terça-feira, 27 de outubro de 2020

Ponto de equilíbrio

Sabe aquele momento que a gente precisa parar e desacelerar? Quando o corpo, o coração e a mente pedem calma? Pois é, todo mundo sabe bem o que é isso e cada pessoa tem uma receitinha própria para atingir um ponto de paz, equilíbrio e relaxamento. Eu amo ouvir música, ver o mar e caminhar na praia, apesar de que, quando a vida é corrida, nem sempre achamos tempo para fazer as coisas que gostamos. 

É necessário manter o equilíbrio, mesmo na adversidade. (Arquivo pessoal)

Sabe aquela frase clichê, que diz que a gente só dá valor quando perde? Pois é, esse é um ponto que preciso ressaltar e que até me envergonho um pouco. Eu amo o mar, me sinto renovada e energizada quando sento na areia da praia, dou as costas para o mundo e começo a admirar aquela imensidão maravilhosa, penso na vida, nos meus problemas, nas minhas conquistas e nos meus planos e projetos.

Vocês já fizeram isso? Fala a verdade, é maravilhoso, não é? Mas como eu disse, muitas vezes, só damos valor quando perdemos, foi o que aconteceu comigo, em época de isolamento social, necessário por causa da Pandemia da Covid-19, eu me vi morrendo de vontade de aproveitar e não posso, ou melhor, não devo. Eu e minha família estamos de fato, respeitando a quarentena, saindo somente quando necessário. Já tá chato, bater na mesma tecla o tempo todo, mas...

Sei que nem todas as pessoas podem se dar ao “luxo” de ficar de quarentena, por causa de trabalho, mas isso é bem diferente de sair para se divertir, fazer festas e aglomerar. Precisamos ter empatia, respeito e pensar no próximo, a gente pode pegar a doença e o quadro não se agravar, mas podemos transmitir para outra pessoa que não terá a mesma sorte, pode ser alguém que amamos ou alguém que nem conhecemos, enfim, o cuidado deve ser o mesmo.

Já prometi para mim mesma que quando a Pandemia passar, vou aproveitar mais a vida, a minha cidade e fazer tudo aquilo que gosto de fazer, mas que por comodismo, preguiça ou falta de tempo, não faço. Moro em Salvador – a primeira capital do Brasil, um lugar repleto de cultura e história, além das belezas naturais. Pretendo visitar muito os pontos históricos e turísticos daqui, além de viajar para aproveitar bastante a dádiva de estar viva.

Precisamos nos conhecer, entender os nossos limites e aprender a lidar com o que sentimos. Existem algumas atitudes que podemos colocar em prática, para manter o equilíbrio tanto emocional quanto físico e que pode aliviar e/ou dominar sentimentos como: angústia, ansiedade, cobrança, culpa, depressão, incerteza, medo, solidão, stress, tensão, entre outras sensações. Nessas situações, manter a é importante.

Algumas sugestões que posso dar e que estou tentando colocar em prática são: afastar-se de coisas e pessoas negativas, aprender a controlar a ansiedade, cultivar a resiliência, fazer coisas positivas por nós, fazer exercícios físicos, ficar perto de quem nos faz bem, investir no autoconhecimento, organizar uma agenda, pedir ajuda sempre que precisar, praticar o autocuidado, respeitar nossos limites, respeitar nossas vontades, se manter motivado, ter alimentação saudável, ter disciplina, valorizar o sono e as próprias conquistas. É um desafio, mas vale a pena tentar.

@marciamacedostos

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Ser titia

Confesso que ando inundada e tomada por um amor inexplicável, profundo e de uma força surreal. Me tornei titia pela segunda vez. Em 30 de julho de 2020, nasceu o Gustavo, é isso mesmo, no meio de toda essa loucura que a Pandemia do novo Coronavírus está provocando, tive esse potente e sublime sentimento de esperança.

"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade." (Arquivo pessoal)

Uma nova vida é capaz de transformar qualquer coisa e dar um novo sentido para a nossa vida tão cheia de dissabores. Já sou tia do Bryan, que nasceu em 31 de janeiro de 2018, ou seja, “meu mundo é blue”, sou rodeadas de meninos. A emoção que senti, primeiro com a notícia de que seria titia e depois com a chegada do Bryan, meu primeiro sobrinho, foi imensurável.

