Amamentar é uma das coisas mais sublimes que existem na vida, mas não é uma experiência fácil para todas as mulheres. Uma crítica da atriz Luana Piovani (45 anos) a uma foto da também atriz Thaila Ayala (35 anos) amamentando seu neném recém-nascido causou burburinho na internet. Na foto, Thaila aparece linda e plena, bem arrumada e produzida no meio de um trabalho, com o corpo em forma, dando mama ao filho de 15 dias de vida, em pé e segurando apenas com uma mão. A fotografia é perfeita, não parece que tinha dado a luz há tão pouquinho tempo e na legenda ela diz: ‘AMA*MENTAR’.
Luana
descreveu a imagem numa entrevista e declarou: “Amamentar não é tomar milk
shake!” Segundo ela, aquela imagem emite uma ideia errada sobre o processo de
amamentação. Ela disse que a realidade está muito longe disso e que aquilo pode
acentuar a percepção de que amamentar é algo simples, ou seja, pode reforçar a
romantização da amamentação e da maternidade como um todo. A atriz ainda
questionou sobre: as dores nos ombros e na lombar, o bico do peito rachado, o
bebê que não pega o peito direito, a mãe que não produz leite suficiente e
quando precisa amamentar mesmo exausta. É uma loucura - declarou.
Jamais
devemos julgar ninguém. Vi os relatos de todo sofrimento que a Thayla passou no
decorrer da gestação, é direito dela se mostrar como quiser, nesse momento tão pessoal,
mas, os questionamentos de Luana fazem total sentido, pois maternar nunca foi
fácil e devemos atentar para o que estamos transmitindo. Não podemos nos comparar
aos outros, “cada um no seu canto sofre o seu tanto”, cada história de vida é
única e com suas próprias individualidades. A minha experiência com a gravidez,
o parto, o puerpério, a amamentação e a relação com as mudanças do corpo,
pontos positivos e negativos, só pertencem a mim, não adianta relacionar.
Eu
não consegui amamentar e com dois meses de vida, meu filho ficou muito doente e
teve uma ama de leite. Na época, isso me fez questionar sobre minha capacidade de
ser mãe e me causou sofrimento. A mãe é sempre contestada naquilo que faz ou
que não faz, com isso, colocam sua autoestima a prova em todo momento e assim podem
fazer aflorar sentimentos como angústia, ansiedade, culpa e frustração. A gente
não nasce sabendo ser mãe, nem amamentar, mas com o tempo as coisas se ajustam,
aprendemos a afastar os palpites, ganhamos confiança e fazemos do jeito que
achamos que deve ser feito. O instinto materno fala mais alto.
Romantizar
a maternidade não ajuda em nada as mulheres, a fase de adaptação com um
recém-nascido é difícil para todo mundo. Cansaço excessivo, noites sem dormir,
olheiras profundas, peito rachado, roupas folgadas e cabelo bagunçado fazem
parte do processo, mas do lado de fora o que mais se vê são críticas, desprezo
e até abominação. Infelizmente, vivemos numa sociedade machista e o pior é que esse
machismo é endossado e praticado pelas próprias mulheres. É necessário
desconstruir a concepção de que a maternidade é só para mulheres, os parceiros
devem se comprometer mais com as obrigações na criação e educação dos filhos.
Com sinceridade, ser mãe é maravilhoso, mas tem muitos desconfortos, medos e desafios, e para aliviar todo esse turbilhão é preciso superar o machismo. Maternar é uma maratona com situações cansativas e doloridas, tanto quanto prazerosas, mas também é amar incondicionalmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda amamentar de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida do bebê e a partir daí fazer a introdução alimentar, dando continuidade ao aleitamento materno até os dois anos de idade ou mais. Vamos ser mais compreensivos e se não atrapalhar já ajuda bastante.
Excelente texto! Muito bem pontuado tudo que descreveu. Maternar não é nada fácil, mas muita gente romantiza esse processo desprezando toda dor, sofrimento, angústia e medos que envolvem a maternidade. Amamentação por exemplo é um ato de amor, porém muitas mães sofrem caladas por não terem apoio de ninguém. O mundo seria muito melhor se ao invés de tantos julgamentos, houvesse mais empatia.
ResponderExcluirSuas pontuações foram cirúrgicas. Julgamentos e acusações não fazem bem a ninguém. É necessário se colocar no lugar do outro e praticar a empatia.
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