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terça-feira, 23 de novembro de 2021

Consciência Negra

Em 09 de janeiro de 2003 foi criado no Brasil o Dia Nacional da Consciência Negra, pelo projeto de Lei nº 10.639. A data é celebrada em 20 de novembro, mas durante todo o mês acontecem diversos eventos relacionados ao tema. Consciência Negra consiste em legitimar e enaltecer a luta dos povos negros, homenagear a cultura negra e valorizar todas as contribuições que eles deram para a composição da sociedade brasileira. A importância dessa data reforça a necessidade que toda sociedade tem de refletir, rever e agir no combate ao racismo estrutural implantado no nosso país.

A ignorância é a base do racismo. (Reprodução internet)

A ideia é originada dos anos 1970, quando surgiram grupos que lutavam contra o racismo, a exemplo do Grupo Palmares de Porto Alegre - Rio Grande do Sul, que era associado a um quilombo e ao Movimento Negro Unificado, um grupo de ativismo político, cultural e social, fundado em 1978. Essa equipe estudava e reverenciava a cultura e a literatura negra, além de investigar e debater assuntos relacionados com outros ativistas, cuja inspiração seria a luta contra o Apartheid, um regime de segregação racial implantado na África do Sul em 1948, adotado até 1994.

O objetivo principal era oportunizar ações para refletir a consciência negra e combater o racismo. O 20 de novembro foi instituído em âmbito nacional mediante a Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011 e mesmo não sendo considerado feriado, vários municípios adotaram como sendo. A data de conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento da população negra foi escolhida por se tratar do dia da morte de Zumbi dos Palmares (1655 - 1695), último líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo do Período Colonial, localizado na região Nordeste.

Zumbi foi um símbolo na luta e resistência contra a escravidão e a opressão, com apoio de Dandara dos Palmares que segundo fontes historiográficas era sua esposa e Tereza de Benguela conhecida como “Rainha Tereza”. Ao mesmo tempo em que existem motivos para festejar o dia da Consciência Negra, há também várias razões para debater o racismo e fortalecer a ideia de integração igualitária da população negra na sociedade, combatendo a exclusão e a desigualdade social. Portanto, as atividades desenvolvidas no 20 de novembro são focadas na conscientização e na reflexão.

De acordo com análise de dados sobre renda e desigualdade, é possível constatar que, infelizmente, o Brasil ainda permanece sob forte influência hereditária da escravidão quando o assunto é igualdade e inclusão social. As gerações afro-brasileiras que sucederam o período da escravidão seguem sofrendo variados níveis de preconceito, intolerância, assédio e violência. É importante salientar que o negro não é negro só em novembro, assim como a mulher não é mulher só em março, logo devemos repensar e corrigir nossas atitudes, cotidianamente. Respeito não tem cor, tem consciência.

Racismo consiste no preconceito e na discriminação com base em percepções sociais pautadas em diferenças biológicas entre os povos. Trata-se de um antagonismo praticado contra um ou mais indivíduos, pelo fato de pertencer a um determinado grupo racial ou étnico. No ano de 1986, foi sancionada a Lei nº 7.716, que classifica como crime qualquer manifestação motivada por questões raciais. Além de ser desumano, o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, e no Brasil quem comete atos racistas fica sujeito a pegar de um a três anos de prisão. A injúria racial é outro crime especificado no Código Penal, suscetível a punição, o condenado pode ficar de um a seis meses na detenção, podendo realizar o pagamento de multa.

@marciamacedostos

terça-feira, 6 de julho de 2021

Independência do Brasil na Bahia

Em 02 de julho é celebrada a Independência da Bahia, também chamada de Independência do Brasil na Bahia. Trata-se do movimento criado pelo conceito federalista da população, que começou no dia 19 de fevereiro de 1822, sendo concluído em 02 de julho de 1823. O movimento acabou pela implantação da então província na unidade nacional brasileira, estabelecendo a Independência do Brasil. Além de ser um evento histórico importante, a referida data se tornou uma festa popular baiana repleta de significados.

"Com tiranos não combinam. Brasileiros, brasileiros corações..." (Reprodução internet)

A guerra travada na província baiana durou cerca de 17 meses e terminou com a vitória brasileira contra tropas portuguesas. O Exército e a Marinha do Brasil saíram vitoriosos e assim foi consolidada a separação política do Brasil de Portugal. Assim, o 07 de setembro de 1822 - dia oficial da Independência do Brasil, é considerada uma data simbólica, já que uma parte do país, a região Nordeste, ainda não era independente. Os acontecimentos da guerra da independência no Nordeste, têm características bem distintas da forma como o Brasil foi separado de Portugal.

O 02 de Julho e seu cortejo tornou-se um evento de reverência patriótica para os baianos, que mantém viva a tradição de comemorar e todos os anos reproduz a entrada do Exército Pacificador em Salvador. Os festejos começam com o fogo simbólico que reflete a união dos povos que lutaram pela soberania. O fogo é aceso em 30 de junho, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, na cidade de Cachoeira, localizada no recôncavo baiano. No mesmo dia é celebrado o Te Deum pela Independência do Brasil na Bahia, um louvor na Catedral Basílica de Salvador, que fica no Terreiro de Jesus - Pelourinho.