Tenho dois irmãos e eu sou a mais velha dos três, por muito tempo nutri uma imensa vontade de ser tia, mas meus irmãos não pareciam muito interessados nessa ideia. Sou mãe de um garoto de 14 anos e a maternidade tem me trazido diversas experiências, conto essa história em outra ocasião. Talvez, por causa disso eu desejasse tanto ter sobrinhos, acredito que ser tia é uma espécie de extensão do porto seguro encabeçado pelos pais.

O fato é que, muitos sobrinhos emprestados já passaram pela minha vida, mas aqueles de sangue fazem total diferença. O Bryan é filho de meu irmão Emerson e o Gustavo é filho de minha irmã Marta, ambos tornam a minha vida mais leve e alegre, é bom ver a inocência das crianças, ter esperança de um futuro melhor e poder acompanhar o desenvolvimento e as descobertas deles, me traz um sentimento de amor infinito.

"Guie uma criança pelo caminho que ela deve seguir e guie-se por ela de vez em quando." (Arquivo pessoal)

Um sobrinho é o melhor presente que um irmão pode nos dar e acaba nos transformando em uma espécie de heroína, pois me sinto capaz de sentir e transmitir muito amor e cumplicidade. Dizem que, entre tios e sobrinhos se estabelece conexão e sintonia muito especiais. O amor se soma à responsabilidade de ajudar aos pais na educação e orientação de um novo ser.

Depois da maternidade, meus sobrinhos transformaram a minha vida, deram mais sentido para ela, eles não são meus filhos, mas são uma parte de mim. O vínculo que existe é tão forte que posso afirmar, o amor que sinto por eles é um sentimento bem próximo do amor que sinto pelo meu filho. A diferença é que ser mãe traz um peso de responsabilidade e ser tia deixa a gente mais leve e boba, exatamente como me sinto.

Somente os tios podem abraçar os sobrinhos como pais, guardar segredos como irmãos e compartilhar alegrias como amigos, é um amor incondicional que ultrapassa fronteiras. Um bom tio, se transforma em uma doce e maravilhosa referência, ele será sempre um porto seguro na hora das lágrimas e um instrutor fiel para a vida. Essa boa relação gera multiplicidade de emoções e sentimentos.

Desejo ser para meus sobrinhos, uma mentora, poder ajudá-los a ter outros pontos de vista perante situações diferentes e ser alguém com quem eles poderão contar e compartilhar as brincadeiras, as inquietudes, os pensamentos e os sentimentos, tudo com total liberdade. Quero ser para eles, um modelo de cumplicidade, confidencialidade e de proximidade.

Estarei sempre disposta a aconselhá-los e orientá-los nos momentos complicados de suas vidas. O que recebo em troca? Bryan e Gustavo, ainda tão pequenos, me dão a possibilidade de me inspirar neles e me provocam grandes motivações. Agradeço a Deus pelas bênçãos maravilhosas, que são os meus sobrinhos e prometo ser a melhor tia desse mundo para eles.

@marciamacedostos

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Liz

Estou com meu coração destruído. Na sexta-feira, dia 09, acordei com uma notícia muito triste, perdemos a Liz, minha priminha, que nasceu com alguns problemas sérios de saúde, mas que lutou bravamente pela vida, durante seis meses. A ultrassonografia morfológica indicou que a pequena tinha alterações na bexiga e nos rins, nada que não se resolvesse com cirurgia. Acreditamos até o último momento que o milagre iria acontecer e cada etapa que ela vencia, era uma injeção de ânimo para todos nós.

Carol e Liz, amor que não se mede. (Arquivo pessoal)

A Liz é filha da minha prima Caroline, uma garota por quem tenho um carinho enorme e amo muito. Ela se casou em janeiro de 2016 e eu fui madrinha de seu casamento. Carol nasceu e se criou em Cipó - Bahia, logo depois do casamento, o casal decidiu mudar o rumo de suas vidas e se mudaram para Foz do Iguaçu - Paraná.

