terça-feira, 24 de novembro de 2020

A arte de bordar

O bordado é uma maneira de produzir, seja a mão ou a máquina, diversos modelos de arte. Para isso é possível utilizar vários tipos de ferramentas como agulhas, linhas, tintas, uma variedade de fios: de algodão, de lã, de linho, de mental, de seda, etc. A utilização desse material mais uma dose de interesse e paciência, possibilitam a formação dos mais variados desenhos.

Consigo me expressar através do bordado em ponto cruz. (Arquivo pessoal)

Ao desenvolver a prática do bordado, a gente aprende a relaxar e a se expressar. Eu aprendi a bordar o ponto cruz há muito tempo e foi por acaso, antes disso, eu não imaginava que poderia ser capaz de fazer trabalhos manuais tão delicados. Sou uma pessoa bastante ansiosa e inquieta, mas quando estou bordando, sou tomada por uma tranquilidade incrível que me transforma.

Mesmo sem muita experiência no assunto, consegui bordar em ponto cruz, uma parte do enxoval dos meus sobrinhos e bem antes disso, também bordei, só que de uma forma bem mais simples, parte do enxoval do meu filho. Como tudo na vida, com a prática da arte, consegui aprimorar e adquirir mais experiência e expertise, assim os últimos bordados que fiz, apresentam um maior nível de perfeição.

Conheço pessoas capazes de desenvolver e produzir artesanatos maravilhosos e perto delas, eu só faço o básico, até porque, para fazer qualquer tipo de arte é preciso muita dedicação, tempo e estudos através de cursos em áreas relacionadas a cada arte específica. O Brasil é um país rico na cultura artesanal, em cada canto desse país existem pessoas que fabricam arte das mais diversas e improváveis matérias-primas.

O Nordeste Brasileiro é uma região que tem o artesanato como carro-chefe de sua economia, juntamente com o turismo que também é muito importante para o nosso território. Trata-se de uma demonstração artística e cultural muito expressiva. Essas práticas manuais recebem influências de diversos povos, sendo que as ferramentas, as peças, as técnicas e os materiais usados são muito diferentes entre os estados nordestinos.

O Nordeste é maior do que qualquer preconceito. (Reprodução internet)

Boa parte do artesanato da região Nordeste é produzido com matérias-primas que são extraídas da fauna e flora nativas, como bambu, barro, cera, cipó, conchas, couro, fibras, madeira, palha, pedras, sementes, entre outros, os recursos naturais são utilizados das mais variadas maneiras. Mesmo com toda essa diversidade, os bordados e as rendas se destacam como sendo as expressões artísticas mais valorizadas da cultura nacional.

Os artesanatos nordestinos se destacam, principalmente por causa dos elementos usados e pela forma como são produzidos, com uma diversidade de técnicas manuais surpreendentes. Os artesãos dessa região apresentam as suas tradições com muita criatividade, habilidade e encantamento, ressaltando as histórias e os costumes locais. Com estilo próprio e muito rico, a região conta a sua história e cultura para o Brasil e o mundo.

Atualmente, a confecção de rendas e bordados é uma indústria regional brasileira, sendo produzida quase em sua totalidade por mulheres e encantam por causa da beleza, das cores, riqueza de detalhes, além do caráter artesanal e exclusivo. O artesanato do Nordeste é um dos principais responsáveis pela movimentação da economia local, além de gerar mais emprego e renda para a comunidade em geral.

O estado da Bahia se destaca por reunir criatividade, técnica e valor cultural em seu artesanato, é uma grande mistura de variados produtos, que resulta na magnífica expressão da identidade do povo baiano. Alagoas e Maranhão se destacam por artesanatos produzidos com palha, peças feitas com cerâmica e bordados que utilizam o linho branco como base.

Ceará, Pernambuco e Piauí produzem diversas peças na cerâmica, além dos lindos objetos de barro, sem falar nas imagens e souvenires feitos de forma totalmente artesanal. Paraíba e Sergipe produzem incríveis mercadorias feitas com os mais variados tecidos e o Rio Grande do Norte ganha destaque por causa das suas areias coloridas, que servem de base para produzir uma variedade de utensílios.