Foi durante a louvação do Te Deum, em 25 de junho de 1822, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Cachoeira, que a escuna canhoneira enviada pelo Brigadeiro Português Madeira de Melo para fechar o porto da cidade, proferiu o primeiro tiro contra a vila, dando início à guerra e é por essa razão que o fogo simbólico sai de lá. O ritual do fogo simbólico é representado por uma tocha com a chama acesa, que vai passando de mão em mão por artistas, atletas amadores, atletas profissionais, líderes políticos e oficiais do Exército, percorrendo várias cidades do estado da Bahia rumo à capital Salvador, no bairro de Pirajá, onde é acendida uma pira, no dia 01 de julho.

A solenidade do 02 de julho sempre esteve relacionada com as causas populares. Personagens como Joana Angélica, Maria Quitéria, João das Botas e Corneteiro Luís Lopes retratam um cenário completamente distinto da Independência do Brasil. É uma batalha que possui muitos heróis, sendo a maioria originada da esfera mais pobre da população. Posteriormente, foram inseridas na comemoração, as figuras simbólicas do Caboclo e da Cabocla, que saem em carros alegóricos e se tornaram os protagonistas do cortejo.

Maria Quitéria, heroína da Guerra da Independência. (Reprodução internet)

No primeiro desfile, em 1824 , só existia a representação do Caboclo, não era uma escultura e sim um senhor mestiço. No ano de 1826, a escultura do Caboclo com uma lança, matando a serpente, que representava a tirania portuguesa, foi encomendada. A partir de 1846, a Cabocla foi inserida no evento, como sendo a imagem de Catarina Paraguaçu, que representa a primeira família mestiça brasileira, a índia que casou com o europeu Diogo Álvares - o Caramuru, sintetizando o encontro das nações.

O Caboclo e a Cabocla caracterizam o exército formado por soldados regulares e voluntários, índios tupinambás, brancos pobres, negros libertos e escravos enviados por seus senhores. O cortejo do 02 de julho sai do Largo da Lapinha, onde ocorrem queima de fogos, execução do Hino Nacional e hasteamento da bandeira, autoridades colocam flores no monumento ao General Labatut - militar francês que liderou o Exército Pacificador. A caminhada passa pelo Convento da Soledade em direção ao bairro de Santo Antônio Além do Carmo e segue parando em diversos locais até o Pelourinho e o desfile segue pelo Centro Histórico em direção ao Palácio Rio Branco.

Ao mesmo tempo, ocorre uma Cerimônia Cívica no 2º Distrito Naval, no Comércio. O cortejo vai até o Campo Grande, onde autoridades fazem o hasteamento das bandeiras, há execução do Hino Nacional com bandas de música da Aeronáutica, da Marinha e do Exército, colocação de flores no Monumento ao 2 de Julho, acendimento da pira do Fogo Simbólico e execução do Hino ao 2 de Julho. Para finalizar, acontece o Encontro das Filarmônicas de diversas cidades da Bahia. A batalha pela independência foi uma concordância entre as forças de todo Brasil e o objetivo dessa festa é ser do povo para o povo.

@marciamacedostos

terça-feira, 22 de junho de 2021

A fama dos cactos

Em setembro de 2020, resolvi tirar do papel, o projeto pessoal desse blog aqui e dei-lhe o nome de Flor de Cacto. A escolha desse nome foi uma capítulo à parte, pois estava em busca de algo que fosse representativo e simbólico. O título caiu como uma luva e a conexão foi imediata quando pensei nele. Sempre admirei o cacto, por se tratar de uma planta muito forte, resistente e capaz de sobreviver a muitos desafios, além disso, simboliza firmeza e perseverança. É por essas razões, que os cactos, simplesmente, me encantam e inspiram.

Seja cacto quando preciso, porém floresça quando chegar a sua hora. (Reprodução internet)

Os cactos possuem espinhos em lugar de folhas, pertencem à família Cactaceae, apresentando espécies de cores, formatos e tamanhos bem distintos. Por possuir habilidades específicas de sobrevivência, essa planta costuma se adaptar bem nos ambientes áridos. Elas nascem em condições extremas, sendo muito comum na Região Nordeste do Brasil. O cacto armazena água e a sua estrutura espinhosa serve para se proteger de possíveis ataques de predadores herbívoros. Para sobreviver, ele precisa de pouca água e de uma intensa iluminação.

Cactos retratam bem o Nordeste brasileiro, já que conseguem sobreviver em situações adversas, assim como muitos nordestinos que precisam lidar com desafios bastante acentuados, como a seca e os desequilíbrios socioeconômicos. No mês de junho, todos os caminhos levam para o Nordeste, já que durante o período dos festejos juninos, todos gostariam de estar por aqui, para dançar forró, admirar a boniteza das quadrilhas, sem falar nas delícias que a culinária típica apresenta. Fico salivando de vontade, só de pensar!