Essa decisão assustou e preocupou bastante, pois era uma atitude drástica da menina que nunca saiu do interior. A grande surpresa foi que ela estava decidida e em nenhum momento demonstrou fraquejar na decisão. Eles mudaram, ela concluiu a graduação em Serviço Social e demonstrou sim, ser capaz de tomar as rédeas de sua própria vida.

Voltando a falar sobre a princesa Liz... Lembro, quando fui ver Carol no aeroporto de Salvador, em setembro de 2019, ela passou uns dias em Cipó e já estava indo embora, a encontrei chorosa e quando a abracei, perguntei o motivo do choro, ela respondeu imediatamente: “Saudade do meu sobrinho!”, tinha conhecido seu primeiro e único sobrinho naquela viagem.

O encontro foi rápido, mas deu tempo dela me contar o quanto estava feliz e radiante por ser tia. Perguntei se ela estava com vontade de ser mãe também. A resposta foi: “Não! Agora, pretendo começar em um trabalho novo e organizar algumas coisas na minha vida, antes de pensar em filho.” Incentivei a seguir com esses planos e disse que o desejo materno iria surgir no momento certo.

Carol foi embora e alguns dias depois me chamou no whatsapp: “Prima! Lembra daquela nossa conversa no aeroporto? Então... Eu já estava grávida e não sabia.” Ela disse que a gravidez não foi planejada, mas que a criança já era muito amada e que, se Deus mandou, Ele garante. Eu custei acreditar, mas parabenizei e disse que o bebê seria muito bem-vindo. Não imaginávamos o que estava por vir.

Carol sempre foi uma garota meiga e doce, além de ter muita fé e confiança em Deus. Apesar de estar longe de toda a família, sua gravidez foi “tranquila” e ela preparou cada detalhe com muito carinho. Quando descobriu o sexo, a felicidade se completou, pois desejava mesmo uma menininha. Eu acompanhava e apoiava de longe, todos os preparativos para a chegada da Liz.

De repente, o sonho lindo pareceu se transformar em pesadelo e minha prima sofreu muito durante o trabalho de parto e o próprio parto. Depois de passar por momentos terríveis e sofrer durante três dias para dar à luz, ela teve que se submeter a uma cesariana de emergência.

A Liz passou do tempo de nascer, o que agravou muito o seu estado de saúde. Ela chegou ao mundo com bradicardia fetal, precisando urgente de manobras de reanimação, sendo encaminhada imediatamente para a UTI Neonatal. No decorrer do tempo, passou por oito cirurgias e parecia se agarrar com toda força à vida, contrariando todo e qualquer pensamento negativo. Foi uma luta tremenda pela vida da pequena.

A força que Carol demonstrava ter, me deixava completamente perplexa e ao mesmo tempo, orgulhosa. Ela sempre dizia: “É Deus quem me dá forças.” Aquela menina que parecia tão frágil, virou uma fortaleza e não desgrudou da filha, um só instante. Ela sofria, a gente sabia que ela estava sofrendo e sofríamos com ela, mas nunca ouvi uma só lamentação de sua boca.

Foram seis meses lutando pela vida da Liz, internações em Foz do Iguaçu-PR e em Curitiba-PR e ainda foi diagnosticada tardiamente com a Síndrome de Hipoperistalse Intestinal com Micro-cólon e Megacistis, sendo então, desenganada pelos médicos e resistiu, até onde deu. E como sofreu, essa criança!

Era um sofrimento sem fim. Queríamos tanto um milagre, mas Deus não quis e resolveu colher para si, o nosso anjinho. Hoje a nossa estrelinha brilha lá no céu e nós estamos aqui, doídos com a sua partida. A mamãe, o papai, os avós, os tios, estamos todos arrasados.

Eu não consigo aceitar com naturalidade, a morte de uma criança. Uma vida inteirinha pela frente, tantas oportunidades a serem vividas, um livro em branco pronto para ser escrito, uma história cheia de esperança, se perder assim. Não é fácil entender que Deus fez segundo a vontade dEle, que Ele sabe de todas as coisas e só Ele pode confortar essa dor que sufoca.