Se você não conhece, venha conhecer; se já conhece, venha repetir a dose e se deliciar com as maravilhas da minha terra, garanto que não vai se arrepender. Nossa região é linda, nosso povo é acolhedor e a nossa cultura é maravilhosa e deslumbrante. Agora, chegue de boa! Xenofobia aqui não! Afinal somos fortes, corajosos, fascinantes e temos um orgulho extraordinário de ser nordestino. E viva a nossa diversidade!

@marciamacedostos

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Cidadania

A cidadania nada mais é do que a aplicação dos direitos e dos deveres de um cidadão em um Estado. Os indivíduos precisam saber que os seus direitos e os seus deveres devem estar sempre unidos, caminhando juntos e em concordância. É muito comum ver pessoas que brigam para que os seus direitos sejam respeitados e atendidos, mas que na hora de cumprir com as suas obrigações para o bem comum, fingem demência.

Nosso caráter é resultado de nossa conduta. (Reprodução internet)

É preciso ter em mente que o meu direito começa no ponto em que o direito do outro termina, ou seja, o direito de um indivíduo resulta inevitavelmente da obrigação de um outro indivíduo e é assim que a engrenagem funciona. Se um dos pontos não cumpre com as suas responsabilidades, fatalmente vai prejudicar todo o funcionamento desse mecanismo humano.

Para que uma determinada região consiga atingir um desenvolvimento satisfatório, é necessário e extremamente importante que a sua população tenha o hábito de exercitar a cidadania. Apesar do termo “exercer a cidadania” ser reprisado constantemente, ele é pouco abordado e de fato explorado. Para que isso aconteça, é importante que o cidadão tenha consciência e desenvolva o senso de pertencimento.

A partir desse senso de pertencimento do meio em que vive, a pessoa consegue se enxergar como um agente que possui uma grande responsabilidade para com a vida em sociedade. Para exercer a cidadania é preciso atuar na defesa do bem comum, do bem coletivo e não somente se colocar na posição de vítima das circunstâncias. Tem que sair da posição de coadjuvante e se tornar protagonista, não é possível um meio termo.

Conforme disse Tancredo Neves (1910 - 1985), o primeiro presidente civil do Brasil, eleito depois da Ditadura Militar e morreu antes de tomar posse: “A cidadania não é uma atitude passiva, ela é uma ação permanente em favor da comunidade.” O conceito de cidadania passa do ser individual para alcançar o ser coletivo e a partir do momento que o cidadão compreende que as suas ações vão impactar na sociedade, tanto para o bem quanto para o mal.

Quando você pratica a cidadania, promove uma ação de transformação na comunidade em que vive e isso acaba se transformando em benefícios que voltam para você. Uma atitude cidadã respeita a todos os outros, sem discriminação e independente das opções e escolhas diversas que cada um faz nas suas vidas. Sendo assim, a cidadania é focada na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Um cidadão consciente precisa ser honesto. Não podemos reclamar da corrupção no Brasil, se não temos o interesse de praticar a honestidade. É importante se atentar para o exemplo que estamos deixando para as nossas crianças, pois elas são o futuro dessa nação e só os bons exemplos podem promover a criação de bons líderes para comandar o país no futuro.

Ser um cidadão ético também é muito importante. Educação, empatia, paciência, respeito, amor ao próximo e fazer o bem, são práticas comuns de quem exerce a sua cidadania com maestria e tudo isso começa em casa. Precisamos disso para nos tornarmos seres humanos melhores, nada de tentar tirar vantagem em tudo e em cima de todos. E por fim... “Gentileza gera gentileza”.

@marciamacedostos

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Angústia

Você aí, sabe identificar quando está se sentindo angustiado? Sabe aquela sensação ruim, que te deixa psicologicamente abalado? Trata-se de uma sensação de sufocamento, que deixa evidente a nossa insegurança, toda dor, ressentimento e falta de humor. Pois é, isso é angústia. Quando ela se apresenta em níveis mais elevados, pode até ser considerada uma doença, capaz de provocar sérios problemas.