Recentemente, o cacto foi protagonista no reality show No Limite, gravado no estado do Ceará. O participante Kaysar da tribo Calango, preparou um prato especial para o grupo, a base de cacto com óleo de sardinha, depois a tribo voltou a comê-lo, dessa vez cru. Fato é que, algumas espécies são comestíveis, podendo sustentar humanos e animais, sendo chamadas de “alimento do futuro”. A planta é pensada como uma saída para a alimentação de povos que enfrentam secas intensas. Seu uso como base de receitas e produtos alimentícios, é bem antigo.

É preciso compreender a funcionalidade dos espinhos, para admirar a beleza dos cactos. (Reprodução internet)

O cacto representou a torcida organizada da advogada e maquiadora Juliette Freire, participante do reality show Big Brother Brasil. Os fãs da sister, que são carinhosamente chamados de cactos e ganharam esse apelido graças a paixão que Juliette tem pela planta, conseguiram consagrá-la campeã da edição 21 do BBB. A planta virou emoji e estampa dos mais variados produtos, caracterizando a torcida vitoriosa. Além disso, o exército de cactos da campeã, a fizeram ultrapassar a marca de 30 milhões de seguidores no Instagram, sendo que, antes do programa ela tinha 3 mil seguidores. Um verdadeiro prodígio!

Sem dúvidas, foi uma estratégia digital fenomenal da equipe de Juliette, seu carisma foi aplicado de forma estratégica ao mundo digital e deu muito certo. A jornada dela no programa, seguiu uma linha surpreendente, criou uma persona que se conectou ao público, sendo a nordestina humilde e amiga dos mais vulneráveis, uma jovem divertida, ágil com as palavras e vítima de preconceitos. Tudo isso resultou no diferencial da campeã, ela estabeleceu uma conexão coletiva que reverberou sinceridade e gerou engajamento.

O fato é que a resiliência dos cactos (a torcida), uma característica bem representativa da planta cacto, transformou a paraibana Juliette em um fenômeno digital. Uma mulher comum, anônima, que chamou atenção e conquistou as pessoas, justamente por ser a imperfeita e não tinha vergonha de ser. Seu acentuado sotaque nordestino também foi algo que ficou em evidência no programa, pelo fato de que ela falava muito e também porque, nem sempre ou quase nunca, estavam dispostos a ouvi-la. Apesar de todos os obstáculos, ela conseguiu ocupar um lugar de brio.

Juliette enfrentou seus oponentes com altivez, demonstrando toda a sua resistência, construída a partir da sua origem simples e de todas as adversidades que enfrentou ao longo da vida. Essa capacidade de lidar com os infortúnios que existem, também chamada de “resiliência”, é representada pela figura do cacto, que exibe grande vigor nos períodos de estiagem. Por toda beleza, adaptabilidade e durabilidade, não poderia ser outro, senão o cacto, a escolha certa para ser o símbolo do povo nordestino, que sofre, resiste, luta e vence.

@marciamacedostos

terça-feira, 30 de março de 2021

Salvador - 472 anos

A cidade de Salvador, capital do estado da Bahia e a primeira capital do Brasil completou em 29 de março de 2021, 472 anos de puro encanto e história. A cidade tem um clima tropical e está situada na Zona da Mata da região Nordeste, sendo exaltada em todo o Brasil e reconhecida internacionalmente por sua arquitetura colonial portuguesa, gastronomia e música. Muitos aspectos culturais de Salvador possui uma grande influência africana, o que a torna o centro da cultura afro-brasileira. Salvador é um patrimônio cultural da humanidade.

"O baiano é feito de sol." (Arquivo pessoal)

Salvador foi fundada no ano de 1549, por Tomé de Sousa e isso aconteceu por causa da implantação do Governo Geral do Brasil pelo Império Português, ela foi a primeira capital do país até 1763. Trata-se de uma das cidades mais antigas da América, sendo umas das primeiras cidades planejadas no mundo, ainda durante o período do Renascimento. É conhecida como Roma Negra e Meca da Negritude, por se tratar de uma metrópole com grande percentagem de negros. A maior parte de sua população é negra ou parda.

No século XV, a região que abriga Salvador era habitada por índios tupinambás. Inicialmente, Salvador era dividida somente em Cidade Alta - parte maior e mais moderna e Cidade Baixa - área litorânea, uma planície relativamente estreita. Além das Cidades Alta e Baixa serem ligadas por várias vias, elas também são conectadas pelo Elevador Lacerda, o primeiro elevador urbano do mundo. Essa divisão existe por causa do relevo acidentado, tudo se projeta sobre a Baía de Todos os Santos, formando um triângulo, tendo o Farol da Barra como vértice.

Apesar da fundação estruturada e estabelecida no atual Centro Histórico de Salvador, o crescimento da cidade aconteceu de forma espontânea no decorrer do tempo e assim seus limites foram se desenvolvendo. No século XIX aconteceu a expansão sul e no século XX ocorreu uma reforma territorial instituindo cerca de onze distritos, quando passou a ter um crescimento desordenado. Já no ano de 1987, Salvador foi dividida em dezoito zonas político-administrativas, com intuito de melhorar a gestão territorial.

E assim é Salvador, uma cidade atraente e histórica do começo ao fim. Minha cidade é um importante destino turístico do Brasil e entre os seus principais pontos turísticos estão o Pelourinho, as igrejas históricas e as praias, o litoral da capital baiana é um dos mais longos para cidades brasileiras. Além das praias de beleza natural, os turistas se interessam pela grandiosidade do conjunto arquitetônico e pela rica cultura como: música, culinária e religião.