A cantora Eyshila compôs uma música intitulada “O Milagre Sou Eu”, também num momento de dor, quando perdeu seu filho. Essa música não sai da minha cabeça e eu choro só de lembrar os versos dessa canção. Tento me convencer de que, já que o milagre que desejamos tanto, que seria a cura da Liz, não aconteceu, o milagre então, é a Carol.

Hoje não somos capazes de compreender o porquê isso ocorreu, porque Carol teve que passar por tudo isso, mas alguma lição teremos que tirar de toda essa dor e sofrimento. Por ora, com as lágrimas rolando em meu rosto, tento repetir sem cessar, o trecho de uma música que diz: “Deus me deu, Deus tomou, Bendito seja o nome do Senhor!”

Esse texto é um desabafo para mim e uma singela homenagem à nossa eterna Liz e também à Carol – O milagre é você, prima! Eu aprendi tanto com vocês. “Que o tempo seja capaz de transformar a dor da perda em saudade serena e que acalme o coração, em vez de fazer sofrer.”

@marciamacedostos

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Mulher de 30

Já falei aqui, que fiz o caminho inverso nas conquistas da minha vida, primeiro constituí família, depois decidi correr atrás de estudar e me estabelecer profissionalmente. Não é surpresa alguma, que eu já passei dos 30 anos de idade, mas engana-se quem pensa que eu me envergonho disso, ou que me sinto menos capaz por causa da idade. É fato que ultrapassar essa faixa me trouxe diversas inquietudes e é sobre isso que desejo falar. 

"Decifra-me, mas não me conclua..." Clarice Lispector (Arquivo pessoal)

Sou uma balzaquiana e é claro que ultrapassar os 30 anos, traz inúmeras mudanças na vida, que se não forem trabalhadas da forma correta, podem se transformar em inseguranças. É como diz uma música da Sandy: “Sou jovem pra ser velha e velha pra ser jovem”, e é isso mesmo, essa idade pode ser considerada como um divisor de águas na vida de qualquer pessoa, na vida de uma mulher então, provoca um tsunami.

Quando somos mais jovens, acreditamos ter a vida inteira pela frente e por isso nos permitimos viver muitas vezes de forma irresponsável, sem pensar nas consequências de nossos atos, ou então, agimos como se não houvesse amanhã. Depois dos 30 anos, parece que adquirimos mais consciência para ser responsável e temos pressa de atingir tudo aquilo que ainda não conseguimos alcançar.

Citando novamente aquela música da Sandy: “Tenho sonhos adolescentes, mas as costas doem”, é bem assim que me sinto desde que passei dos 30. Existem muitas coisas que desejo realizar e tenho pressa para isso, mas ao mesmo tempo, sinto uma sensação de medo de não conseguir alcançar os meus objetivos e muitas vezes tenho momentos nostálgicos, com saudade daquilo que não vivi. É muito louco isso, eu sei.

Na minha vida, quando estava na carreira dos 20 anos, tudo era muito simples de pensar e resolver. Atualmente, eu penso e reflito mil vezes antes de tomar uma decisão, pensando em todas as alternativas e possibilidades, para não errar. Não há mais tempo para se iludir com nada, nem com ninguém. Somos autênticas e já temos independência e personalidade formadas.

Depois dos 30, além de nos tornarmos mais responsáveis, deixamos de nos preocupar com o que as outras pessoas pensam sobre nós, apesar de quê, nem tudo são flores. Muitas vezes, a gente se pega insatisfeita com o corpo, ou com receio de parecer ridícula, entre outras situações, mas com certeza, somos mulheres fortes que não se abalam por pouca coisa, decididas e determinadas também.

A minha vida tá longe de ser perfeita, aliás, essa perfeição nem existe. Ainda tenho vários objetivos para alcançar, mas tenho muito orgulho da mulher que sou hoje. Passei por tantas coisas ruins, tantos problemas inesperados, mas estou viva e saudável, sigo firme e forte, sou muito grata a Deus por isso. Eu confesso que gosto muito mais da minha versão atual, do que da adolescente sonhadora e da jovem impressionada que fui um dia.