Quando a angústia é grande, até respirar fica insuportável. (Reprodução internet)

A angústia pode se apresentar como uma emoção que antecede um momento, um fato ou uma situação. Também pode se desencadear por meio de traumas que afligem a individualidade e a personalidade de um indivíduo, podendo provocar até ansiedade e paranoia. Essa inquietação atribui importância significativa para perigos reais e imaginários.

Eis aí as definições técnicas para tal sentimento, mas o fato é que diariamente passamos por situações angustiantes, que realmente podem nos deixar sufocados e a sensação de mal-estar é real e oficial. Comigo, isso tem acontecido com uma certa frequência, principalmente durante a Pandemia, quando estou ficando mais tempo em casa, com um filho adolescente fora da escola e sem a prática de suas atividades habituais.

São tantas preocupações, como crise econômica e sanitária, violência, problemas com a educação, tragédias ambientais, falta de respeito e empatia por parte de algumas “muitas” pessoas... Nossa! É muita coisa ruim acontecendo e isso me deixa angustiada, quando fico pensando tanto e focando nos problemas. Nestes momentos precisamos cuidar do lado emocional.

É importante ter e potencializar as coisas boas da vida. O fato de você estar vivo, com saúde, sua família está bem, tem um teto para se abrigar, comida na mesa, já são motivos suficientes para agradecer a Deus e correr atrás da realização dos seus sonhos, daqueles desejos que ainda, você não conseguiu concretizar. Mas, a dificuldade em superar uma angústia é real e precisa de atenção.

Pensa comigo!?! A gente acorda, abre os olhos e vê o brilho do sol entrando pela janela, mesmo que a chuva esteja caindo, sabemos que o astro rei está lá todinho para nos iluminar e sem cobrar nada em troca. Poder puxar o ar e constatar que estamos respirando, ou seja, há vida em nós, isso por si só, é uma dádiva. Então, só agradece e vai em frente. Esse é o lema.

Ei! Você pode até não estar com todos esses itens que citei, ou outros tantos, verificados, pode estar desempregado, enfrentando problemas de saúde e/ou familiares, foi traído, enfim, são tantas questões possíveis, as angústias da vida não são fáceis de encarar. Mas, o que eu posso dizer é: não perca a esperança de que o sol nasce para todos e de que dias melhores virão.

Engana-se, quem pensa que estou falando isso para “me amostrar” (como se diz aqui na Bahia) ou que a minha vida é um mar de rosas. Pense nuns perrengues bem complicados, uns abacaxis bem espinhosos, pois é, enfrento muitos deles e com frequência. Algumas pessoas podem até achar que é hipocrisia minha, pois eu sou bem transparente e quando estou com um problema, todos percebem facilmente e olha que as vezes, isso me prejudica bastante.

Mas, essas lições que citei acima, são exatamente, os exercícios diários que sigo tentando colocar em prática, não é fácil, mas a gente chega lá. Uma outra questão importante, é a gente buscar melhorar como ser humano. Sempre há algo em nós que precisa de aperfeiçoamento e evolução, só precisamos descobrir e desconstruir, para encontrar uma nova versão, a melhor versão de nós mesmos. Tenha fé, é importante e acredite que é possível. Eu sigo no processo.

@marciamacedostos

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Pai de verdade

É óbvio que a figura de um pai é extremamente importante na vida de um filho, tal qual é a importância da mãe. Apesar disso, é crescente o número de mães solo que existem por esse mundo afora. Na hora do prazer, muitos homens não pensam nas consequências de seus atos e quando descobrem a gravidez, muitos fogem da responsabilidade

"Qualquer um pode ter filho, mas só um homem de verdade é Pai." (Reprodução internet)

Se engana, quem pensa que em uma história triste como essa, o filho é quem sai perdendo. É claro que ele sofre pela falta de presença e carinho, passa por diversos tipos de privações, mas na real, é o pai quem perde mais, perde de viver momentos maravilhosos e únicos no decorrer do desenvolvimento de uma criança. São tantas descobertas, que torna a vida bem mais significativa.