Apesar de toda sua beleza, a capital da Bahia sofre com a grande desigualdade social em vários aspectos, como: desemprego; violência e criminalidade; favelização; saúde, saneamento básico e iluminação pública precários; desrespeito ao meio ambiente; entre outros. Essas questões preocupam bastante os soteropolitanos e a cidade que deveria ser melhor estruturada e organizada, por ser a capital do estado onde nasceu o Brasil, precisa melhorar bastante para dar melhor qualidade de vida aos seus habitantes.

Se a Bahia é deslumbrante e grandiosa, sua capital Salvador é incomparável, a alegria, a euforia e o calor humano são inigualáveis, uma eterna festa. São 472 anos de vida e Salvador respira sua história. O meu desejo é que ela siga majestosa e que cada vez mais, seja uma cidade justa e acolhedora, não só com os visitantes, mas com o seu povo que possui uma animação única e diferenciada, que luta diariamente para superar todos os desafios, mantendo sempre a alegria de viver. Afinal, baiano não nasce, estreia.

@marciamacedostos

terça-feira, 23 de março de 2021

A história de Caldas de Cipó

A denominação Cipó foi originada através da existência de um cipoal com uma fonte às margens do rio Itapicuru. De acordo com estudiosos, o gentílico Cipó tem origem no Tupi-guarani, “CY” significa: “MÃE” e “YPÓ” significa: “ÀGUA, NASCENTE, FONTE”, os primeiros moradores da margem do rio, aportuguesaram a palavra, que originalmente significava “Mãe D’Água”. Cipó é conhecida como um sertão úmido, mesmo com muito sol e pouca chuva.

"A glória e o nada." (Arquivo Pessoal)

Segundo os antigos romanos, “águas fundam cidades”, reza a lenda que um caçador percorria as margens do rio Itapicuru, que banha a cidade e em suas andanças pelo sertão baiano, atirou na direção de um pássaro que estava pousado em uma árvore, com isso acabou provocando uma revoada que lhe chamou atenção, quando se aproximou, ouviu um borbulho de água jorrando no solo, de temperatura quente e sabor diferenciado.

Naquele local existiam enormes árvores de cipó, o caçador estava diante de um verdadeiro cipoal. Ele seguiu o seu caminho sentido a cidade de Itapicuru da Missão, onde divulgou a informação sobre as águas que descobriu e estabeleceu as coordenadas como sendo na região de Cipó, num cipoal que ficava às margens do rio Itapicuru. A cidade de Cipó foi planejada e por essa razão, possui ruas e calçadas largas, muita arborização e edifícios de linhas retas.

Além da cidade ser considerada uma Estância Hidromineral, qualificação que ganhou em 16 de maio de 1935, quando aumentou a frequência de visitantes, a cidade também guarda uma história fascinante. Exemplo disso é o Grande Hotel de Cipó, que foi inaugurado em 1952 e recebeu personalidades como o presidente Getúlio Vargas (1882 - 1954); o então governador da Bahia, Régis Pacheco (1895 - 1987); o escritor Guimarães Rosa (1908 - 1967) e o jornalista Assis Chateaubriand (1892 - 1968).

Em 1906, o Coronel Genésio Sales que sofria de úlcera estomacal decidiu passar uma temporada no Sertão Arraial da Mãe D’Água de Cipó, na tentativa de se curar e por atingir seu objetivo, ordenou a construção de um chalé perto da Fonte Termal, que posteriormente se transformou no Hotel Thermal. Nessa época, o coronel fez a primeira viagem de carro ao nordeste baiano, de Alagoinhas a Cipó, chamando a atenção da imprensa nordestina, por isso o governo estadual concluiu a rodovia ligando as duas cidades.

Em 19 de março de 1928, houve a autorização para exploração industrial das águas e nas fontes termais foi construído um moderno balneário, composto por uma piscina de água quente, que na época era a única existente no Brasil. Existia também: consultório médico, salas de tratamentos variados, banheiros e chafariz para beber água termal. Um bando comandado por Lampião - rei cangaço afugentou os banhistas e provocou grandes prejuízos. Após a morte do cangaceiro, Cipó voltou a receber turistas em busca das águas medicinais.

Em 1938, foi inaugurado o Rádium Hotel, de arquitetura Art Déco, que hospedou turistas de muitos países e anexado à ele havia um famoso cassino. Em 23 de julho de 1952 foi construído o Grande Hotel, conhecido como Elefante Branco da Terra, foi inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas. De estrutura grandiosa, o hotel atraiu muitos turistas, que aproveitavam os bailes e jogos que o cassino oferecia na época, além de desfrutar das cascatas e piscinas localizadas no subsolo do hotel.

O Grande Hotel de Cipó que atualmente está fechado, era uma das hospedarias mais luxuosas da sua época, ele teve a sua primeira noite no São João de 1952. A construção do hotel durou cerca de dez anos, sua área construída era de 8,5 mil metros quadrados, com cinco andares, 80 quartos, suíte presidencial, cassino, terraço, restaurante, bares, salão de festas e duas piscinas de águas termais. Em 2008, o Grande Hotel foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac).