É isso mulheres, não se abalem por perceber que já não possuem mais, aquele “famoso” frescor da juventude. Saibam que, em lugar disso, somos pessoas reais e conscientes de todas as nossas qualidades, que não são poucas. Ser uma pessoa mais experiente e vivida tem lá as suas vantagens, ninguém pode enganar e muito menos subestimar ou menosprezar. Somos capazes de transpor qualquer barreira e não aceitamos menos do que merecemos. Cuidem-se!

@marciamacedostos

terça-feira, 29 de setembro de 2020

A vida por um fio

Era só mais um dia de trabalho, como tantos outros. Muitas vezes ligamos o botão automático e passamos a agir de forma involuntária. Isso não é bom, porque a vida é intensa e ela exige de nós, atitude e ação. A vida é igual uma peça de teatro e não permite ensaios. 

A paixão por duas rodas, é coisa de família. (Arquivo pessoal)

Naquele que chamo de dia D, o dia em que experimentei pela primeira vez, aquela que acredito ser a pior sensação da vida, que é ver a morte passar diante de nós. Era dia 02 de agosto de 2019, uma sexta-feira de clima ameno e eu seguia para o trabalho normalmente, estava de motocicleta, uma paixão antiga, amo a locomoção sob duas rodas.

Quando o vento bate forte e deixa o corpo leve como uma pluma, fico fascinada e me apaixono ainda mais pela motocicleta. Seguia pela famosa Avenida Paralela, uma importante via urbana da capital baiana, inaugurada há mais de quatro décadas. A Paralela tem fluxo intenso durante todo o dia, riscos e perigos são constantes.

Tenho consciência dos riscos do trânsito de uma cidade como Salvador - BA e procuro dirigir com total responsabilidade. Para um motoqueiro, os riscos são bem maiores, infelizmente não existe gentileza no trânsito e na maioria das vezes, somos considerados culpados em casos de acidentes.

Naquele dia o fluxo estava intenso, porém fluindo, coisa que não é muito comum, em se tratando da Avenida Paralela. O meu trajeto até o trabalho era relativamente curto e costumava ser tranquilo, mas, acidentes sempre podem acontecer. Moto é o veículo que mais mata no Brasil.

Ao tentar uma ultrapassagem, uma carrocinha puxada por uma caminhonete me atingiu e me jogou contra um outro carro, tudo foi muito rápido e numa fração de segundos, tive a minha vida por um fio. Nesse momento a gente sempre pensa que vai morrer, é inevitável.

Nessa situação, um turbilhão de coisas passa pela mente e não é possível estabelecer uma conexão entre os pensamentos. Eu rodei na pista e caí com a moto por cima de mim. Tudo é instantâneo e só dá para gritar por socorro e chamar por Deus, pelo menos no meu caso, que fiquei consciente o tempo todo e acredito em Deus.

Deus! Acredito mesmo que Ele me livrou da morte. Testemunhas do acidente disseram que foi por pouco, não ter sido atropelada, um carro chegou a passar por cima da minha perna e um outro motorista pisou rápido no freio, quando a minha cabeça e os meus braços já estavam debaixo do carro dele. Por isso que afirmo: a minha vida, realmente esteve por um fio.

O socorro demorou a chegar e eu fiquei desesperada, chorava muito, sentia uma forte dor nas costas e queria sair logo dali. Deitada no asfalto, olhava profundamente para o céu, tentando me acalmar. Percebendo que estava viva, comecei a sentir muito medo de ter alguma sequela no corpo, principalmente na coluna, por causa da forte dor que persistiu por meses.

Sentia uma vontade incontrolável de chorar, enquanto os flashes do momento do acidente insistiam em me perturbar, apesar de muitas pessoas tentarem me tranquilizar. Enfim, fui socorrida e após alguns exames de rotina, ficou comprovado que eu estava intacta, as dores eram por causa do impacto da pancada.

Depois das irritações com questões burocráticas como exame de corpo de delito, liberação do veículo e os gastos com seu conserto, a lição que fica é: foi uma experiência horrível, marcante, mas estou viva e só por isso, não dá para reclamar de absolutamente nada, quando ganhamos uma nova oportunidade, uma nova chance para viver.