Com exceção de alguns problemas pontuais, qualquer um pode “fazer” um filho, mas um pai de verdade nunca desiste do seu filho. Ele precisa ser uma pessoa presente, responsável e ter consciência das suas responsabilidades e da representatividade na vida do ser humano que ajudou a colocar no mundo. Não basta ser pai, tem que participar.

Ser pai vai muito além de visitas regulares e/ou pagamento de pensão, isso, quando o genitor cumpre essas obrigações básicas. Há milhões de pais que acham que a obrigação paterna se restringe apenas ao pagamento de pensão e escapam da responsabilidade afetiva. As crianças acabam suplicando por afeto, enquanto seus pais os abortam em vida.

O verdadeiro pai não se acomoda, nem transfere para o filho a obrigação de ter a iniciativa de lembrar, procurar, visitar ou se preocupar, afinal de contas, essas são obrigações atribuídas ao adulto, que é quem deve dar o exemplo e servir de modelo para um ser ainda em formação. O fato é que não existe ex filho e há uma imensa diferença entre ter um filho e ser um pai.

É absurda a quantidade de crianças que não têm sequer o nome do pai na certidão de nascimento, são mais de cinco milhões. É lamentável saber que uma criança pode crescer insegura por causa da falta que um pai faz na vida dela, mas estou certa de que é mais lamentável ainda, para esse pai que abandona o filho, afinal, ele não faz ideia do que está perdendo.

Simplesmente, perde uma série de histórias e momentos importantes daquela vida que nasceu dele e faz parte da sua descendência. É encantador ver homens que de fato decidiram ser pais de verdade e participar da maior missão que um indivíduo pode ter, que é criar e ensinar uma outra pessoa a viver e ser gente, um ser humano completo, feliz e realizado.

Crianças geralmente querem o que todo mundo tem. É muito difícil para a criança ver que o amiguinho tem o pai presente, que vai buscar na escola, que segura na mãozinha quando sai na rua, que joga bola ou brinca de boneca junto e quando ela percebe que não tem aquilo, isso provoca uma lacuna terrível em sua vida, que pode acarretar muitas consequências ruins e a mãe precisa se desdobrar para preencher esse vazio.

Existem milhões de mães que fazem diversos esforços para suprir as necessidades dos filhos que não têm o pai presente, elas se viram para criar, educar e alimentar, lutam, se superam e conseguem. Já ouvi filhos falarem que não têm pai, mas que a mãe é tudo para eles, pois se esforçaram ao máximo para que eles fossem pessoas saudáveis e felizes.

Além disso, pai é quem cria. Muitos filhos têm o avô, o padrasto, o tio ou uma outra figura presente como o verdadeiro pai. Eles transferem todo o amor e carinho para essa pessoa, se espelham nessas figuras paternas e levam a vida, também de forma plena, realizada e feliz. O tempo passa, o mundo gira e a vida acaba nos cobrando pelas atitudes erradas. A conta chega, “paizinho”, pode esperar.

@marciamacedostos

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Ponto de equilíbrio

Sabe aquele momento que a gente precisa parar e desacelerar? Quando o corpo, o coração e a mente pedem calma? Pois é, todo mundo sabe bem o que é isso e cada pessoa tem uma receitinha própria para atingir um ponto de paz, equilíbrio e relaxamento. Eu amo ouvir música, ver o mar e caminhar na praia, apesar de que, quando a vida é corrida, nem sempre achamos tempo para fazer as coisas que gostamos. 

É necessário manter o equilíbrio, mesmo na adversidade. (Arquivo pessoal)

Sabe aquela frase clichê, que diz que a gente só dá valor quando perde? Pois é, esse é um ponto que preciso ressaltar e que até me envergonho um pouco. Eu amo o mar, me sinto renovada e energizada quando sento na areia da praia, dou as costas para o mundo e começo a admirar aquela imensidão maravilhosa, penso na vida, nos meus problemas, nas minhas conquistas e nos meus planos e projetos.