Ele chama atenção de quem está chegando na cidade, pois de longe já é avistado, com toda sua imponência está inserido no meio do sertão baiano, numa área arborizada e rodeado de casas e pequenas edificações. É uma construção totalmente fora da escala urbana de Cipó. O Elefante Branco da Terra fechou as portas em 1960, sendo reinaugurado com uma nova roupagem, em 04 de novembro de 1982, pelo então governador do estado, Antônio Carlos Magalhães (1927 - 2007).

Os áureos tempos, novamente, não duraram muito e o Grande Hotel fechou definitivamente, no final dos anos 1990. Em 2009, um incêndio destruiu o antigo salão-restaurante do hotel. O fogo, a fumaça e as janelas estilhaçadas, assustaram e entristeceram os cipoenses, principalmente os mais velhos, por ver parte de um passado histórico sendo consumido pelas chamas. O desejo de ver o Grande Hotel revitalizado permanece vivo na população local. É importante preservar essa memória.

@marciamacedostos

terça-feira, 16 de março de 2021

Cipó o Paraíso das Águas Termais

O município de Cipó fica na região Nordeste do estado da Bahia, localizado aproximadamente à 240 km da capital Salvador e a cerca de 200 km de Aracaju - capital de Sergipe. O acesso à cidade pode ser feito por meio rodoviário, mas ela também possui um Campo de Pouso, pavimentado e iluminado, disponível somente para voos fretados. A cidade faz limite com os municípios baianos de Itapicuru, Nova Soure, Ribeira do Amparo e Tucano.

O nome de Cipó é originado da existência de um cipoal com uma fonte às margens do rio Itapicuru. (Arquivo pessoal)

A cidade de Cipó foi fundada em 08 de julho 1931, no ano de 2020 sua população estimada era de 17.352 habitantes, o clima é semiárido e é conhecida como o Paraíso das Águas Termais. O município possui um rico conjunto arquitetônico que nos remete a meados do século XX. Ao contrário do que é dito sobre o sertão, que é seco, quente e sem vida, Cipó fica situada às margens do rio Itapicuru e apresenta uma boa estrutura turística.

As ações curativas das águas termais se tornaram conhecidas a partir do século XIX. Segundo historiadores, em 1730 foi relatado o primeiro sinal de água termal em Cipó. O padre Antônio Monteiro Freire, donatário de uma sesmaria no sertão de Itapicuru de Cima, encaminhou uma representação ao Vice-Rei do Brasil falando sobre as águas termais da região, mas somente em 1829, o governo da Província, através do capitão-mor João Dantas, mandou edificar um estabelecimento de banhos nas fontes da Missão da Saúde, que ficava cerca de um quilômetro da Vila de Itapicuru. Essa obras foram concluídas em 1833.

No ano de 1831, foi determinada a construção de um abrigo na localidade chamada de Mãe D’Água de Cipó, para pessoas doentes que buscavam a cura. Em 1843 foi aprovada a construção de outra casa de acolhimento aos doentes. Tempos depois, as duas habitações que já estavam abandonadas, ruíram, por causa de uma enchente do rio Itapicuru.

Houveram muitas tentativas para construir um balneário, mas a permissão para a exploração industrial das águas, só aconteceu em 19 de março de 1928. Quando foi estabelecido o início do progresso de Cipó. Em 16 de maio de 1935, a cidade se tornou Estância Hidromineral, sendo carinhosamente chamada de “Caldas de Cipó”, dispondo de uma grande riqueza natural, que posteriormente foi explorada e acabou sendo a base econômica da região por vários anos.

As águas termais de Cipó são consideradas como uma das melhores do mundo. (Arquivo pessoal)

Cipó é considerada Paraíso das Águas Termais pelo fato das suas águas serem classificadas como hipertermais. Elas possuem cerca de 38 substâncias químicas, são alcalinoterrosas, bicarbonatadas, cálcicas, ferruginosas, líticas, magnesianas e fracamente radiativas. São águas milagrosas que aumentam a eliminação da ureia e do ácido úrico, estimulam o metabolismo, são analgésicas, antianafiláticas, antirreumáticas e diuréticas, além de exercer ação excitomotora do aparelho gastrointestinal e ação hipotensora que servem para baixar a tensão e a pressão arterial.

A água de Cipó possui um gosto bem diferente daquela que possui cloro. Ela é considerada uma das melhores do mundo e não serve para o engarrafamento, provavelmente, devido a quantidade de substâncias que contém, apesar de promover uma ação reconfortante quando é ingerida depois das refeições. Quando essa água é colocada em piscinas, apresenta uma coloração barrenta, mas a temperatura atinge cerca de 38ºC, sendo agradável e relaxante para o banho, além de variadas indicações terapêuticas.

A água termal pode ajudar na cura de doenças alérgicas, afecções gastrointestinais, anorexia, artritismo, astenia geral, colite, eczemas, hiperacidez gástrica, litíase renal e vesicular, prisão de ventre, reumatismo crônico e úlcera gastroduodenal. Para o tratamento é indicado utilizar a água como bebida, duchas e banhos termais. Na cidade existem muitas pessoas que ficaram curadas de diversas doenças, por causa dessas águas.

