Receber essa notícia era o que mais temia toda a família, sabíamos que poderia acontecer a qualquer momento, pelo estado de saúde melindroso e debilitado que dona Teinha se encontrava. Confesso que não estávamos preparados para perdê-la, não é fácil, mas decidiu Deus recolher a minha vó materna em 22 de fevereiro de 2022 logo pela manhã, bem cedinho. Quando todos pensavam que ela partiria em meio a uma crise, correria para o socorro e muito sofrimento, ela passou a noite relativamente bem, acordou falante e com sede, se alimentou, pediu que uma das filhas ficasse com ela e quando duas filhas faziam seus cuidados matinais, ela citou alguns nomes de familiares, abençoou todo mundo, deu seu último suspiro e serena partiu, em paz.
Dona Teinha era uma mulher forte, corajosa, bondosa e resignada, cuidava de todos, filhos, netos e agregados, com muita dedicação. Lembro-me das inúmeras férias que passei com ela, a casa sempre cheia e mesmo com poucos recursos, ela conseguia dar conta de tudo com maestria, uma verdadeira representante da mulher nordestina, que nunca desiste. Quando jovem, minha avó era uma mulher ativa, enérgica e dinâmica, mas com o passar do tempo ela foi enfrentando vários problemas sérios de saúde e por vezes me perguntei como ela suportava tanta dor e já no fim da vida, a gente sofria ao contemplar tanto sofrimento naquela mulher que definhava cada dia mais. Mas, não lhe faltaram zelo, cuidados e tratamentos, na tentativa de amenizar aquele padecimento.
Vó faleceu aos 81 anos de idade, casada com o senhor Francisco há 62 anos, dessa união nasceram 14 filhos (01 in memoriam), 38 netos (01 in memoriam), 26 bisnetos (01 in memoriam) e vem chegando mais por aí. A prole de dona Teinha e sr. Chico é grande! Como ela era uma esposa dedicada! Sempre preocupada com meu avô, o amava incondicionalmente. Mulher sábia e virtuosa! Durante a despedida, todos concordaram que, parecia que vó estava se despedindo de cada um e comigo não foi diferente. No dia 07 de fevereiro fui visitar meus avós e a encontrei falante e sorridente, eu disse para ela que sentia saudade de sua comida, do macarrão frito e do ovo com tempero que ela fazia como ninguém e que despertam em mim, muitas memórias afetivas.
Naquele
dia, enquanto eu conversava com uma das tias, ela interrompeu e me fez um
pedido inusitado: “Márcia, você não vai tirar foto?” Eu: “A sra. quer foto, vó?
Vamos tirar sim.” Ela: “Quero uma foto sua, que está bonita.” Eu: “Não, vamos
tirar foto juntas.”... E tiramos a foto. Hoje sei que essa foi a nossa
despedida e que bom que pude ter esse momento com ela, vou lembrar e guardar
para sempre em minha memória e no meu coração. Graças a Deus, eu tive a
oportunidade de vê-la e tomar a bênção, uma semana antes da sua partida, 12 de
fevereiro foi o último dia que a vi com vida. Tenho uma vida inteira de boas
recordações da minha vó, são preciosas lembranças que ficarão em mim
eternizadas.
Amo demais essa veinha, digo que amo no tempo presente, porque ela continua viva dentro de mim. Vó Teinha era uma referência para todos nós, honesta e digna, merecia nosso respeito, consideração e reverência, era muito querida e amava cantar, e cantou até o fim da vida. Enquanto escrevo esse texto, choro e lembro-me dela cantando, louvando a Deus, eu gostava de acompanhar, ela pedia para gente cantar com ela e para ela. Uma mulher de fé que amava Jesus Cristo. A saudade aperta tanto que chega doer, mas nós entendemos que ela está descansando nos braços do Pai e está livre de todo sofrimento terreno. Nós não sabemos lidar com a perda das pessoas que amamos, vamos ter que aprender, vivendo e sentindo a enorme falta que ela já nos faz.
A nossa matriarca deixa um legado de muita resiliência, um exemplo de mulher. Tomara que tenhamos aprendido pelo menos um pouquinho com a ilustre mulher que ela foi. A despedida dela foi linda, muita gente foi dar um último adeus e tenho certeza que isso aconteceu porque ela era muito querida por todos. Dizem que vó é mãe duas vezes e dona Teinha com certeza, foi uma segunda mãe para mim e até pro meu filho que a chamava carinhosamente de “Bisa”, ela gostava de ser chamada assim. Peço a Deus que console e conforte os corações enlutados da minha mãe, do vô Chico, das tias e dos tios, netos(as) e bisnetos(as), genros e noras. Que o Senhor nos ajude a suportar a saudade que só cresce dentro de nós.
Deixo aqui registrado a minha singela homenagem à nossa eterna DONA TEINHA. Que o
tempo seja capaz de transformar a dor da perda em saudade serena e que acalme os
corações, em vez de fazer sofrer. “Combateu o bom combate, completou a
carreira, guardou a fé e agora descansa nos braços do Pai.”
AURISTELA PETRONILA DE
JESUS
(26/10/1940
– 22/02/2022)
Cipó - Bahia
Que lindo texto! Bela homenagem. Vó Teinha vai deixar saudades!
ResponderExcluirTambém lembro do macarrão gostoso que só ela sabia fazer. Descanse em paz minha vó.
A falta dela faz um barulho ensurdecedor. É muita saudade!
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