Vocês já fizeram isso? Fala a verdade, é maravilhoso, não é? Mas como eu disse, muitas vezes, só damos valor quando perdemos, foi o que aconteceu comigo, em época de isolamento social, necessário por causa da Pandemia da Covid-19, eu me vi morrendo de vontade de aproveitar e não posso, ou melhor, não devo. Eu e minha família estamos de fato, respeitando a quarentena, saindo somente quando necessário. Já tá chato, bater na mesma tecla o tempo todo, mas...

Sei que nem todas as pessoas podem se dar ao “luxo” de ficar de quarentena, por causa de trabalho, mas isso é bem diferente de sair para se divertir, fazer festas e aglomerar. Precisamos ter empatia, respeito e pensar no próximo, a gente pode pegar a doença e o quadro não se agravar, mas podemos transmitir para outra pessoa que não terá a mesma sorte, pode ser alguém que amamos ou alguém que nem conhecemos, enfim, o cuidado deve ser o mesmo.

Já prometi para mim mesma que quando a Pandemia passar, vou aproveitar mais a vida, a minha cidade e fazer tudo aquilo que gosto de fazer, mas que por comodismo, preguiça ou falta de tempo, não faço. Moro em Salvador – a primeira capital do Brasil, um lugar repleto de cultura e história, além das belezas naturais. Pretendo visitar muito os pontos históricos e turísticos daqui, além de viajar para aproveitar bastante a dádiva de estar viva.

Precisamos nos conhecer, entender os nossos limites e aprender a lidar com o que sentimos. Existem algumas atitudes que podemos colocar em prática, para manter o equilíbrio tanto emocional quanto físico e que pode aliviar e/ou dominar sentimentos como: angústia, ansiedade, cobrança, culpa, depressão, incerteza, medo, solidão, stress, tensão, entre outras sensações. Nessas situações, manter a é importante.

Algumas sugestões que posso dar e que estou tentando colocar em prática são: afastar-se de coisas e pessoas negativas, aprender a controlar a ansiedade, cultivar a resiliência, fazer coisas positivas por nós, fazer exercícios físicos, ficar perto de quem nos faz bem, investir no autoconhecimento, organizar uma agenda, pedir ajuda sempre que precisar, praticar o autocuidado, respeitar nossos limites, respeitar nossas vontades, se manter motivado, ter alimentação saudável, ter disciplina, valorizar o sono e as próprias conquistas. É um desafio, mas vale a pena tentar.

@marciamacedostos

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Ser titia

Confesso que ando inundada e tomada por um amor inexplicável, profundo e de uma força surreal. Me tornei titia pela segunda vez. Em 30 de julho de 2020, nasceu o Gustavo, é isso mesmo, no meio de toda essa loucura que a Pandemia do novo Coronavírus está provocando, tive esse potente e sublime sentimento de esperança.

"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade." (Arquivo pessoal)

Uma nova vida é capaz de transformar qualquer coisa e dar um novo sentido para a nossa vida tão cheia de dissabores. Já sou tia do Bryan, que nasceu em 31 de janeiro de 2018, ou seja, “meu mundo é blue”, sou rodeadas de meninos. A emoção que senti, primeiro com a notícia de que seria titia e depois com a chegada do Bryan, meu primeiro sobrinho, foi imensurável.

Tenho dois irmãos e eu sou a mais velha dos três, por muito tempo nutri uma imensa vontade de ser tia, mas meus irmãos não pareciam muito interessados nessa ideia. Sou mãe de um garoto de 14 anos e a maternidade tem me trazido diversas experiências, conto essa história em outra ocasião. Talvez, por causa disso eu desejasse tanto ter sobrinhos, acredito que ser tia é uma espécie de extensão do porto seguro encabeçado pelos pais.

O fato é que, muitos sobrinhos emprestados já passaram pela minha vida, mas aqueles de sangue fazem total diferença. O Bryan é filho de meu irmão Emerson e o Gustavo é filho de minha irmã Marta, ambos tornam a minha vida mais leve e alegre, é bom ver a inocência das crianças, ter esperança de um futuro melhor e poder acompanhar o desenvolvimento e as descobertas deles, me traz um sentimento de amor infinito.