Enfim, a cidade de Cipó é um oásis do sertão, muito charmosa e acolhedora, tem uma das praças mais bonitas que já conheci, possui uma história rica em detalhes importantes, como a visita do Presidente Getúlio Vargas e até Lampião – o rei do cangaço, já deu as caras por aqui. Mas isso é assunto para um outro texto. Vale a pena conhecer esse pedacinho do nosso estado.

@marciamacedostos

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Explorando o Nordeste – SERGIPE

Sergipe é o menor estado do Brasil, fica localizado na Costa Atlântica da região Nordeste. A capital Aracaju me fascina por seu aspecto mais tranquilo que dá um gostinho de interior, mesmo sendo cidade grande. Conheci Aracaju ainda adolescente e guardo a gostosa impressão que tive pelo lugar até hoje. Dessa vez, a viagem foi mais desbravadora, exploramos lugares magníficos que me deixaram fascinada pela beleza natural que apresenta.

Os Arcos de Atalaia, símbolo de Aracaju - SE. (Arquivo pessoal)

Que o meu Nordeste é lindo, impressionante e único, não é segredo para ninguém, ele guarda tanta preciosidade que nunca dá para conhecer tudo e mesmo que você vá visitar o mesmo lugar várias vezes, sempre vai se encantar com algo novo. Tenho desejo de conhecer e aproveitar todos os estados da minha região. Pouco antes da Pandemia começar, estive no Ceará, outro cantinho maravilhoso do Nordeste que pretendo voltar em breve e mostrar tudinho por aqui.

Tem 200 anos que Sergipe se tornou independente, a data é comemorada em 08 de julho, seu nome é de origem tupi cujo significado é “rio dos siris” e faz divisa com os estados da Bahia e do Alagoas. Como estamos vivendo um momento bastante delicado por causa da Covid-19, decidimos fazer uma viagem em busca de contato exclusivo com a natureza, nada de aglomeração, sempre utilizando máscara e álcool em gel, isso depois de passar um ano inteiro dentro de casa. Precisávamos relaxar.

Nossa viagem durou quatro dias, fomos de carro pela Linha Verde (BA-099), rodovia estadual baiana que liga Lauro de Freitas - região metropolitana de Salvador às praias do Litoral Norte. Trata-se de uma estrada turística que abrange dezenove cidades que compõem a famosa Costa dos Coqueiros, a região possui lugares deslumbrantes e uma natureza estonteante. Esse percurso maravilhoso termina na divisa da Bahia com Sergipe.

Ponte Gilberto Amado sobre o Rio Piauí. (Arquivo pessoal)

Logo na chegada nos deparamos com a paisagem magnífica da Ponte Gilberto Amado que fica sobre o Rio Piauí entre os municípios de Estância - SE e Indiaroba - SE. Ela é a maior ponte fluvial do Nordeste com 1.712 metros de extensão, foi inaugurada em 29 de janeiro de 2013 e liga o litoral norte da Bahia ao litoral sul de Sergipe. Não podíamos deixar de registrar isso.

Antes de seguir para Aracaju, decidimos parar na Lagoa dos Tambaquis, localizada entre as belas Praia do Abaís e Praia do Saco. Também conhecida como Lagoa Grande ou Lagoa Cristal, possui cerca de 9 km de extensão, é a maior lagoa natural de Sergipe e fica a cerca de 55,9 km da capital. A lagoa nasceu com a água da chuva e para manter essa água limpa e livre da esquistossomose, os moradores da região resolveram habitá-la com tambaquis - peixes de água doce que apesar da carinha feia, são dóceis e tão mansos que vêm comer na nossa mão.

Lagoa dos Tambaquis. (Arquivo pessoal)

A noite da capital sergipana é agradável e tranquila, ficamos hospedados perto da Orla de Atalaia, uma região bem organizada, onde perambulei muito e me senti segura ao circular pelo local, lá tem muitos lugares gostosinhos para aproveitar uma bela comida nordestina. No segundo dia da viagem fomos curtir aquele que chamo de o melhor passeio da viagem, Cânion do Xingó, um verdadeiro tesouro escondido na magnífica imensidão do Rio São Francisco.

Essa maravilha de águas verdes e paredões de rochas alaranjadas fica entre os estados de Sergipe e Alagoas. Partindo de Aracaju de carro, nossa viagem durou cerca de 03 horas, passamos por Canindé de São Francisco - SE, atravessamos a ponte que faz divisa entre Sergipe e Alagoas, seguimos para a cidade de Olho d’Água do Casado - AL, e na Praia da Dulce embarcamos em uma lancha para conhecer as maravilhas do Velho Chico. O passeio também pode ser feito de catamarã.

Piscina natural, Cânion do Xingó - Rio São Francisco. (Arquivo pessoal)

Essa beleza natural só começou a existir no ano de 1994, depois que a Usina Hidrelétrica do Xingó foi construída. O Rio Xingó é um dos vários braços do Rio São Francisco no estado de Alagoas e com a construção da barragem do Xingó, o Velho Chico triplicou seu tamanho, reteve seu volume e inundou as áreas ao redor e um desses lugares, atualmente, é conhecido como Cânion do Xingó.