O lema é: agradecer mais e reclamar menos. Se eu consigo fazer isso sempre? Claro que não. Mas tenho tentado melhorar esse comportamento e quando me sinto insuportável e isso acontece muito, procuro lembrar do acidente e ressignificar a insatisfação. Não é fácil, o exercício é diário, mas é humanamente possível. 

@marciamacedostos

terça-feira, 22 de setembro de 2020

A Pandemia e o novo normal

Estamos assustados com a configuração desses novos tempos, uns acreditam no poder letal da COVID-19, outros não acreditam na doença, uns levam a vida normalmente como se nada estivesse acontecendo, outros estão ficando pilhados com os acontecimentos. O fato é que, para muitos de nós, essa é uma novidade assustadora, nunca vivemos algo parecido, com aulas suspensas, comércio fechado, lockdown, uso obrigatório de máscaras e banhos de álcool em gel.

Primeiro passeio, após seis meses de isolamento social. (Arquivo pessoal)

Se fossemos avisados que em 2020 iríamos viver essa loucura, certamente não acreditaríamos, as vezes tenho a impressão de que o primeiro semestre foi totalmente perdido. 2019 não foi um ano fácil, me recordo das inúmeras brincadeiras que circulavam nas redes sociais, as pessoas desejavam que aquele ano acabasse logo, por causa de tantas tragédias que ocorreram. 

O rompimento da barragem de Brumadinho – Minas Gerais, o incêndio no centro de treinamento do Flamengo no Rio de Janeiro - RJ, o massacre em uma escola estadual de Suzano – São Paulo, foram só algumas tragédias terríveis que aconteceram em 2019, no Brasil. Por isso, desejamos tanto romper aquele fatídico ano e começar tudo novamente. Mal sabíamos o que estava por vir.

Em 1º de dezembro de 2019 a COVID-19, doença respiratória aguda causada pelo Coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-COV-2), foi identificada pela primeira vez na China, sendo que o primeiro caso foi reportado em 31 de dezembro do mesmo ano.

Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o surto da doença causada pelo novo Coronavírus, constituía uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional e em 11 de março de 2020, a Covid-19 foi caracterizada pela OMS como uma Pandemia, diante de sua ampla expansão. Uma Pandemia é definida quando ocorre um grande número de Epidemias em várias regiões do planeta. Trata-se do pior cenário infectológico que existe.

No Brasil, o primeiro caso da doença foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020 e de lá para cá a situação se agravou muito. Atualmente, o país possui mais de 38 milhões de casos confirmados e mais de 713 mil mortes pela COVID-19. No mundo inteiro são mais de 695 milhões de casos confirmados e já ultrapassamos a marca de 6 milhões de mortos por causa da doença. É assustador!

Agora vivemos nessa incerteza do amanhã, não sabemos como será o futuro e até quando viveremos dias tão sombrios. Meses depois que toda essa loucura começou, ainda nos encontramos perdidos em meio a tantas perdas, não são apenas números, são inumeráveis, são milhares de vidas ausentes, inúmeras famílias dilaceradas por essa dor. Não pode haver velório, nem homenagear e muito menos se despedir de uma forma justa e digna dos seus parentes queridos. Isso dói!

É difícil achar uma pessoa que não saiba de alguém, um parente, um amigo ou um conhecido que tenha perdido a batalha contra essa terrível doença, eu sei de várias pessoas. O meu maior desejo no decorrer desse ano, é que possamos sair dessa triste e lamentável situação, seres humanos melhores, mais justos, que consigamos aprender a exercer, cada vez mais, a empatia e o respeito ao próximo.

Me considero uma pessoa realista, gostaria muito de ser otimista, mas não consigo. Confesso que, pelo que vejo em meu dia a dia e diariamente nos noticiários, fico desanimada com tantas pessoas usando de má fé, se utilizando de vários artifícios escusos para se dar bem. Sinceramente!? Tenho medo do que está por vir e me preocupo com o futuro de meu filho e de meus sobrinhos.

Claro que devemos nos apegar aos modelos positivos, nos vários exemplos de amor, carinho, empatia, solidariedade e respeito que existem por aí. Devemos colocar uma lente de aumento nessas características positivas e multiplicar o bem, fazendo a nossa parte, aumentando essa corrente.