"Guie uma criança pelo caminho que ela deve seguir e guie-se por ela de vez em quando." (Arquivo pessoal)

Um sobrinho é o melhor presente que um irmão pode nos dar e acaba nos transformando em uma espécie de heroína, pois me sinto capaz de sentir e transmitir muito amor e cumplicidade. Dizem que, entre tios e sobrinhos se estabelece conexão e sintonia muito especiais. O amor se soma à responsabilidade de ajudar aos pais na educação e orientação de um novo ser.

Depois da maternidade, meus sobrinhos transformaram a minha vida, deram mais sentido para ela, eles não são meus filhos, mas são uma parte de mim. O vínculo que existe é tão forte que posso afirmar, o amor que sinto por eles é um sentimento bem próximo do amor que sinto pelo meu filho. A diferença é que ser mãe traz um peso de responsabilidade e ser tia deixa a gente mais leve e boba, exatamente como me sinto.

Somente os tios podem abraçar os sobrinhos como pais, guardar segredos como irmãos e compartilhar alegrias como amigos, é um amor incondicional que ultrapassa fronteiras. Um bom tio, se transforma em uma doce e maravilhosa referência, ele será sempre um porto seguro na hora das lágrimas e um instrutor fiel para a vida. Essa boa relação gera multiplicidade de emoções e sentimentos.

Desejo ser para meus sobrinhos, uma mentora, poder ajudá-los a ter outros pontos de vista perante situações diferentes e ser alguém com quem eles poderão contar e compartilhar as brincadeiras, as inquietudes, os pensamentos e os sentimentos, tudo com total liberdade. Quero ser para eles, um modelo de cumplicidade, confidencialidade e de proximidade.

Estarei sempre disposta a aconselhá-los e orientá-los nos momentos complicados de suas vidas. O que recebo em troca? Bryan e Gustavo, ainda tão pequenos, me dão a possibilidade de me inspirar neles e me provocam grandes motivações. Agradeço a Deus pelas bênçãos maravilhosas, que são os meus sobrinhos e prometo ser a melhor tia desse mundo para eles.

@marciamacedostos

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Liz

Estou com meu coração destruído. Na sexta-feira, dia 09, acordei com uma notícia muito triste, perdemos a Liz, minha priminha, que nasceu com alguns problemas sérios de saúde, mas que lutou bravamente pela vida, durante seis meses. A ultrassonografia morfológica indicou que a pequena tinha alterações na bexiga e nos rins, nada que não se resolvesse com cirurgia. Acreditamos até o último momento que o milagre iria acontecer e cada etapa que ela vencia, era uma injeção de ânimo para todos nós.

Carol e Liz, amor que não se mede. (Arquivo pessoal)

A Liz é filha da minha prima Caroline, uma garota por quem tenho um carinho enorme e amo muito. Ela se casou em janeiro de 2016 e eu fui madrinha de seu casamento. Carol nasceu e se criou em Cipó - Bahia, logo depois do casamento, o casal decidiu mudar o rumo de suas vidas e se mudaram para Foz do Iguaçu - Paraná.

Essa decisão assustou e preocupou bastante, pois era uma atitude drástica da menina que nunca saiu do interior. A grande surpresa foi que ela estava decidida e em nenhum momento demonstrou fraquejar na decisão. Eles mudaram, ela concluiu a graduação em Serviço Social e demonstrou sim, ser capaz de tomar as rédeas de sua própria vida.

Voltando a falar sobre a princesa Liz... Lembro, quando fui ver Carol no aeroporto de Salvador, em setembro de 2019, ela passou uns dias em Cipó e já estava indo embora, a encontrei chorosa e quando a abracei, perguntei o motivo do choro, ela respondeu imediatamente: “Saudade do meu sobrinho!”, tinha conhecido seu primeiro e único sobrinho naquela viagem.

O encontro foi rápido, mas deu tempo dela me contar o quanto estava feliz e radiante por ser tia. Perguntei se ela estava com vontade de ser mãe também. A resposta foi: “Não! Agora, pretendo começar em um trabalho novo e organizar algumas coisas na minha vida, antes de pensar em filho.” Incentivei a seguir com esses planos e disse que o desejo materno iria surgir no momento certo.