Chegamos na grande piscina natural que possui cerca de 40 metros de profundidade, onde é possível nadar, mergulhar e boiar na imensidade do Rio São Francisco. Também é possível alugar um barquinho e navegar na parte mais estreita do cânion, chamada de Gruta do Talhado ou Paraíso Talhado, é possível tocar nas pedras de tão apertadinho que é, vale muito a pena, pois o lugar é de uma beleza ímpar com um mistério solto no ar.

Gruta do Talhado, Cânion do Xingó - Rio São Francisco. (Arquivo pessoal)

Ainda nos cânions, paramos para almoçar no restaurante Castanho, que fica na maior Reserva Ecológica particular de Caatinga de Alagoas, o lugar oferece um contato espetacular com a natureza. No terceiro dia fomos de lancha conhecer a Crôa do Goré, uma pequena ilha de bancos de areia branca que surge somente quando a maré está baixa, fica localizada ao sul de Aracaju e também é acessível através de barcos ou catamarãs, o percurso dura entre 10 e 15 minutos.

Crôa do Goré. (Arquivo pessoal)

A Crôa do Goré fica no Rio Vaza-Barris, entre manguezais nativos, pequenas ilhas fluviais e vegetação preservada. O ponto de partida para esse paraíso é na Orla do Pôr do Sol, na Praia do Mosqueiro, a cerca de 30 minutos da Orla de Atalaia. No último dia fomos no Parque da Cidade (Parque José Rollemberg Leite), uma reserva de Mata Atlântica.

Teleférico, Parque da Cidade. (Arquivo pessoal)

No parque andamos de teleférico, o passeio proporciona uma visão panorâmica lá de cima e ainda permite observar diversas espécies de animais. O roteiro dura cerca de 25 minutos e ainda é possível admirar o centro de Aracaju ao longe. Conseguimos visitar um pouco da cidade como: Largo da Gente Sergipana, Passarela do Caranguejo, entre outros. É óbvio que não deu para conhecer tudo. Impossível! Mas a viagem foi maravilhosa e já estou querendo bis. Eu volto com certeza. Viajar é lavar a alma!

@marciamacedostos

terça-feira, 24 de novembro de 2020

A arte de bordar

O bordado é uma maneira de produzir, seja a mão ou a máquina, diversos modelos de arte. Para isso é possível utilizar vários tipos de ferramentas como agulhas, linhas, tintas, uma variedade de fios: de algodão, de lã, de linho, de mental, de seda, etc. A utilização desse material mais uma dose de interesse e paciência, possibilitam a formação dos mais variados desenhos.

Consigo me expressar através do bordado em ponto cruz. (Arquivo pessoal)

Ao desenvolver a prática do bordado, a gente aprende a relaxar e a se expressar. Eu aprendi a bordar o ponto cruz há muito tempo e foi por acaso, antes disso, eu não imaginava que poderia ser capaz de fazer trabalhos manuais tão delicados. Sou uma pessoa bastante ansiosa e inquieta, mas quando estou bordando, sou tomada por uma tranquilidade incrível que me transforma.

Mesmo sem muita experiência no assunto, consegui bordar em ponto cruz, uma parte do enxoval dos meus sobrinhos e bem antes disso, também bordei, só que de uma forma bem mais simples, parte do enxoval do meu filho. Como tudo na vida, com a prática da arte, consegui aprimorar e adquirir mais experiência e expertise, assim os últimos bordados que fiz, apresentam um maior nível de perfeição.

Conheço pessoas capazes de desenvolver e produzir artesanatos maravilhosos e perto delas, eu só faço o básico, até porque, para fazer qualquer tipo de arte é preciso muita dedicação, tempo e estudos através de cursos em áreas relacionadas a cada arte específica. O Brasil é um país rico na cultura artesanal, em cada canto desse país existem pessoas que fabricam arte das mais diversas e improváveis matérias-primas.

O Nordeste Brasileiro é uma região que tem o artesanato como carro-chefe de sua economia, juntamente com o turismo que também é muito importante para o nosso território. Trata-se de uma demonstração artística e cultural muito expressiva. Essas práticas manuais recebem influências de diversos povos, sendo que as ferramentas, as peças, as técnicas e os materiais usados são muito diferentes entre os estados nordestinos.

O Nordeste é maior do que qualquer preconceito. (Reprodução internet)

Boa parte do artesanato da região Nordeste é produzido com matérias-primas que são extraídas da fauna e flora nativas, como bambu, barro, cera, cipó, conchas, couro, fibras, madeira, palha, pedras, sementes, entre outros, os recursos naturais são utilizados das mais variadas maneiras. Mesmo com toda essa diversidade, os bordados e as rendas se destacam como sendo as expressões artísticas mais valorizadas da cultura nacional.

Os artesanatos nordestinos se destacam, principalmente por causa dos elementos usados e pela forma como são produzidos, com uma diversidade de técnicas manuais surpreendentes. Os artesãos dessa região apresentam as suas tradições com muita criatividade, habilidade e encantamento, ressaltando as histórias e os costumes locais. Com estilo próprio e muito rico, a região conta a sua história e cultura para o Brasil e o mundo.