Não sabemos até quando viveremos esse caos, acredito que nada será como antes, fato é que, sempre existe algo de bom, que podemos fazer para melhorar o dia e a vida da gente e do outro. Vamos focar nisso? Uma andorinha só não faz verão, mas uma revoada delas, é capaz de romper qualquer barreira.

@marciamacedostos

sábado, 19 de setembro de 2020

Flor de Cacto

As flores de cactos são vistosas e fortes, simbolizam a perseverança e a firmeza. (Reprodução internet)

O Blog Flor de Cacto é um sonho antigo que está se tornando realidade. Eu sempre gostei de escrever, tive vários diários no decorrer da infância e da adolescência e sempre tirei boas notas em redação. A ideia do blog surgiu quando entrei na graduação de Comunicação Social e Jornalismo, alguns orientadores diziam que tínhamos que comunicar e nos expressar de alguma forma, porque quem não é visto, não é lembrado.

Aquilo sempre ficou na minha mente, mas eu confesso que procrastinei bastante, algumas vezes ensaiei começar e muitas vezes achei que era só um sonho sem importância. Mas prevaleceu o desejo de contar meus pensamentos, sentimentos e perspectivas, as experiências do dia a dia e os acontecimentos da vida real. Agora estou aqui, apostando e dando o melhor de mim, fazendo algo que sempre fiz nos bastidores da minha vida.

Eu não pretendo impor as minhas ideias e nem promover polêmicas, o meu desejo é proporcionar o diálogo, a troca de experiências, ter um contato próximo com pessoas que de alguma forma se identifiquem comigo. A ideia estava clara e faltava então, batizar o projeto e olha que não foi fácil, pois queria um nome que fosse impactante e que me representasse de alguma forma, ele teria que tocar fundo no meu coração.

Foi um processo lento, pesquisei bastante, fiz uma lista grande de todos os nomes que vinham na mente e eu gostava, mas nada batia forte, nem me fazia sentir sua força. Os dias foram passando e eis que de repente, eu estava pronunciando alguns nomes aleatórios e os nomes de algumas flores, para sentir a sonoridade e tal, daí surgiu “Flor de Cacto”. Admito, bateu diferente em mim.

Parei aí, a conexão foi imediata, eu queria um nome marcante e que me representasse de alguma maneira, a flor de cacto caiu como uma luva. Ela é inspiradora e notável, nasce em condições extremas, é vistosa e muito forte. Cactos são plantas adaptadas à vida em ambientes áridos, características comuns em boa parte do Nordeste Brasileiro, apresentam cores, formatos e tamanhos diferentes, além de estratégias de sobrevivência.

O filósofo grego Theophrastus, considerado o Pai da Botânica, encontrou uma planta cheia de espinhos e resolveu chamar de Kaktos, que faz parte da família Cactaceae. As estruturas vegetais dos cactos são modificadas, para poder armazenar água e também para evitar a perda de água por intermédio da transpiração, por causa disso, não possuem folhas e sim espinhos. Além de diminuir a superfície de evaporação, suas estruturas a protegem do ataque de predadores herbívoros.

Para que a flor de cacto possa florescer, precisa haver condições específicas, necessita de pouca água e de iluminação intensa. Ela é muito comum e combina com o meu Nordeste, uma região linda, quente, de pessoas fortes, batalhadoras e resistentes, que enfrentam qualquer desafio para sobreviver, como a seca e muitas disparidades socioeconômicas.

Eu não me considero uma mulher doce e meiga, sou firme, corajosa, determinada e balanço mas não caio, assim como a flor de cacto que além de bela, é forte, resistente e capaz de sobreviver em meio a muitos desafios. Por isso escolhi esse nome para o meu blog, acredito que represente muito bem, tanto à mim quanto a Região Nordeste. Espero que gostem, interajam e que possamos ter várias trocas positivas por aqui.

@marciamacedostos

Velha não, experiente!

Muito tempo sem postar por aqui e nesse período muita coisa aconteceu, algumas boas outras ruins, nada fora do normal, são apenas as conseq...