração seria a luta contra o Apartheid, um regime de segregação racial implantado na África do Sul em 1948, adotado até 1994.

O objetivo principal era oportunizar ações para refletir a consciência negra e combater o racismo. O 20 de novembro foi instituído em âmbito nacional mediante a Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011 e mesmo não sendo considerado feriado, vários municípios adotaram como sendo. A data de conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento da população negra foi escolhida por se tratar do dia da morte de Zumbi dos Palmares (1655 - 1695), último líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo do Período Colonial, localizado na região Nordeste.

Zumbi foi um símbolo na luta e resistência contra a escravidão e a opressão, com apoio de Dandara dos Palmares que segundo fontes historiográficas era sua esposa e Tereza de Benguela conhecida como “Rainha Tereza”. Ao mesmo tempo em que existem motivos para festejar o dia da Consciência Negra, há também várias razões para debater o racismo e fortalecer a ideia de integração igualitária da população negra na sociedade, combatendo a exclusão e a desigualdade social. Portanto, as atividades desenvolvidas no 20 de novembro são focadas na conscientização e na reflexão.

De acordo com análise de dados sobre renda e desigualdade, é possível constatar que, infelizmente, o Brasil ainda permanece sob forte influência hereditária da escravidão quando o assunto é igualdade e inclusão social. As gerações afro-brasileiras que sucederam o período da escravidão seguem sofrendo variados níveis de preconceito, intolerância, assédio e violência. É importante salientar que o negro não é negro só em novembro, assim como a mulher não é mulher só em março, logo devemos repensar e corrigir nossas atitudes, cotidianamente. Respeito não tem cor, tem consciência.

Racismo consiste no preconceito e na discriminação com base em percepções sociais pautadas em diferenças biológicas entre os povos. Trata-se de um antagonismo praticado contra um ou mais indivíduos, pelo fato de pertencer a um determinado grupo racial ou étnico. No ano de 1986, foi sancionada a Lei nº 7.716, que classifica como crime qualquer manifestação motivada por questões raciais. Além de ser desumano, o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, e no Brasil quem comete atos racistas fica sujeito a pegar de um a três anos de prisão. A injúria racial é outro crime especificado no Código Penal, suscetível a punição, o condenado pode ficar de um a seis meses na detenção, podendo realizar o pagamento de multa.

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...