Atualmente, a confecção de rendas e bordados é uma indústria regional brasileira, sendo produzida quase em sua totalidade por mulheres e encantam por causa da beleza, das cores, riqueza de detalhes, além do caráter artesanal e exclusivo. O artesanato do Nordeste é um dos principais responsáveis pela movimentação da economia local, além de gerar mais emprego e renda para a comunidade em geral.

O estado da Bahia se destaca por reunir criatividade, técnica e valor cultural em seu artesanato, é uma grande mistura de variados produtos, que resulta na magnífica expressão da identidade do povo baiano. Alagoas e Maranhão se destacam por artesanatos produzidos com palha, peças feitas com cerâmica e bordados que utilizam o linho branco como base.

Ceará, Pernambuco e Piauí produzem diversas peças na cerâmica, além dos lindos objetos de barro, sem falar nas imagens e souvenires feitos de forma totalmente artesanal. Paraíba e Sergipe produzem incríveis mercadorias feitas com os mais variados tecidos e o Rio Grande do Norte ganha destaque por causa das suas areias coloridas, que servem de base para produzir uma variedade de utensílios.

Se você não conhece, venha conhecer; se já conhece, venha repetir a dose e se deliciar com as maravilhas da minha terra, garanto que não vai se arrepender. Nossa região é linda, nosso povo é acolhedor e a nossa cultura é maravilhosa e deslumbrante. Agora, chegue de boa! Xenofobia aqui não! Afinal somos fortes, corajosos, fascinantes e temos um orgulho extraordinário de ser nordestino. E viva a nossa diversidade!

@marciamacedostos

sábado, 19 de setembro de 2020

Flor de Cacto

As flores de cactos são vistosas e fortes, simbolizam a perseverança e a firmeza. (Reprodução internet)

O Blog Flor de Cacto é um sonho antigo que está se tornando realidade. Eu sempre gostei de escrever, tive vários diários no decorrer da infância e da adolescência e sempre tirei boas notas em redação. A ideia do blog surgiu quando entrei na graduação de Comunicação Social e Jornalismo, alguns orientadores diziam que tínhamos que comunicar e nos expressar de alguma forma, porque quem não é visto, não é lembrado.

Aquilo sempre ficou na minha mente, mas eu confesso que procrastinei bastante, algumas vezes ensaiei começar e muitas vezes achei que era só um sonho sem importância. Mas prevaleceu o desejo de contar meus pensamentos, sentimentos e perspectivas, as experiências do dia a dia e os acontecimentos da vida real. Agora estou aqui, apostando e dando o melhor de mim, fazendo algo que sempre fiz nos bastidores da minha vida.

Eu não pretendo impor as minhas ideias e nem promover polêmicas, o meu desejo é proporcionar o diálogo, a troca de experiências, ter um contato próximo com pessoas que de alguma forma se identifiquem comigo. A ideia estava clara e faltava então, batizar o projeto e olha que não foi fácil, pois queria um nome que fosse impactante e que me representasse de alguma forma, ele teria que tocar fundo no meu coração.

Foi um processo lento, pesquisei bastante, fiz uma lista grande de todos os nomes que vinham na mente e eu gostava, mas nada batia forte, nem me fazia sentir sua força. Os dias foram passando e eis que de repente, eu estava pronunciando alguns nomes aleatórios e os nomes de algumas flores, para sentir a sonoridade e tal, daí surgiu “Flor de Cacto”. Admito, bateu diferente em mim.

Parei aí, a conexão foi imediata, eu queria um nome marcante e que me representasse de alguma maneira, a flor de cacto caiu como uma luva. Ela é inspiradora e notável, nasce em condições extremas, é vistosa e muito forte. Cactos são plantas adaptadas à vida em ambientes áridos, características comuns em boa parte do Nordeste Brasileiro, apresentam cores, formatos e tamanhos diferentes, além de estratégias de sobrevivência.

O filósofo grego Theophrastus, considerado o Pai da Botânica, encontrou uma planta cheia de espinhos e resolveu chamar de Kaktos, que faz parte da família Cactaceae. As estruturas vegetais dos cactos são modificadas, para poder armazenar água e também para evitar a perda de água por intermédio da transpiração, por causa disso, não possuem folhas e sim espinhos. Além de diminuir a superfície de evaporação, suas estruturas a protegem do ataque de predadores herbívoros.

Para que a flor de cacto possa florescer, precisa haver condições específicas, necessita de pouca água e de iluminação intensa. Ela é muito comum e combina com o meu Nordeste, uma região linda, quente, de pessoas fortes, batalhadoras e resistentes, que enfrentam qualquer desafio para sobreviver, como a seca e muitas disparidades socioeconômicas.

Eu não me considero uma mulher doce e meiga, sou firme, corajosa, determinada e balanço mas não caio, assim como a flor de cacto que além de bela, é forte, resistente e capaz de sobreviver em meio a muitos desafios. Por isso escolhi esse nome para o meu blog, acredito que represente muito bem, tanto à mim quanto a Região Nordeste. Espero que gostem, interajam e que possamos ter várias trocas positivas por aqui.

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...