Carol foi embora e alguns dias depois me chamou no whatsapp: “Prima! Lembra daquela nossa conversa no aeroporto? Então... Eu já estava grávida e não sabia.” Ela disse que a gravidez não foi planejada, mas que a criança já era muito amada e que, se Deus mandou, Ele garante. Eu custei acreditar, mas parabenizei e disse que o bebê seria muito bem-vindo. Não imaginávamos o que estava por vir.

Carol sempre foi uma garota meiga e doce, além de ter muita fé e confiança em Deus. Apesar de estar longe de toda a família, sua gravidez foi “tranquila” e ela preparou cada detalhe com muito carinho. Quando descobriu o sexo, a felicidade se completou, pois desejava mesmo uma menininha. Eu acompanhava e apoiava de longe, todos os preparativos para a chegada da Liz.

De repente, o sonho lindo pareceu se transformar em pesadelo e minha prima sofreu muito durante o trabalho de parto e o próprio parto. Depois de passar por momentos terríveis e sofrer durante três dias para dar à luz, ela teve que se submeter a uma cesariana de emergência.

A Liz passou do tempo de nascer, o que agravou muito o seu estado de saúde. Ela chegou ao mundo com bradicardia fetal, precisando urgente de manobras de reanimação, sendo encaminhada imediatamente para a UTI Neonatal. No decorrer do tempo, passou por oito cirurgias e parecia se agarrar com toda força à vida, contrariando todo e qualquer pensamento negativo. Foi uma luta tremenda pela vida da pequena.

A força que Carol demonstrava ter, me deixava completamente perplexa e ao mesmo tempo, orgulhosa. Ela sempre dizia: “É Deus quem me dá forças.” Aquela menina que parecia tão frágil, virou uma fortaleza e não desgrudou da filha, um só instante. Ela sofria, a gente sabia que ela estava sofrendo e sofríamos com ela, mas nunca ouvi uma só lamentação de sua boca.

Foram seis meses lutando pela vida da Liz, internações em Foz do Iguaçu-PR e em Curitiba-PR e ainda foi diagnosticada tardiamente com a Síndrome de Hipoperistalse Intestinal com Micro-cólon e Megacistis, sendo então, desenganada pelos médicos e resistiu, até onde deu. E como sofreu, essa criança!

Era um sofrimento sem fim. Queríamos tanto um milagre, mas Deus não quis e resolveu colher para si, o nosso anjinho. Hoje a nossa estrelinha brilha lá no céu e nós estamos aqui, doídos com a sua partida. A mamãe, o papai, os avós, os tios, estamos todos arrasados.

Eu não consigo aceitar com naturalidade, a morte de uma criança. Uma vida inteirinha pela frente, tantas oportunidades a serem vividas, um livro em branco pronto para ser escrito, uma história cheia de esperança, se perder assim. Não é fácil entender que Deus fez segundo a vontade dEle, que Ele sabe de todas as coisas e só Ele pode confortar essa dor que sufoca.

A cantora Eyshila compôs uma música intitulada “O Milagre Sou Eu”, também num momento de dor, quando perdeu seu filho. Essa música não sai da minha cabeça e eu choro só de lembrar os versos dessa canção. Tento me convencer de que, já que o milagre que desejamos tanto, que seria a cura da Liz, não aconteceu, o milagre então, é a Carol.

Hoje não somos capazes de compreender o porquê isso ocorreu, porque Carol teve que passar por tudo isso, mas alguma lição teremos que tirar de toda essa dor e sofrimento. Por ora, com as lágrimas rolando em meu rosto, tento repetir sem cessar, o trecho de uma música que diz: “Deus me deu, Deus tomou, Bendito seja o nome do Senhor!”

Esse texto é um desabafo para mim e uma singela homenagem à nossa eterna Liz e também à Carol – O milagre é você, prima! Eu aprendi tanto com vocês. “Que o tempo seja capaz de transformar a dor da perda em saudade serena e que acalme o coração, em vez de fazer sofrer.”

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...